O último batuque


Quem foi ao carnaval de Olinda com certeza ficou maravilhado com a diversidade e a ausência de censura, e não é muito diferente em Recife, onde aconteceu uma variedade de shows para todos os gostos musicais, inclusive o que seria o último show do Cordel do Fogo Encantado

Se com um mínimo batuque um público apaixonado já se agita, imagine quando surge a aparição sempre marcante de Lirinha. O público foi ao delírio, como se cada um ali presente estivesse queimando com o encanto emanado pela poesia em meio os baques dos tambores.

Habitar no centro de Feira de Santana tem suas vantagens


Gostaria de apresentar para vocês um pouco do que penso e sinto por morar no centro de Feira de Santana. Mas antes gostaria de fazer a ressalva de que não morei sempre aqui, já morei também num outro bairro mais afastado. O que me faz ainda mais querer falar sobre “o centro”. Não é nenhum texto inovador, nem traz algo chocante. É apenas o meu olhar acerca do lugar onde moro sem muitas especificidades.

Diferente dos outros bairros, o centro de Feira não tem um perfil social bem definido. Diariamente o centro da cidade recebe pessoas de todos os bairros e também de outras cidades, fazendo andar pelas mesmas calçadas pessoas de todas as classes e grupos sociais. Apesar de ser composto em sua maior parte pelo comércio, lojas, feiras e mercados, ainda existe no centro muitas residências, geralmente da classe média (as classes média-alta e alta moram nos condomínios). Mas é constante a presença de pedintes, mendigos e crianças carentes que tentam chamar a atenção de quem passa, para notar a sua pobre existência em frente aos sinais onde param carros luxuosos e em meio às lojas da “nova aristocracia” que servem ao sistema de consumo o qual as pessoas alimentam. Mas essa disparidade também é notável quando passamos pela Avenida Senhor dos Passos, com todas aquelas belas lojas e atrás dela temos a “Feirinha do Lambe-lambe”, com os pobres feirantes que ali ganham o seu pão de cada dia. E essa mesma situação se repete com as lojas e os camelôs da Rua Sales Barbosa, e na Avenida Marechal Deodoro.

Todo carnaval tem seu fim, e porque não?

| por Paulo Moraes |


Nas próximas semanas, saberemos a partir de sujeitos como foram suas experiências nos três maiores Carnavais do nosso Brasil; Salvador, Recife/Olinda e Rio de Janeiro.

Aqui não virão propagandas de qual é o melhor Carnaval do Brasil, isso não é possível. Veremos experiências distintas, em locais distintos e mesmo que a época seja a mesma em momentos distintos.

Até breve e espero que todos tenham tido um bom carnaval, se não relaxem, pois ano que vem tem mais.

Ali Babá e os 70 ladrões

A cocaína não surgiu logo de cara como uma substância considerada nociva ao homem. Primeiro porque é derivada da Coca, uma planta que tem suas folhas consumidas até hoje em forma de chá e/ou mastigada pelos nativos de países da América do Sul, como Peru e Bolívia, tendo um efeito muito menor do que a cocaína sintetizada em laboratório. 

Universo Paralello 10

| por Uyatã Rayra |



Uma semana transpsidental! Este é o adjetivo que julgo ser o mais adequado para definir a minha segunda experiência no maior festival de cultura alternativa do Brasil: Universo Paralello.

Ao atravessar a linha fronteiriça que separa o festival do resto do mundo é necessário despir-se de qualquer resquício de convencionalismo medíocre. Um pouso em outra dimensão terrena, e a ânsia de cerrar os olhos físicos para engendrar o despertar de uma nova visão: Expansão Mental. É isso mesmo que lhes descrevo! Toda exacerbação presente na minha descrição é ínfima perante a abundância sinestésica que houve naquele espaço.

Os Leões Indomáveis: o futebol em estado de graça





| por Paulo Moraes |

À Deus que a partir da data de hoje
é estudante de Economia da UEFS.


Quem tinha entre oito e dez anos ou mais no ano de 1990 saberá o porque de torcer pela seleção do Camarões. Situada na costa atlântica do continente Africano (isso mesmo: a África é um continente cheio de diversidade e não um país uno), Camarões apareceu para mim quando eu tinha oito anos no dia oito de junho de 1990. Era um dia mágico para um sempre apaixonado por futebol (nesta época muito mais me importava quem seria o campeão baiano de Junior que aquela menina bonita a quem sentia uma paixão platônica): era o Jogo de estréia da minha primeira Copa do Mundo. Nasci em 1981 e antes desta Copa ocorreram duas Copas 1982 na Espanha e 1986 no México, mas minha primeira Copa foi a da Itália em 1990.

