|por Franklin Oliveira|
Esta semana fui acometido de uma
dor na coluna que não desejo a ninguém. Já tinha ido a quatro ortopedistas e
feito várias sessões de fisioterapia e necas de pitibiribas. Doía até quando
respirava e eles só me recomendavam “paciência”, dizendo que “dor na coluna é
assim, demora”.
Foi aí que pedi a Dr. Jose San
Martim para ele arranjar qualquer coisa pra me aliviar de forma a que eu
pudesse ver a estréia do Vitória na Segundona lá no Barradão. Só havia um
probleminha, é que ele é torcedor do arquirrival. Mas, mesmo assim, não se fez
de rogado e me passou uma “bomba”, chamado Beta Trinta, e, foi assim, com
injeção na bunda e tudo, que a dor foi embora.
Mas, vocês sabem, como bom torcedor
do Bahia, a coisa acabou ficando no meio termo. Passou a dor (não sei até
quando), mas não pude ir ao estádio ver o meu Vitorinha pois ainda me sinto
muito cansado. E o pior é que perdi o meu companheiro de todas as horas no
Barradão, o meu vizinho Carlos Bride. Tendo que assistir à partida na solidão
de minha sala, sem nem poder gritar pela janela os gols do leão.
Liguei rádio e TV ao mesmo tempo
bem antes, de forma a que, na hora do jogo, já sabia que o Ipatinga é um desses
times que está se armando na “boca” do Brasileirão. Se o Barueri contratou 13
os mineiros trouxeram quinze. Oba, mais um time desentrosado pra pegar! Ainda
mais que os jogadores estão com salários atrasados. Pensei com meus botões que
João Neto (ex-Bahia de Feira) deve ter se arrependido de trocar o rubro negro
pelo Ipatingão.
Olhei para o banco e nada do Carpa
que preferiu voltar para as cabines deixando seu filho e Ricardo Silva no banco
e na borda do gramado. O time era quase o mesmo da derrota contra o Criciúma,
que afastou uma parte da torcida do estádio, com a volta de Michel e a
substituição do seis (Saci) pelo meia dúzia (Mansur).
O leão começou arrasador
aproveitando-se da péssima defesa desarrumada do Ipatinga. Aos quatro minutos
Eduardo Ramos deixou Marquinhos de cara para fazer o primeiro gol. E aos nove,
a defesa não consegue sair com a bola que é roubada por Tartá que foi entrando,
entrando, e só parou nas redes dos mineiros. O que é que se faz com dois a zero
no placar? Saldo para garantir os primeiros lugares, certo? Errado, pois com o
leão tudo é diferente, recuando pra viver de contra ataques.
A tática de chamar o Ipatinga pro
nosso campo não foi nada boa, especialmente que nossos contra ataques tem a
rapidez de uma tartaruga. Eduardo Ramos continuou “comendo” a bola, mas o, a
essa altura, Ipatinguinha, passou a explorar as pontas que são “guarnecidas”
pelos nossos laterais Gabriel e Mansur.
O primeiro não é do ramo e, aliás,
continua jogando mais de zagueiro do que marcando quem vem pela esquerda. E o
segundo é regular no ataque, mas pior na defesa. Assim, aproveitando as
avenidas Mansur e Gabriel os mineiros penetravam e tiveram mesmo umas duas
chances, podiam até ter empatado a partida num lance de troca de cabeçadas na
área rubro negra aos 37 minutos quando perderam um gol incrível! Só aí é que o Vitória acordou
com Marquinhos recuperando a vitalidade dando boas arrancadas que quase
resultaram no terceiro gol.
