Construindo a Coletividade

|por Joilson Santos*|


Feira de Santana, como canta nosso amigo Uyatã Rayra é uma “Princesa Comercial”, tudo acontece na base do dinheiro, como se diz muito, “ninguém faz nada de graça”. Uma cidade onde o capitalismo está no DNA, para algumas pessoas é  praticamente impossível trabalhar com economia solidária, e todo escopo de ações que envolve troca de serviços,  trabalhos colaborativos, troca de produtos por serviços, e por aí vai.  Para nós do Feira Coletivo nossa cidade é um terreno fértil para tais ações. Existem desafios? Sim, um monte, mas uma cidade que nasceu de uma Feira também tem marcado nas entranhas  a idéia da troca, do escambo e que com certeza acontece muito ainda sem destaque algum.

Feira Noise Festival – o sábado, os shows


Integrantes da banda Graveola e o Lixo Polifônico. Foto: Maria Dolores

Sábado, 23. Segunda noite de shows do Feira Noise Festival, cuja edição inaugural se deu no ano passado. Cheguei cedo o suficiente para conferir a Casa de Vento, primeira banda a se apresentar. Algo que pouquíssima gente quis fazer, a julgar pelas arquibancadas quase vazias do Teatro de Arena. Assim que me acomodei lá no alto, a fim de – bem ao meu estilo – tudo observar sem ser notada, alguns arriscaram suposições: “é muito cedo”, “mais tarde começa a lotar”, “no hardcore a coisa melhora”. Essas pessoas não deixaram de ter sua razão. Depois das 20 horas, o público mais que triplicou. Nada que justifique, entretanto, a apatia quase generalizada quando o assunto é propor eventos alternativos em Feira de Santana. E não apenas por parte de quem abre mão de comparecer.

Certas pessoas sabem o que falam: a propósito do septuagenário do Rei Pelé

|Por Ricarlos Castro*|


Por exemplo, Maradona. Por exemplo, Romário. Dos dois se pode afirmar o inferno, eles sempre terão duas respostas; — uma anterior, no bico da chuteira, outra, posterior, na ponta da língua. Embora, para o gênio, entre a chuteira e a língua, só a primeira é indispensável.

Já dizia Romário, com laivos poéticos redondos como a sua bola, “Pelé calado é um poeta”; ou então, “Pelé devia usar uma chuteira na boca”.

Eu, em arroubo menos inspirado, desenvolvi o argumento em versos livres da juventude, pelos quais peço perdão:

Se o galo do vizinho canta às 3:50
da manhã, a que horas
cantam os galos na Índia?

Nada é certo nessa vida
mesmo a morte vacila

De que outro modo se explica
existirem dois homens num só
mil instantes num só tempo
galos em todas as coordenadas
desafiando os fusorários?


Os primeiros versos da última estrofe são inspirados no caso stevensoniano Edson Arantes do Nascimento e Pelé. Conquanto, Pelé não seja homem, mortal ou falho, mas depende do outro, que os é.

Caprichosa é a vida: de onde se engendra o futebol...


*Ricarlos Castro costuma contribuir com o site da Transa Revista desde o meio do ano e é, também, funcionário da UEFS.

Breve crítica à prioridade de gogó: Fêra e sua política educacional

|por Jhonatas Monteiro*|
  1. Já houve quem afirmasse, sabiamente, que não é lá muito prudente julgar um indivíduo apenas pelo que diz de si mesmo. O mesmo conselho valeria acerca de uma sociedade ou de determinado grupo. Pensar sobre educação é, sem dúvida, uma seara onde esse aconselhamento parece particularmente bem vindo. Afinal, da educação tudo mundo se diz a favor, não é? Dia após dia, diferentes figuras públicas afirmam já-ter-feito-que-estão-fazendo-que-farão-muito-mais-pela-educação. Sem contar os inúmeros problemas para os quais o receituário corrente tem na educação a solução indicada. Desemprego? Educação. Destruição ambiental? Educação. Violência? Educação. E por aí vai... Aqui interessa notar que a propaganda dos sucessivos governos está sintonizada com esse anseio geral em favor da educação. Obviamente, quem ainda não desistiu de fabricar inteligência ao estranhar o seu próprio cotidiano já se perguntou: se todo mundo é favor, inclusive aqueles que reúnem condições para tanto, por que a educação não melhora?