A va tar: pelas alamedas do mesmo



Gritos e sussurros, a arte cinematográfica agoniza nas telas frias e discretamente burguesas de Avatar. Vazio em seu enredo linear de tramas superficiais e mercadológicas, a pobre arte da película nada traz de acréscimo a beleza da sétima arte. A reprodução de valores morais ianques é explicita em todo seu desenvolvimento narrativo e descritivo. Nada escapa a pobreza artística e a abordagem dual da realidade das maus tratadas cenas de Avatar, desde sua abordagem conceitual do discurso ambiental - vomitando sua colorida natureza intocada, aos seus conceitos de diversidade e desenvolvimento humano vistos sobre a ótica monoclonal das lunetas cartesianas dos idos da colonia imperial. Ate seus ricos efeitos especiais, a la Hollywood, assombraram a sua pobreza criativa ao longo da borrasca intempestiva de seus defeitos artístico. Em fim, mais essa grande produção, conservando a já tradicional etnologia da grande mídia, criando seus romanos heróis solitários, belicosos e cheios de compaixão. E como bradou loucamente o lúcido diretor baiano Glauber Rocha - "Sem linguagem nova não há realidade nova."

Alexandre Amadeu é estudante de Biologia e servidor da UEFS.

A montanha vai a Maomé



Ultimamente tenho pensado bastante em algo que há muito não pensava, acredito que todos que agora lêem este texto já pararam pelo menos uma vez para pensar no que existe além deste confortável e complexo planeta que habitamos. Cometas, meteoros, estrelas, buracos negros, astros gigantes, aquela velha história de que somos um grão de areia ante a imensidão do universo. Tudo isso funde nossa cuca, e olhe que nem vou apelar para as viagens da ufologia, fico só na astronomia mesmo, que já tem muito pano pra manga pensar nos milhões de entes giram no espaço distantes anos luz da nossa bola azul. Pois então, sabemos que é azul isso é um fato, um russo, melhor, um soviético nos anos 60, antecipando-se aos ianques na corrida espacial durante a guerra fria, foi o primeiro a nos ver de fora e afirmou “é azul”. Acredito que essa viagem foi um choque, não só para os que estavam presos “na cela de uma cadeia”, mas para todos os que estavam presos pela gravidade em nossa eterna alcova. Depois disso, diversos outros cosmonautas e astronautas partiram em expedições espaciais, a lua já foi visitada, até um brasileiro foi passear fora órbita terrestre e hoje tenente-coronel da FAB, aposentado aos 43 anos, é celebridade nacional (há quem diga que um privilégio merecido, o segundo privilégio). Entretanto, como visitar o espaço ainda é um privilégio que tão cedo não será socializado aos “terráqueos comuns” nos contentamos com Hollywood.

Noite bluseira em Feira de Santana – Segunda parte


O Clube de Patifes, o disco novo e o show


Difícil não pensar no Clube de Patifes quando o tema é a história recente do rock em Feira. Até onde sei, nenhuma banda está aqui a mais tempo em atividade do que eles. E isto não significa simplesmente tocar e compor, mas sobretudo fazer com que as coisas aconteçam em nossa pacata cidade, onde segundo Pablues (um dos melhores nomes que um roqueiro feirense já endossou, sem ironia) as pessoas envelhecem e sobrevivem juntas. “Eu faço a Feira, eu vivo na Feira”. Além de trecho de uma das canções do disco novo, este me parece ser o lema fundamental da banda.

Fenômeno no Twitter comprova importância da banda Los Hermanos



Algum filósofo disse: “Tudo pode ser mais útil do que sua utilidade primeira”. Concordo com esta afirmação e já adianto com um exemplo: o twitter, para além das suas funções já conhecidas, me foi útil para perceber a marca profunda que a banda Los Hermanos deixou no Brasil do final do século XX e início do século XXI. Dê login com seu twitter, vá na caixa de pesquisa e digite “carnaval”. É provável que se assuste: a maioria dos tweets, agora que já acabou o carnaval, possui a seguinte frase no seu conteúdo: “Todo Carnaval tem seu fim”. Como se sabe – não adianta negar, você sabe – essa frase é um verso e também título de uma canção dessa banda hoje mítica. As ocorrências de tweets com essas frases são muitas; algumas poucas da de Chico Buarque (“me guardando para quando o carnaval chegar”), mas nada que assuste. Vejamos alguns exemplos:

denitess: Todo Carnaval Tem Seu Fim (:

Mi_ushida: Todo carnaval tem seu fim...agora sim 2010 pode começar!!!!

emersonnnnnn: o véio....prq todo pobre zé ruela depois do carnaval coloca no nick: "todo carnaval tem seu fim" sejam mais criativosss....... [esse aqui foi mais, digamos, criativo]

lappiwish Ja dizia o barbudo "Todo carnaval tem seu fim" AINDA BEM

bento_magalhaes Getchoo, do Weezer = Todo Carnaval Tem Seu Fim, do Los Hermanos.

FilipeLour Todo carnaval tem seu fim... graças a Deus!

lila_melo RT @marinadebrito: porque todo carnaval tem seu fim? :/

lii_ra todo carnaval tem seu fim ♪ só pq acabou faz tempo e ninguém fez essa piada :( [ninguém???????????????????????]

tainatomaz Frase de msn mais usada no momento : "Todo carnaval tem seu fim..." , so no meu msn tem 5 com essa frase hauahuahauhahauahu

cakes__ Todo carnaval tem seu fim, já diria o grande Camelo.

garritoo Todo carnaval tem seu fim.... todo carnaval tem seu fim, é o fim, é o fiimmmmmm!!!

Noite bluseira em Feira de Santana - Primeira parte


Breve comentário sobre os roqueiros e o 
ambiente rocker em Feira nos últimos 10 anos



Estava sentado ao lado de um amigo de meu irmão, e por tabela meu também, o ilustríssimo William, numa das mesas do bonito Antiquário Pub, assistindo ao show da Valentina, banda soteropolitana que fazia então sua primeira apresentação na cidade. Comentávamos ali sentados como dois sexagenários as mudanças que a “cena” rocker em Feira sofreu nos últimos dez anos. Em certo momento, observei: “é, William, pelo menos hoje em dia uma banda pode facilmente ‘postar’ uma foto na internet, não precisa scannear primeiro... e fora isso, esse Antiquário dá dez a zero no Mc Rei!”. William acrescentou que a sua primeira guitarra fora uma “falsa Tonante”, comprada a época por 50 reais de segunda mão, e hoje em dia possui uma Epiphone SG, ou seja, está mais fácil ter melhores instrumentos, tirar melhores sons. Lembro aqui do primeiro show que fiz com o meu incipiente conjunto de rockabilly, eu tocava uma “Gianninni” modelo jazz master do tempo do meu avô. Tive de fazer o show parado porque caso me movesse demasiado, corria o risco da guitarra falhar em pleno palco. Os fios dos captadores além de oxidados, estavam toscamente presos por fitas isolantes. Embora pareça agora um fato isolado, a questão que essa era a realidade da maioria das bandas em Feira: a escassez completa de recursos. Bateria era artigo raro. A única que a minha banda conseguiu comprar havia pertencido ao Beuzerblues (mítica banda de R&B feirense de meados dos anos noventa), salvo engano era mais velha que a média de idade minha e dos meus amigos.

Condomínios feirenses e o cúmulo do individualismo


A partir de algumas discussões com o profº. Raymundo Luiz, em sala de aula, sobre a cidade de Feira de Santana e sua estrutura física, venho me inquietando com algumas transformações que esta vem sofrendo. Uma delas, citada pelo professor e sobre a qual quero tratar, é a crescente aparição de condomínios nessa cidade.

Para a maioria da população isso pode ser sinônimo de progresso, ou de crescimento; como João Daniel observou, as pessoas costumam dizer que “Feira está crescendo”. Mas, para mim, esse aumento gigantesco no número de condomínios fechados nada mais é do que uma estratégia capitalista que o setor empresarial arrumou para conseguir ganhar dinheiro, oferecendo incontáveis “vantagens” para que as pessoas vivam trancadas em suas mini-cidades, seus mundinhos particulares, tornando cada vez mais difícil a socialização delas com o restante da sociedade.

A Propósito do Intelectual


da Ciência Política...


Breve nota
                 antroposociológica:

  A Propósito do Intelectual
    


A análise de breves dados da arquitetura de nossa sociedade evidencia de sobre maneira as relações de classe em função de um modo de produção excludente, e sem dúvida, opressor de parte dos detentores dos meios de produção em detrimento dos capacitáveis por sua força de trabalho.


