Feira de Santana irá ver a segunda edição do Feira Noise Festival que vem a trazer uma "alternativa cultural para a população feirense". Não faltará o que fazer nestes dias de efervecência cultural, artes visuais, teatro e muita música, principalmente "com intuito de fortalecer o cenário independente local interligando a nossa cidade ao restante do país através do trabalho em rede e do Circuito Fora do Eixo, proporcionando uma interação fantástica entre os artistas que participarão do Festival". Porém nesta segunda edição não será apenas para curtir, o Feira Noise também vem no intuito de "discutir a produção cultural em Feira de Santana, as políticas públicas e também de estimular a cadeia produtiva cultural local a se organizar com intuito de se fortalecer e conseguir potencializar a produção em nossa cidade e na região". Assim, diferentemente de Festivais que ocorrem na cidade, teremos uma oportunidade de ouvir, ver e debater Cultura em Feira, a terra de Lucas!
Segue a baixo entrevista com um dos membros do Feira Coletivo que organiza o festival, Jô Capone, também integrante da Banda Clube de Patifes e a programação do Feira Noise 2010.
Transa Revista: Como surgiu a idéia de promover este Festival?
Jô Capone: A idéia do Festival surgiu da necessidade de ter um momento aglutinador de todas as linguagens artísticas em Feira de santana. Não temos um espaço nem sequer semelhante como este em Feira. Sentimos essa necessidade de trazer esse formato e também de trazer artistas independentes para Feira de Santana em um momento único. O Feira Noise FEstival é o ápice dos trabalhos que o coletivo realiza durante o ano, é ponto de encontro, onde informações são trocadas e intercâmbios estabelecidos a partir dessa grande reunião de artistas e figuras que compõe a cadeia produtiva da música hoje no Brasil.
TR: Como foi a forma de financiamento para o Evento?
JC: O Evento não teve nenhum tipo de financiamento, os investimentos estão sendo feito de forma colaborativa, todo mundo é parceiro, as bandas, os artesãos, a equipe de produção, o teatro, é uma reunião de parceiros articulados através do coletivo que está tornando possível a realização do festival. Depois do Festival divulgaremos a planilha do festival com toda a movimentação financeira feita a partir dessas parcerias, mostrando que o Festival é uma ação muito mais forte do que se imagina do ponto de vista econômico. Boa parte do custos pretendemos saná-lo com a bilheteria cobrada para o acesso aos shows.
TR: Porque a Prefeirura de Feira de Santana, que tem uma pasta de Cultura, não está apoiando o Evento e o que isso mudaria em sua estrutura?
JB: Bem, eu acho que a prefeitura ainda não entendeu a importância de se ter um festival como Feira Noise no calendário anual da cidade. Ainda existe uma dificuldade muito grande de diálogo com a secretaria de cultura. Os responsáveis pela pasta não entende o movimento que esta se formando e nem procura entender, isso dificulta um diálogo. A entrada da prefeitura mudaria toda a estrutura do evento. De primeira ja mudaria o fato de que o festival seria totalmente gratuito, no momento o evento é 80% gratuito para a população feirense, as feira de artesanato, a peça de teatro, todos os debates, exposição de artes visuais , oficinas e palestras, serão gratuitas, estamos cobrando ingresso para a parte dos shows, pois precisamos pagar toda essa estrutura do festival. A entrada da prefeitura seria fundamental, mas nossa secretaria está mais preocupada em lotar uma praça pública com um evento que não tem em nenhum nível uma contrapartida social. Em Feira de Santana não existe políticas públicas culturais, ou quando tem é realizado de forma tão parca que não ganha significado. Acredito que os gestores de cultura ainda estão presos naquele formato antigo e carlista de se fazer cultura, tudo é pensando para garantir voto para os gestores, não existe uma preocupação real de usar a cultura como agente transformador da sociedade. E é pensando nisso que o Feira Noise esse ano ira abrir o festival com uma mesa de debate onde será discutido exatamente como nós, sociedade civil, poderemos mudar essa realidade extremamente preocupante em que vivemos. Feira de Santana tem uma secretaria num formato que deveria ser extinto há muito tempo, aliás deveria ser proibido, ter uma secretaria de cultura esporte e lazer, como se tudo fosse a mesma coisa. Feira de Santana tem um conselho municipal de cultura que não funciona, e não funciona por conta de uma mesquinhez absurda dos membros do conselho, que pararam de se reunir porque o prefeito declarou que não pagaria pro-labore por reunião a eles, isso é terrível, a motivação do conselho de cultura da cidade não pode ser a "graninha" que irão receber para poder se reunir. Acho que o conselho deve ser questionado inclusive quanto a sua representatividade. Deve ser questionado se realmente os artistas de feira se sentem realmente representados por eles. Se sim as cobranças devem ser iniciadas imediatamente, se não, uma nova eleição deve ser de imediato também convocado.