Aborto nas Eleições Presidenciais 2010

|por Zilmar Alverita da Silva*|
Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto
Nestas eleições, com duas mulheres candidatas à Presidência, já era de se esperar que a questão do aborto (tema “polêmico”, tratado como “tabu” fora deste contexto) voltasse aos debates eleitorais, como, em certa medida, ocorreu em 2006, quando tivemos, pela primeira vez na história política do nosso país, duas candidaturas femininas disputando as eleições presidenciais.

Banda Pirigulino Babilake no Feira Noise 2010


Formada em 2005, a banda baiana Pirigulino Babilake faz música popular com referências nordestinas, expressando em melodia e poesia uma identidade muito própria do Brasil. Integrado por Pietro Leal (voz e violão), Guto Miranda (guitarra), Davi Brandão (guitarra), Vinicius Nunes (contrabaixo e vocais) e Gugu Pinto (percussão e vocais), o grupo tem como proposta, antes de qualquer coisa, resgatar o que sempre houve de mais legítimo neste celeiro musical chamado Bahia: musicalidade e harmonia poética, como já quase não se faz desde os tempos do Tropicalismo e dos Novos Baianos. Eles vão tocar no Domingo (23) a partir das 17 horas, veja a seguir entrevista com a Banda e sua expectativa para o Feira Noise 2010.

Raymond Carver – poeta e contista estadunidense

|Por Ederval Fernandes|

Raymond Carver (1938-88) foi um dos poetas e contistas estadunidenses mais talentosos do final do século XX. Morreu precocemente aos 50 anos, vítima de um câncer na garganta, proveniente, talvez, do tabagismo excessivo – além de ter sofrido por muitos anos de alcoolismo. Carver ficou conhecido como gênio da “literatura minimalista” e do “realismo sujo” por conceber um estilo direto e focar sua temática em anti-heróis, pessoas ordinárias da classe média baixa estadunidense. Para além de conceitos fáceis e rígidos, como estes, destacam-se em sua obra ficcional e poética a continuidade e a reinvenção da tradição literária estadunidense de estilo enxuto, cortante e irônico tão caro à obra de Ernest Hemingway (um gênio inigualável) e muitos outros escritores talentosos como John dos Passos, John Steinbeck, John Fante e Charles Bukowski, estes dois últimos infantilmente desprezados pela “crítica séria”.

O Maior Festival de Feira de Santana - Feira Noise 2010

Feira de Santana irá  ver a segunda edição do Feira Noise Festival que vem a trazer uma  "alternativa cultural para a população feirense". Não faltará o que fazer nestes dias de efervecência cultural, artes visuais, teatro e muita música, principalmente "com intuito de fortalecer o cenário independente local interligando a nossa cidade ao restante do país através do trabalho em rede e do Circuito Fora do Eixo, proporcionando uma interação fantástica entre os artistas que participarão do Festival". Porém nesta segunda edição não será apenas para curtir, o Feira Noise também vem no intuito de "discutir a produção cultural em Feira de Santana, as políticas públicas e também de estimular a cadeia produtiva cultural local a se organizar com intuito de se fortalecer e conseguir potencializar a produção em nossa cidade e na região". Assim, diferentemente de Festivais que ocorrem na cidade, teremos uma oportunidade de ouvir, ver e debater Cultura em Feira, a terra de Lucas!
Segue a baixo entrevista com um dos  membros do Feira Coletivo que organiza o festival, Jô Capone,  também integrante da Banda Clube de Patifes e a programação do Feira Noise 2010.