Ou seja, o processo quase kafkaneano do gigantesco complexo das estruturas do sistema engendrado em tal ordenação cria uma conjuntura contrária ao recrudescimento das forças das camadas populares urbanas e do campesinato contra toda essa megolamânica ciência que se tornou o capitalismo.

De onde pode surgir Arte?

| por Caio Augusto |

De onde pode surgir Arte? 
Essa é uma pergunta que nos impele a responder: de tudo. Realmente parece ser a resposta mais correta, pois a arte se desdobra por vários elementos para expressar os devaneios individuais e mútuos do ser humano. Coisas que parecem ter somente a utilidade para que foram produzidas, brincam com o olhar e se tornam algo completamente diferente das suas funções originais, na maioria dos casos trazendo até mais vida a suas utilidades.

A seguir, exemplos de obras que exploram o além objeto, que tratam coisas banais como forma de expressão artística, fazendo muito do que já é inútil um belo espetáculo visual.

40 anos

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1970 é recheado de acontecimentos importantes. Foi por exemplo o ano do tri, quando a mais imbatível de todas as equipes canarinho ergueu a taça da copa do México. Nele também os Beatles acabaram e Jimi Hendrix afogou-se em seu próprio vômito.  Durante o ano a Apollo 13 subiu aos céus (e quase não volta) tentando chegar à Lua, sem sucesso. Outras milongas aconteceram, mas busquei aqui dedicar atenção especial ao mês de fevereiro de 1970, quando é lançado Black Sabbath, disco importantíssimo para a história da música popular contemporânea, que nos apresenta ao lendário grupo britânico e à sonoridade que se convencionou chamar posteriormente de Heavy Metal. Alguns atribuem ao Zeppelin, aos Yardbirds ou a outras bandas da época a paternidade do Metal, mas este subgênero da música só vai ser encontrado em todos os seus meandros no disco de estréia do Black Sabbath. Temas ocultistas, vocais angustiantes e um peso desconhecido até então definem as seis faixas do álbum. 

Mafalda me entende

| por Paulo Moraes |




Sou um Mafaldiano! É incrível como essa meiga criança pode ainda explicar o que acontece em nosso tempo. Criada pelo cartunista Quino, Argentino, nos anos de 1960, foi um dos grandes símbolos de resistência à Ditadura Militar Argentina.


Esta menina é de uma genialidade fantástica, filha de um casal da classe média argentina e cercada de amigos muitos especiais. Ela consegue entender o funcionamento do mundo em que está inserida, mas sem perder a ingenuidade de sua idade.

A DOR

| por Uyatã Rayra |

Jordan Eagles - Arte com sangue




A dor é mística e sugere respostas incertas, é nítida e incomoda quem não enxerga...


Um sopro... Fuuuuuuuuuuuuuuuuu....................
            E paira ao vento como pó, e se expande!!
        
E é o sal que enruga o céu,
            E é o sol que não alumeia o sul, e se expande...
        
É devaneio incompreensível, realidade lógica!
           É o delírio que, de tão intenso torna-se anestésico, mas que corrói transparente,
           Se apossa do invisível: alucinógeno vincular,
            Veicular droga pesada = viver = estigma = o que eu quiser que seja = masoquismo.
      
Enquanto alguns vivem para a morte, outros morrem pra viver.


E a dor?????
           Vive pra matar ou mata pra viver?????

Clube de Patifes - show neste sábado

| por Caio Augusto |


Lançado virtualmente no ano passado, o novo álbum da banda Clube de Patifes ganha um show de corpo presente neste sábado. Com um pouco mais de alma, traz um trabalho autoral com uma “fusão simbólica do aboio do vaqueiro com o blues de John Lee Hooker”, nas palavras de Jô Patife, são 15 faixas “entre as dores e os amores”. O lançamento vai contar com as presenças especiais de Don Maths(Dj), Gabriel Ferreira(Percussão) e João Bosco(Piano), além da banda soteropolitana Valentina.

O lançamento será no dia 20 de Fevereiro, às 21:30h, no Antiquário Pub. Os ingressos estão à venda com preços promocionais (R$ 10,00) no Shopping Boulevard. A compra do ingresso dá direito ao novo CD da banda.