TR: Qual os próximos passos do Feira Coletivo?
JC: O Feira Coletivo, ainda está em fase de estruturação, agora somos ponto de Articulação do Circuito Fora do Eixo, um movimento que tem crescido cada dia mais no Brasil, e ainda iremos ouvir falar muito nele. São mais de 60 pontos espalhados por todo o pais e agora alcançando a américa latina e europa. Dia 06 de Novembro iremos receber em Feira a maior turnê independente ja feita feita no Brasil, 33 shows em 40 dias, e será um marco pois será realizado por uma banda da Argentina, a Falsos Conejos. São coisas que só se alcança trabalhando em rede e é o que estamos fazendo. Somos também parceiros da Rede Motiva, outra Rede que está presente na Bahia e no Pará, fortíssima também e que tem o apoio da Conexão Vivo o que irá possibilitar muitas ações legais para o ano de 2011. Fora os eventos musicais estamos planejando ações na área de audiovisual, teatro e ações diretas nas escolas com intuito de formar platéia e trazer discussões importantes para as escolas também sempre preocupados com a democratização do acesso a cultura em nossa cidade.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO FEIRA NOISE FESTIVAL 2010
Sexta-Feira – 22 de Outubro
18:00h - Debate sobre a Produção Cultura em Feira de Santana
Tema: Produção Cultural em Feira de Santana, diagnóstico e perspectivas. Implementação de Políticas Públicas no Setor Cultural de Feira de Santana. A importância da Cultura como fator preponderante para o desenvolvimento social e econômico da cidade.
Tema: Produção Cultural em Feira de Santana, diagnóstico e perspectivas. Implementação de Políticas Públicas no Setor Cultural de Feira de Santana. A importância da Cultura como fator preponderante para o desenvolvimento social e econômico da cidade.
Participarão da Mesa: Bel Pires (Mestre de Capoeira, historiador e coordenador do malungo Centro de Capoeira Angola), Silvio Portugual (Membro do Conselho Municipal de Cultura de Feira de Santana), Marialvo Barreto (Vereador do Município e Professor), Paulo de Tarso (Feira Coletivo Cultural), Gabriel Cardoso (Lumo Coletivo de Recife)
Quanto: Gratuito
Local: Sala de Espetáculos do Centro de Cultura Amélio Amorim (CCAAm)
21:00h - Shows Musicais com as bandas:
Ministério Público (BA) - 21:00h
Paulo Costa (BA) - 21:40h
Clube De Patifes (BA) - 22:20h
Os Reis Da Cocada Preta (PB) - 23:00h
Quanto: R$7,00 (ingresso antecipado)
Local: Teatro de Arena do CCAAm
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Sábado – 23 de Outubro
09:00h – Oficina de Audio Visual – destacando ferramentas de baixo custo para a montagem de videoclipes.
Ministrante: por Igor Souto, formado no Curso de Cinema e Vídeo da FTC Salvador, com vasto currículo na área de direção de Curtas, Documentários, VideoClips, série de TV, além de já ter sido premiado em várias categorias na área de audiovisual pelo Brasil.
Carga Horária: 03 horas
Quanto: Gratuito
Vagas: 30
Local: Sala 03 no CCAAm
Oficinas de Roteiro e Desenho ministradas por membros do coletivo de quadrinistas baianos da Área 71
1) 8:00h - Oficina de Roteiro para Histórias em Quadrinhos
Ministrantes: Marcelo Lima (Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira e Kuei e a Senhora de Sárvar) e Valter Bruno Felipe (Romero e Área 71)
Objetivos: Aula teórico-prática em que os alunos aprenderão os princípios da escrita do roteiro pra HQs e elaborarão um roteiro de 03 páginas como exercício da oficina. As melhores histórias podem ser selecionadas para o número #2 da Revista Área 71.