No intervalo entrou até tal de
Djavan no ataque mas nada de João Neto. Mas parece que Carpa e Cia corrigiram
as falhas nas laterais e, não obstante esperar o Ipatinga, alertou que não é
pedir demais os atacantes não recuarem e a agilidade nos contra ataques. O
Vitória começou a todo vapor tentando decidir a partida, e aos três minutos a
defesa falha para Neto Baiano fazer um belo gol de “bate pronto”. Parecia tudo
garantido nos 3 X 0 mas na saída de bola Tiago Pereira perdeu o maior gol da
paróquia quando Douglas deu rebote.
Aos 11 Marquinhos deu um susto na
torcida caindo com o ombro no chão, mas não foi nada. E aos 12 os mineiros
perderam outra chance quando o lateral bateu pra fora. João Neto entrou aos 14,
e logo em cima de Gabriel, mas não fez nada. Devia estar se apresentando aos
companheiros nesta partida! Quanto ao tal do Djavan só deve ser bom cantando
pois nem pegou na bola.
Neto ainda perdeu um gol incrível
por demorar pra chutar e pra passar a bola, e o time chegou bem na frente aos
18,19 e 20, quase saindo o quarto gol. Aos 23 entrou Giovanni no lugar de um
cansado Eduardo Ramos. Seu melhor lance foi dois minutos depois ao bater uma
falta que passou perto do travessão. E aos 28 entrou Ananias no lugar de
Michel, que também cansou. Quatro minutos depois deu um bom chute de fora da
área com a bola também passando perto do gol. Foi a hora que entrou Dinei no
lugar do Neto Baiano que saiu entre aplausos (a maioria) e vaias.
Todos os que entraram se saíram
bem, mas o melhor mesmo foi Dinei, que na primeira bola que pegou, passada por
Tartá, deu um chute forte de fora da área que o goleiro aceitou. Era a glória,
uma estréia com quatro a zero em casa. E olha que ainda dava pra ser de mais,
pois o Ipatinguinha estava entregue em campo, Giovanni chutou mal aos 40, o
goleiro quase toma um frangaço num cruzamento de Ananias, e Marquinhos chegou
atrasado numa bola no finzinho da partida.
Bem, vocês sabem que a torcida do
Vitória é ciclo tímica. Delirou com a vitória contra o Barueri fora de casa,
depois entrou em depressão com a derrota para o Criciúma. Agora está nas nuvens
com a goleada no Ipatinga. Tem gente até que arrisca outra goleada na próxima
terça feira quando pegamos o América de Natal, um dos líderes do certame.
Devagar com a louça. Tem que ter
cuidado com o América e lembrar que cada jogo é um jogo. Vi o jogo que eles
fizeram com o Guaratinguetá ganhando de dois a zero. Ele não tem nenhuma
Brastemp jogando. Vá lá o tal do Junior Xuxa até que bate bem na bola, mas nem
chega aos pés de Tartá, Pedro Ken, Eduardo Ramos e Marquinhos. Ganharam com
muito conjunto, batendo pra valer, e não se acovardando nos contra ataques pois
defendem com sete e atacam com uns 3 a 4. Quem olha só para o escore não
imagina a dureza da partida, por exemplo, o segundo gol foi no finzinho, um
minuto depois do Guará perder um gol debaixo da trave.
Eles vêm ao Barradão com a mesma
conversa, pra fazer o mesmo joguinho feijão com arroz, tentando jogar nos erros
do Vitória. No primeiro tempo jogam mais atrás pra sair um pouco mais no
segundo tempo. A torcida tem que ter calma, não vaiar o time, e gritar até o
finalzinho. Um a zero está ótimo! No ano passado só entramos no G 4 a poucas
rodadas do final, desta vez podemos chegar a ele na quarta rodada. Mas só
chegar não adianta tem que se manter nele. E olha que a Segundona nem começou.
Ou vocês pensam que os torcedores do Ceará, o Goiás, o Avaí vão se contentar
com a campanha ridícula que seus times vêm fazendo?
Franklin Oliveira Jr. é desportista, professor universitário, escritor, e criador do
Blog Memórias da Fonte Nova e da web tv Pra que política?
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