End. Antiquário Pub - Rua: General Mendes Pedreira, 202 | Pto. Central - Feira de Santana (75) 3625-0227
Mais informações: (75) 8847-6640


Ideologia revolucionária, revolta e revolução


Pintura corporal por Craig Tracy

“A revolução política radical de nosso tempo é a revolução estudantil, ou melhor, é a revolução dos estudantes e dos intelectuais não-comprometidos. São os estudantes e os intelectuais não-comprometidos o grupo revolucionário por excelência, o meio de cultura de onde poderão germinar a revolução política e a revolução de consciência contra a ordem tecnoburocrática.” Luiz C. Bresser Pereira

Eu acredito no movimento estudantil, pelo menos na eficiência deste no plano das idéias. Infelizmente, tenho me deparado com práticas que me arrastam a uma total descrença no poder revolucionário desses grupos, por perceber, sobretudo, que levam a maioria das vezes a um objetivo totalitário ou totalitarista, esquecendo-se de “lutar” pelo que inicialmente seria o objetivo primordial de sua existência: o bem de todos, ou a democratização de diretrizes que se mostrem mais justas e igualitárias para as pessoas em âmbito acadêmico e extra-acadêmico. O que me assombra é algo que se configura em algo recorrente, pelo menos nos meios nos quais minhas vias de percepção puderam averiguar, é o perigo latente dessas minorias totalitárias, “em nome da liberdade”, assumirem o poder.

Uma homenagem a Edson Machado


Museu de Arte Contemporânea (MAC), localizado na Rua Germiniano Costa.

Esse texto foi escrito há pelo menos um e meio. Foi publicado terceira edição da Revista Única, lugar onde escrevi sobre cultura, educação e política. 

Como as festividades carnavalescas me afastaram um pouco do computador, não tive tempo de escrever algo novo, de modo que retirei do baú essa matéria que ilustra bem a excelente figura de Edson Machado, fotógrafo e diretor do MAC-FSA (Museu de Arte Contemporânea). 

Caso eu venha escrever minhas rasteiras memórias no final da vida sobre Feira, dedicarei pelo menos um capítulo para falar sobre Edson Machado, uma das pessoas que me ajudaram ver em Feira um lugar completamente intrigante e absurdo. Leiam o texto a seguir e me entendam melhor.

O Grito na Cidade


Cópia misteriosa de uma das telas mais significativas do final do século XIX provoca incertezas entre os intelectuais feirenses.

Daria um conto de Julio Cortázar o que se passou com Edson Machado e o nosso Museu de Arte Contemporânea em torno de um quadro doado por um desconhecido no dia 20 de setembro do ano 2007. A tela foi deixada com um funcionário (Edson, o diretor, estava ausente) e apenas uma recomendação foi feita: que ele fosse entregue aos cuidados do responsável pelo museu. Só. Nenhuma informação adicional. O doador misterioso saiu sem deixar rastro. Jamais voltou a procurar o museu - até hoje, quase um ano depois, não se tem uma escassa notícia de quem seja.

No outro dia Edson encontrou o embrulho no canto de sua sala.  Ao abrir, deparou-se com O Grito, obra mais conhecida do norueguês Edvard Munch (1963 – 1944). Qual não foi seu estranhamento, sobretudo por saber que o original fora roubado três anos antes lá no Museu Munch, em Oslo, capital da Noruega. O que ele não sabia, porém, é que o quadro havia sido recuperado pela polícia norueguesa dois anos depois do roubo, em 31 de agosto de 2006.

Edson percebeu que não se tratava de uma cópia qualquer, pois havia algo na parte posterior da tela bastante suspeito. Era um carimbo do mesmo Museu Munch (em norueguês) com o que se especulou que fosse o número de catalogação do quadro. 

À esquerda, na foto, Edson Machado.

Edson, preocupado, mostrou-o a Roberval Pereyr, poeta e professor universitário, relatando a ele as condições misteriosas de como o recebera. Eles convidaram Juraci Dórea, artista plástico e professor de História da Arte (UEFS) e Selma Soares, museóloga e diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), para que os dois, mais entendidos, dessem seus pareceres. “Trouxeram lente, lupa, luva, tudo!”, brincou Edson ao contar o caso. Juraci e Selma perceberam que o tecido da tela era de um tipo de linho de uso raro aqui no Brasil, e que o chassi do quadro era de encaixe, modelo europeu, diferente do brasileiro, em geral atrelado com pregos. Segundo Edson, Selma ainda alertou para algo peculiar. “É possível que haja uma pintura mais antiga por detrás desse quadro, porque contra a luz ele é mais enriquecido em detalhes.”

De modo a sanarem as dúvidas, Edson encaminhou o quadro a Salvador, para Ana Maria Villar, especialista em restauração de obras de arte. Ana Maria comparou os tipos de tinta e constatou que se tratava mesmo de uma cópia. A tinta usada no quadro ainda não existia na época que o original fora pintado, lá no remoto ano de 1893. Ela matou a charada.