Quanto: Gratuito
Vagas: 20
Carga Horária: 4 horas
Local: Sala 01 no CCAAm
2) 14:00h - Oficina de Desenho para Histórias em Quadrinhos
Ministrantes: Fabrício Campos (Área 71) e Joel Santos (Kuei e a Senhora de Sárvar)
Ementa: Aula prática em que os alunos aprenderão os princípios da narrativa das HQs e técnicas de ilustração. Os alunos que se destacarem poderão ser convidados a colaborar no próximo número da Revista Área 71.
Quanto: Gratuito
Vagas: 20
Carga Horária: 4 horas
Local: Sala 03 no CCAAm
09:00h – Palestra: Música Independente e o papel das bandas , imprensa e produtores nesta nova configuração do Mercado.
Palestrantes:
Luciano Matos - Jornalista, blogueiro e DJ. Nascido em Salvador. Há mais de dez anos atua na cobertura do cenário musical baiano e brasileiro, especialmente o chamado mercado independente. Tem longo histórico na cobertura de festivais e eventos pelo país. Já foi colunista por 4 anos e colaborador do jornal A Tarde e do site brasileiro da MTV. Colabora com publicações e sites diversos. Apresentou e produziu programas de rádio, como o Rock Loco, voltado ao rock numa rádio comunitária de Salvador, além de quatro programas Jam Sessions da A Tarde FM (Rock, Jazz e Blues, Cinema e Lançamentos). Atualmente é um dos produtores e apresentadores do Radioca, programa voltado a música brasileira contemporânea e discussões sobre o mercado musical. Tem também realizado consultorias, participado de comissões e curadorias sobre música em diversas instituições e premiações. Atua também como produtor e DJ (el Cabong) das festas Nave (focada em rock, música pop e afins) e Baile Esquema Novo (focado em música brasileira diversa).
Dimmy Drummer - Produtor Musical, Músico, Coletivo Quina Cultural. Nascido no Rio de Janeiro, o músico já se consolidou com um dos mais respeitados bateristas de Salvador, dado a sua extensa lista de festivais/shows espalhados pelo Brasil. A primeira experiência profissional com o instrumento foi com a Sociedade3Oitão, banda de funk/rap. Integrou a The Honkers, hoje uma das principais representantes do cenário independente na Bahia. Agora, Dimmy Drummer se lança numa nova empreitada. É um dos integrantes da banda de música instrumental Vendo 147, pioneira no clone drum no Brasil. A inovação apresenta dois bateristas tocando em uma mesma bateria.
Eric Teller – É Empreendedor na área comercial e produtor cultural, sócio-diretor da Ginga P. Culture Business, empresa especializada no desenvolvimento de intercâmbios culturais e comerciais entre o Brasil e o mercado internacional. Trabalha no mercado brasileiro com empresas e produtores internacionais como BBC Radio 3, Six Degrees Records, and Putumayo World Music. Foi produtor e co-apresentador do programa de rádio dedicado à música brasileira 'Agora Brasil' na Radio KPFA em San Francisco, California, e em New York, trabalhou como diretor comercial da revista 'Post Magazine', a mais importante publicação da área de tecnologia do entretenimento.
Quanto: Gratuito
Vagas: 60
Local: Sala 03 no CCAAm
14:00h – Teatro – Peça teatral com os Estudantes do Colégio Paulo VI – O PAGADOR DE PROMESSAS
Quanto: Gratuito
Local: Sala de Espetáculos do CCAAm
16:00h – Shows Musicais com as bandas:
Pastel De Miolos (BA) - 16:40h
Parnaso Da Modernidade (BA) - 17:20h
Rafael Damasceno (BA) - 18:00
Graveola E O Lixo Polifônico (MG) - 18:40h
Maglore (BA) - 19:20h
Diablo Motor (PE) - 20:00h
Deformity (BA) - 20:40h
Voyeur (PE) - 21:20h
Quanto: R$7,00 (ingresso antecipado)
Local: Teatro de Arena do CCAAm
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Domingo – 24 de Outubro
09:00h – Continuação da Oficina de Audio Visual – destacando ferramentas de baixo custo para a montagem de videoclipes.
