Habitar no centro de Feira de Santana tem suas vantagens


Gostaria de apresentar para vocês um pouco do que penso e sinto por morar no centro de Feira de Santana. Mas antes gostaria de fazer a ressalva de que não morei sempre aqui, já morei também num outro bairro mais afastado. O que me faz ainda mais querer falar sobre “o centro”. Não é nenhum texto inovador, nem traz algo chocante. É apenas o meu olhar acerca do lugar onde moro sem muitas especificidades.

Diferente dos outros bairros, o centro de Feira não tem um perfil social bem definido. Diariamente o centro da cidade recebe pessoas de todos os bairros e também de outras cidades, fazendo andar pelas mesmas calçadas pessoas de todas as classes e grupos sociais. Apesar de ser composto em sua maior parte pelo comércio, lojas, feiras e mercados, ainda existe no centro muitas residências, geralmente da classe média (as classes média-alta e alta moram nos condomínios). Mas é constante a presença de pedintes, mendigos e crianças carentes que tentam chamar a atenção de quem passa, para notar a sua pobre existência em frente aos sinais onde param carros luxuosos e em meio às lojas da “nova aristocracia” que servem ao sistema de consumo o qual as pessoas alimentam. Mas essa disparidade também é notável quando passamos pela Avenida Senhor dos Passos, com todas aquelas belas lojas e atrás dela temos a “Feirinha do Lambe-lambe”, com os pobres feirantes que ali ganham o seu pão de cada dia. E essa mesma situação se repete com as lojas e os camelôs da Rua Sales Barbosa, e na Avenida Marechal Deodoro.



Além das desigualdades, quem mora no centro pode notar com uma maior facilidade os processos de transformação da cidade, afinal a Prefeitura está sempre quebrando aqui ou ali um retorno, abrindo ou fechando uma rua, construindo mais uma pracinha ou “construindo um viaduto”, causando muitos transtornos para quem mora por aqui. Também nesse processo vemos a aparição de novas edificações e a reforma das já existentes, fazendo com que a cidade ou pelo menos o centro tente ter uma boa aparência. Um exemplo prático que envolve tudo isso é a reforma da loja da OI na Rua J. J. Seabra, que para modificar a sua aparência submeteu todos que pegam ônibus no ponto que fica naquele local ao forte cheiro da tinta e do solvente utilizado na sua mais nova pintura (ridícula por sinal) e antes disso ao quebra-quebra e à poeira da reforma, que não conseguiu fazer a loja ficar bonita. E, ainda imagino que por ordem do prefeito retirou-se a cobertura e o banco desse mesmo ponto de ônibus, acredito que para não tomar a fachada dessa ilustre loja, fazendo com que todos que pegam ônibus naquele ponto estejam suscetíveis à forte incidência solar e à chuva, sem ter ao menos onde sentar.

Posso dizer, então, que morar no centro de Feira tem mais vantagens que desvantagens. Ao sairmos de casa já estamos no comércio, não sendo necessário fazer utilização do nosso péssimo transporte coletivo toda vez que precisarmos “ir à rua”, também não se faz necessário ir tanto ao transtorno, digo transbordo ou terminais de ônibus. Tudo têm-se perto, supermercado, lanchonete, restaurante, gráfica, livraria, correios, Bancos, armarinho, feirinhas, lan house etc., sendo bem cômodo às nossas necessidades. Pra falar a verdade para além do que já foi dito só me incomoda mesmo o fato de ser bastante barulhento durante o dia e excessivamente deserto durante a noite. O clima sombrio que paira no centro da cidade durante a noite chega a ser assustador: as ruas desertas, mal passam carros, tudo parece estar morto e meio abandonado, isso me faz evitar ao máximo sair por aqui durante a noite (tarde da noite), principalmente a pé. Em outros bairros essa situação não é tão díspare, durante o dia costuma ser incomparavelmente menos movimentado, e a noite um pouco mais movimentado. Uma outra desvantagem de morar no centro da cidade é a ausência da política de boa vizinhança, até porque mal se tem vizinhos, e a correria cotidiana intrínseca a esse local é tão intensa que não nos permite conhecer melhor e manter um maior contato com aqueles que moram ao nosso lado.


Aritana Lima é membro do Conselho de Colaboradores da Transa Revista.

3 comentários:

28 de fevereiro de 2010 às 16:09 Marvin disse...

"As cidades são uma maneira que as pessoas inventaram de ficarem sós em grupo". Não sei bem ao certo quem disse isso primeiro, e com ques palavras, mas acho que descreve bem a situação tratada no texto.

28 de fevereiro de 2010 às 16:12 Marvin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
1 de março de 2010 às 07:23 Juliana Cordeiro disse...

Passando aqui para parabenizar o blogger mais uma vez !
E gracias por incluirem meu blogger na lista dos blogs!

Sucesso!!

Hasta la vista!

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