Mesmo com a infeliz confirmação da cópia, para Edson os enigmas continuam. Por que esse carimbo com ficha catalográfica? Por que uma cópia despretensiosa ser feita com um material tão similar? Essas e outras indagações, como a identidade do doador, os motivos que o fizeram deixar o quadro no museu continuam sem resposta. Até quando?

Todo poder ao povo

texto e imagem logo abaixo dedicados a Maurício Correia.


Sempre me pergunto por que a frase “Feira está crescendo” me soa tão ilusória. Acho que não sou o único feirense que tem essa impressão. O verbo “crescer”, aplicado na sociedade da era contemporânea, só tem um significado: o econômico. O capitalismo, como se não bastasse todas as mazelas que traz, vem também aniquilar todos os conceitos relacionado ao “crescer”. O capitalismo não deixa ninguém dizer “Feira está progredindo”; só conseguem proferir “Feira está crescendo”. Por outro lado, quando você encontrar seu sobrinho anos depois, não vai dizer “Como você cresceu!”; a última vez que vi essa expressão foi por escrito, e foi numa crônica velha de Rubem Braga. Irá dizer “Você está um homão!” ou “Você virou um rapagão!”. Ninguém consegue dizer “Você cresceu!” porque este “cresceu” tem sentido biológico, e não econômico, e o capitalismo não deixa ninguém mais dizer a palavra “crescer” com outro sentido que não o econômico. Juro. Podem testar.

Amanhã tem Gerson King Combo em Salvador



Nascido em Madureira (subúrbio do Rio), Gerson começou carreira fazendo dublagem no programa Hoje é Dia de Rock, de Jair de Taumaturgo. Depois, levado pelo irmão (Getúlio Côrtes, compositor de "Negro Gato"), começou a dançar no Jovem Guarda, de Roberto Carlos. Com a soul music tomando seu corpo, Gerson cantou nas bandas de Wilson Simonal e Erlon Chaves e ajudou a fundar a Banda Black Rio. Mas foi em carreira solo, rebatizado de Gerson King Combo (em homenagem à banda de soul e jazz King Curtis Combo), que ele experimentou o auge de sua popularidade, como o Rei dos Bailes Black cariocas. Os dois volumes da série de LPs "Gerson King Combo" espalharam sucessos como "Mandamentos Black", "Jingle Black" e "O Rei Morreu". Nos anos de 1990, há um bom tempo afastado do cenário musical, Gerson começou a ser reconhecido, por causa de suas falas improvisadas sobre a base funk, como precursor do rap nacional. Chegou então a gravar com o grupo Artigo 288 e a participar de shows de soul music. 

Discografia:
* Gerson King Combo - 1977
* Gerson King Combo vol. II - 1978
* Mensageiro da Paz - 2001

fonte: cliquemusic

...

Amanhã, terça-feira, às 16:30, no Trio Secult, no Circuito Barra/Ondina, Gerson King Combo vai tocar em Salvador.

Um pouco sobre cultura pop japonesa



Feira de Santana, como todos sabemos, é composta por uma população bastante heterogênea no que diz respeito à cultura. Quero, então, chamar a atenção de todos para um movimento cultural que vem crescendo nos últimos tempos em todo o mundo, e conseqüentemente em Feira, principalmente entre os jovens. Trata-se da cultura pop japonesa e do quanto os jovens feirenses têm aderido à ela, mesmo ainda sendo algo um tanto quanto marginalizado aqui na cidade.

Quem não tem um amigo, um colega ou um vizinho que gosta de ver animes ou ler magás? Todos nós conhecemos alguém (eu mesma adoro). Já são muitos os jovens feirenses que aderiram a essa cultura, mas o fato é que ainda existe muita discriminação por parte dos outros. As pessoas ainda vêem o gosto por anime/mangá algo infantil, sendo que há produções para todas as idades, direcionadas ao público infantil, adolescente e também adulto.

Duas rodas pela cidade

| por Caio Augusto |



Quantas vezes você, em sua caminhada diária para o trabalho, faculdade, escola, cursinho ou em um simples passeio por Feira de Santana, nunca ouviu uma buzina de moto? Mulheres ficam na dúvida se é um daqueles caras que utilizam o seu transporte para dar em cima delas, homens olham pensando ser o “broder”. Mas, na maioria dos casos, é simplesmente um motoboy na ânsia de conseguir uma corrida pelo caminho de volta ao seu ponto.