Ministrante: por Igor Souto, formado no Curso de Cinema e Vídeo da FTC Salvador, com vasto currículo na área de direção de Curtas, Documentários, VideoClips, série de TV, além de já ter sido premiado em várias categorias na área de audiovisual pelo Brasil.
Carga Horária: 03 horas
Quanto: Gratuito
Vagas: 30
Local: Sala 03 do CCAAm
09:00h - Lançamentos de Revistas em Quadrinhos
1) Revista Área 71 e mesa sobre quadrinhos independentes baianos
O que é: Coletânea de HQs curtas feitas por autores baianos, que abrangem diferentes gêneros como humor, aventura, ficção científica e terror. Os diversos autores que participaram dessa HQ têm experiências variadas no mercado de quadrinhos, ilustração e roteiro, havendo desde experientes artistas como Cedraz (Turma do Xaxado), Hector Salas (da tira O Inferno São os Outros) e Marcos Franco Penitência e Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira) a novatos como Fabrício Campos, Rodrigo Vinicius e Ulisses Almeida. Além disso, a revista conta com artigo do jornalista baiano Gutemberg Cruz, terceira capa de Iaina Estrela e pôster feito por Wilson Jr. Tudo em 48 páginas, formato americano (17X26cm), capa colorida, miolo em P&B com 4 páginas internas coloridas e ao valor de R$3,50!
2) Kuei e a Senhora de Sárvar
O que é: Numa Terra devastada por misteriosos eventos a humanidade se tornou avessa à tecnologia e dominada por criaturas sobrenaturais. É neste mundo que o vampiro Kuei, natural de outra dimensão, vem pesquisar as histórias de outros de sua espécie, que praticamente entrou em extinção. Contando com suas habilidades para lidar com magia e armas, Kuei redescobre histórias sobre vampiros famosos que andaram sobre nosso planeta. No entanto, sua missão de recuperar dados da cultura vampírica será dificultada por diversos antagonistas, dentre eles o vampiro mais antigo e poderoso que percorreu a Terra. HQ escrita por Marcelo Lima e desenhada por Joel Santos. 48 páginas, capa colorida, miolo em P&B, formato A5 (14,8X21cm), por R$3,50
Quanto: Gratuito
14:00h – Mesa Redonda: Lucas da Feira: patrimônio ou vergonha para a história feirense?
As discussões sobre o enigmático Lucas da Feira têm se intensificado nos últimos meses com a polêmica votação acerca do projeto de homenagem ao negro bandoleiro, que atuou nas redondezas da Vila de Sant'Anna de Feira no começo do século XIX. Uma vez que o projeto não foi aprovado na Câmara de Vereadores houve crescente protesto por parte de historiadores, artistas, representantes da Comunidade Pedra do Descanso. O Feira Noise Festival promoverá, então, uma mesa sobre o tema, procurando colocar convidados de diferentes pontos de vista para dialogar sobre por qual viés se deve entender e julgar a história de Lucas da Feira.
Com lançamento Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira - 15:30h
O que é: Quem foi Lucas da Feira? Até hoje não existem dados precisos que detalhem quem foi o negro que se rebelou contra a sociedade escravocrata em que viveu. Sabe-se que atuou nos arredores da atual cidade de Feira de Santana, nos começos do século XIX, atacando tropeiros que iam ou vinham da Feira do Gado. Alguns dizem que fazia isso para depois repartir com outros negros e pobres, outros afirmam que nunca passou de um psicopata desumano. Longe de responder a essas questões, a obra Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira busca dialogar com diversas fontes, oficiais ou não, para mostrar uma história possível da personagem, suas motivações e assim reapresentar esse mito histórico brasileiro para os leitores do século XXI. 48 páginas, formato 21X28cm, terceira capa de Adauto Silva, glossário e estudos de personagens. R$10,00
Quanto: Gratuito
Local: Sala de Espetáculos do CCAAm
15:00h – Shows Musicais com as bandas:
Quanto: R$7,00 (ingresso antecipado)
Local: Teatro de Arena do CCAAm
Não deixem de ir, pois nós vamos!
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