As Novas Cores da Feira



Não gostaria de dizer, mas só mesmo uma Copa do Mundo para mudar o ritmo dessa cidade tão conservadora e tantas vezes monótona. Apesar dessa já ser a minha quinta Copa do Mundo, e todas passada aqui, nunca tinha reparado o quanto o ritmo de Feira de Santana muda nesse período futebolístico. A cidade inteira veste novas cores, os tons verde, amarelo e azul tomam as ruas – as bandeirolas juninas são pintadas –, o colorido das roupas muda, a moda agora é vestir “as cores do Brasil”, as crianças buscam desesperadamente as figurinhas para completarem o seu “álbum da Copa”, lotando as bancas de revistas nos fins de semana. As pessoas parecem ganhar um novo gás, afinal, mais um motivo para socializar.


Percebo, porém, que esta repercussão global da Copa do Mundo só acontece na Feira por essa ser uma cidade tradicionalista e, assim como as festas juninas são tradições culturais que acontecem anualmente, a Copa do Mundo é também uma tradição, um ritual que ocorre a cada quatro anos. Essa distância temporal entre cada uma delas, entre cada Copa, é que nos causa a ilusão de que não é um rito e sim uma pequena mudança no ritmo da nossa cidade - equívoco! Além disso, é uma imposição cultural. Gosto de verde, não sou fã de amarelo, mas gosto dessas combinações, gosto um pouco de futebol, apesar de não achar tão importante e excessiva a adoração a esse esporte, mas sei que inúmeros brasileiros e feirenses não são adeptos ao futebol e que são oprimidos por ter que suportar a barulheira religiosa de toda a cidade que se ufana do futebol brasileiro, assim como quem não gosta de Axé Music ou Pagode e tem que ouvir o som do carro do vizinho o domingo inteiro. Enfim, a imposição cultural é algo presente no Brasil, e temos que nos conscientizar de que não é algo sensato e que devemos respeitar o espaço do outro, já a Copa do Mundo, mesmo sendo uma imposição cultural que se manifesta em todo o país e conseqüentemente em Feira de Santana, tem uma vantagem, traz uma oportunidade de socialização para os feirenses, já que é o assunto da vez, todos podem conversar sobre ele, seja de modo positivo ou negativo, mas sinto novamente dizer, ainda é algo que une os brasileiros de algum modo.

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