Para aqueles que não possuem uma bicicleta, uma moto ou um carro, o motoboy é o transporte mais eficaz em caso de atraso. Me utilizo muito desse recurso, pois várias vezes acordo a beira da hora de estar no trabalho e só quem salva meu cartão de ponto é um deles. Pela facilidade como são encontrados por ai, me fazem nem querer passar pelo transtorno de ir ao transbordo, então troco o forçado passeio turístico pela agilidade do caminho direto para casa.

CARACTERES DESCARACTERIZAM

| por Uyatã Rayra |


Não sei se sabem, mas nós do Conselho Editorial temos que escrever periodicamente para o Blog da Transa Revista, atualizando-o diariamente.  Fizemos até uma tabela, que ainda nem sei bem como funciona; sei que meu dia de publicação é sexta, e ainda tenho um dia opcional, que é na terça-feira.


Todo  esse esforço não é em vão; objetivamos manter vocês, leitores, aficionados pelo Blog, para que se sintam compelidos a visitá-lo freqüentemente. Meras artimanhas marketeiras.

Não sei escrever direito - meus sentimentos são mais amplos do que qualquer dígito - e me dedico muito tempo à tentativa de esmiuçar meus pensamentos para que se tornem lúcidos. Quando começo, entro numa catarse-hipnótica que me faz esquecer do resto do mundo. Já prometi inúmeras vezes aos meus colegas de conselho escrever acerca do Festival de Cultura e Arte Alternativa Universo Paralello, e desde o ano passado tento resenhar, sem sucesso, o álbum Macunaíma Ópera Tupi de Iara Rennó. Peço desculpas aos meus colegas por minhas promessas indignas.


E vai começar a Copa do Mundo...

| por Paulo Moraes |

No mês de junho de 2010 começará a primeira Copa do Mundo a ser realizada no continente africano – mais precisamente, na África do Sul. Então chega a hora de comprar a camisa canarinho, os fogos de artifícios, fazer as bandeirolas verde-e-amarelo e comprar a nova Televisão de LCD (pois não se pode assistir a Copa em qualquer TV). Com isso, o país todo se junta – como nunca antes na história – para torcer por nossos guerreiros nessa batalha intercontinental do Futebol.

Sabemos que tem copa do mundo de todos os esportes e não-esportes, porém “Copa do Mundo” é de futebol e chega até a ser redundante, pois hegemonia é hegemonia. Nem quando todos os esportes se reúnem conseguem o feito que é uma Copa do Mundo; por exemplo: o Brasil em 2016 precisa fazer bonito, mas já 2014 não adianta só fazer bonito, ele tem que ganhar. E ambos os eventos serão realizados no Brasil. Isso mesmo: os dois maiores eventos esportivos do mundo serão realizados aqui e em seqüência. Ainda estamos, no entanto, em 2010; deixa esses dois para um outro papo.

Dos que tentam e dos que conseguem Ou dos que se tem por satisfeitos



Imaginemos se Caetano Veloso ou Gilberto Gil decidissem parar de fazer música, seria tal o nosso espanto que chegaríamos a cogitar que eles estivessem sofrendo de ausência de lucidez, possivelmente devido à idade já avançada. O mesmo não acontece na literatura, os casos de escritores que deixaram o fazer literário de lado ainda em vida são recorrentes e todos muito cheios de fetiche. Alguns ficam anos sem publicar nada e de repente ouvimos os rumores de que ele voltará com as publicações, é uma espécie de ressurreição.

Existem muitos que não publicam mais e explicam o porquê, Raduan Nassar, por exemplo, diz que perdeu a paixão pela ficção e hoje nem lê mais livros, apenas “prospectos sobre agricultura”, hoje não faz nada mais além de se dedicar a plantações em fazendas. Exigiria a literatura de seu feitor alguma coisa que possa ser esgotável?

Atualizações da Transa



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Atenciosamente,
Equipe Transa.

Robinho sob a égide do prazer




Sempre achei Robinho um jogador espetacular. O que lhe critico é o jeito como lida com a carreira e esta obsessão tola de provar aos outros e a si que pode ser o melhor do mundo. Até o mais abnegado por futebol sabe que a escolha do melhor jogador FIFA não é apenas técnica. É sobretudo política, marqueteira e subserviente à Champions League. Ou será que ninguém parou pra pensar por que todos os jogadores premiados até hoje atuaram em campos europeus? É evidente que os motivos deste prêmio vão muito além do trato com a bola.