O Golpe se aproxima: Imprensa versus Lula

Eis que acende o sinal amarelo da corrida Presidencial, que foi ao segundo turno de forma, no mínimo, inusitada. O mês de setembro de 2010 foi algo para entrar na história recente do País, nunca antes na História deste país, nem mesmo em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006, um candidato, ou melhor uma Candidata, foi tão achincalhada pela grande Imprensa brasileira. Enquanto a Duplal conservadora era sempre noticiada falando dos problemas do Brasil, a Candidata do Presidente Lula passou este mês inteiro só explicando as "acusações" que se inventavam todos os dias, mas o inusitado é que não foi isso que levou a disputa para o segundo turno e sim a onda conservadora verde, que transformou a disputa pela presidência em uma missa ou culto nada agradável.

E agora, Paulão? Ou Para uma compreensão do tempo no futebol

|Por Ederval Fernandes|

Já ouvi inúmeras vezes que o cão é o melhor amigo do homem. Não estou certo sobre a veracidade dessa sentença, e, no mais, como tenho alergia a pêlos variados, incluindo aí, obviamente, o do cão, estou inclinado a achar que o melhor amigo do homem é mesmo o livro, e, sobretudo, os livros de Hemingway, o melhor escritor jamais nascido em qualquer via láctea.

Quem se lembra de Marighella?

|por Manuela Muniz*|


Tarde de terça e de sol. No Fórum, gente indo e vindo num ritmo que a burocracia nunca alcança. Na praça em frente ao Fórum, uma mulher de pernas de pau rodeada de homens e mulheres cantando com máscaras. Pessoas que estavam só de passagem, chegando perto, curiosos... E na outra ponta da praça, outro grupo de mascarados, também cantando.

Nós Socialistas fomos derrotados?!

|por Cléo Emidio*|


O despropósito de trazer este “rótulo” no título do texto se deve a dois motivos: um primeiro, como signo de afirmação, posto que queira enterrar todas as perspectivas socialistas com a queda do muro (de Berlim), imagem tão difundida pelo senso comum e aclamada pela grande mídia. Penso contrariamente a este pensamento, mas isto não é objetivo desse texto. Em segundo lugar e o mais importante, tento “enquadrar” nesse “rótulo” as diversas perspectivas que almejam uma transformação radical na sociedade, aquelas que vêm à necessidade de revolucionar a realidade, não com as “armas verdes” defendidas nessas eleições, mas sim com os canhões e com os punhos cerrados.

Apátridas, livro de Luciano Penelu

|Por *Joaquim Gama de Carvalho|

Há um adjetivo que, uma vez utilizado no comentário a uma obra artística, deve perder sua convencional carga negativa. Trata-se da palavra estranho. Não são poucos os criadores que surpreendem e até mesmo conquistam o receptor ao utilizar elementos ou junções de elementos tidos como não convencionais. Na pintura, um Ensor; na música, um Ligeti; no teatro, um Ionescu.

Eis, então, que aparece este pequeno livro, Apátridas (Edições MAC/Feira, 2010), de Luciano Penelu. Os dois contos curtos que formam a publicação são exemplos de uma escolha. Percebemos que o jovem escritor tomou o mesmo rumo de muitos nomes de peso no cenário literário do século XX, como Kafka e Buzzatti. Também ele conta a vida numa perspectiva existencial, nestas suas estranhas histórias.

Apuração é na Transa Revista


A partir das 18 horas do dia 03 de outubro estaremos acompanhando as apurações das eleições 2010. Estaremos acompanhando todos os números, que serão disponibilizados pelo TSE, a partir do programa Divulga2010, para Deputado Estadual e Federal, Senadores, Governador e Presidente. Estaremos de olho em algumas candidaturas, principalmente as ligadas a nossa querida Feira de Santana. Essa cobertura se dará principalmente pelo Twitter (@transarevista) e estaremos aberto ao debate com todos os nossos seguidores e companheiros da imprensa de Feira. Para fazer parte deste momento bastará colocar o twitt #apuraçãonatransa e assim faremos um bom debate sobre o desfecho deste processo eleitoral.