Quem foi ao carnaval de Olinda com certeza ficou maravilhado com a diversidade e a ausência de censura, e não é muito diferente em Recife, onde aconteceu uma variedade de shows para todos os gostos musicais, inclusive o que seria o último show do Cordel do Fogo Encantado.
Se com um mínimo batuque um público apaixonado já se agita, imagine quando surge a aparição sempre marcante de Lirinha. O público foi ao delírio, como se cada um ali presente estivesse queimando com o encanto emanado pela poesia em meio os baques dos tambores.
Através de uma troca de energias magnífica e uma performance incomparável, os expectadores são contagiados e convidados (ou obrigados) a se mexer, pois é impossível ficar parado diante de tamanho espetáculo enérgico. E quem desconfiaria que esse seria o último? Se assim soubessem, a platéia poderia disfarçar suas lágrimas com as gotas de chuva concedidas pela natureza durante a musica “Chover”, fenômeno que com certeza ficará no coração de todos que presenciaram, assim como cada segundo de uma despedida sem prévias.
Há quem diga que Cordel fazia folclore, mas a concepção artística está muito além disso; ela está ligada à realidade histórica do pais, e que mesmo sem os instrumentos convencionais tem uma força tamanha, carregada pela formação percussiva, poesia e ritmos fora dos clichês.
Enfim, perdemos mais uma referencia, não só musical, mas também de resistência, de quem não se rendeu aos caprichos da indústria cultural. E é com gosto de dever cumprido que nos despedimos do “zoim” do nosso amor, mas ainda assim um rio carregado de saudades vai correr na veia de todos que acompanharam esses anos de paixão. Como Lirinha dizia: é uma estrada que dói .
Assim como os shows da banda costumavam ser encerrados, faço com o texto, “fui das cinzas batizado, Cordel do Fogo Encantado”!
Anubis é um singelo ser do submundo feirense.
4 comentários:
O fim de Cordel é triste, mas a presença de Anubis aqui é boa.
Esse show deve ter sido mágico...!
Anúbis Massa te encontrar na transa, cordel termina e se eterniza rasgando o bucho do céu nos deu o prazer de ver esperança no horizonte e que tradições e a modernidade podem sim realizar sonhos, belos sonhos! abraços
O Clube de Patifes dividiu o palco com Cordel em Mossoró no festival Usina da Cultura e sem dúvida assistir um dos melhores shows da minha vida. Naquele dia apesar de toda energia que circulava a banda não conseguiu fazer chover no solo seco do Rio Grande do Norte, mas a noite nao foi menos bela por isso. Apesar de lamentar o fim do grupo tenho uma grande expectativa em relação aos trabalhos novos que Lirinha irá lançar, a banda acabou mas o poeta nao morreu.
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