Kaká, que tecnicamente não é lá tão melhor que Robinho, sabe como ninguém administrar sua carreira. Por isso (evidentemente não por isso) se mantêm há muito entre os melhores: joga em bons times, não se deixa levar pela primeira oferta milionária que lhe chega às mãos e, o mais importante, não é deslumbrado com a fama. Brinco com amigos que se trata de sua ética protestante. Ele sabe realmente lidar com o mundo dos negócios: exemplo disso foi sua ida para o neo-galático Real Madrid ao invés de se enveredar pelos petrodólares do Man City.

Cidade Nova, Feira VI, Novo Horizonte, pra rua, Getúlio, JSantos




Se você tem mais de 12 anos (ou seja qual for a idade em que passamos a discernir com clareza as coisas da vida) e mora em Feira de Santana e leu o título desse post e não teve uma sensação de familiaridade em relação a alguma coisa, é porque você está mentindo: ou não mora aqui ou falsificaram sua certidão de idade. Mas, se sentiu tal impressão familiar, então está ok. Sugiro a você que tente agora advinhar o que é. Eu te pediria para que postasse sua resposta na caixa de comentários, mas você vai ler o resto do texto e vai saber do que eu estou falando. Portanto, clique no “Leia mais” e mate sua curiosidade.


Para chegar aos lugares em Feira de Santana você pode ir a pé, de bicicleta ou carro, pegar um táxi, um ônibus, um motoboy ou... uma Van. Seja na Getúlio Vargas, seja na José Falcão, em algum momento do seu dia você vai ouvir um rapaz gritando de dentro de um veículo. Se seu destino (e o da Van) é o Feira VI e você estiver perto do Feira Tênis Clube, por exemplo, ele vai gritar “Cidade Nova, Feira VI, Novo Horizonte!”, se referindo aos bairros pelos quais atravessa no seu percurso. O moço que produz este brado é conhecido como “cobrador de van”. E se o seu destino é o oposto (você está no Feira VI), ele gritará: “pra rua, Getúlio, J Santos!”. Tente agora imaginar este clamor de guerra multiplicado por vinte vezes. A cada cinco minutos, você que espera o ônibus porque tem passe legal ou porque precisa entrar nos terminais norte ou central irá ouvir freneticamente o nome destes bairros, nesta exata ordem, inalteravelmente. Há alguns momentos em que chegam três Vans de vez no ponto e começa uma grande disputa para ver quem consegue fisgar mais passageiros. Todos agem segundo a ética dos cobradores de Van, que desconheço.

Ali não é possível outro mundo!

| por Paulo Moraes |


Já vou avisando desde já que eu não fui aos 10 anos do Fórum Social Mundial (FSM), que ocorreu em duas capitais do nosso Brasil; Porto Alegre e Salvador. Porém estive no último de caráter mundial, que ocorre nos anos ímpares, em Belém do Pará. Inclusive estava na companhia da companheira de Transa, Dolores. Tem certas horas que não dá para perder a piada.




Mas mesmo sem ter ido vou falar um pouco sobre o mesmo, pois inclusive este texto era para ter saído semana passada, mas todos e todas conhecem o que é um fim de semestre, e para variar um pouco estou atolado até o seu fim, dia 18 de fevereiro. É podem acreditar, mas vou aqui deixando nítido que a culpa não é do Professor Coelho.


VENHA!

| por Uyatã Rayra |


Venha!
Venha já!
Venha já para minha alcova,
Faça dela tua cova, descanse eterna ...


Venha!
Venha já!
Deleitar no leito lascivo,
Salivar o leite macio.

Dessa vez não é o Banksy, é o Mark Jenkins



A arte urbana sempre me tocou muito. Já pensei em fazer várias interferências em Feira de Santana, mas o tempo - a desculpa é sempre o tempo - encurtado pelas atividades que fazem a rotina seguir seu curso nunca me deixou colocá-las em prática. Imagino como seria se o meu vizinho encontrasse alguma coisa parecida com essas instalações do americano Mark Jenkins, onde ele se utiliza de embalagens, fita adesiva, jornal e outros matérias pra compor suas obras. Nenhuma dessas pessoas é de carne e osso, embora muitas dessas situações sejam prosaicas, facilmente reconhecidas e bastante reais por existerem em nós como um estado de espírito ou essas identificações que a arte nos proporciona . Jenkins disponibiliza um tutorial em seu site para a feitura de peças parecidas com as dele.