|por Edson Mascarenhas|
A
moda está em colocar os problemas ambientais no centro das discussões de todo e
qualquer Ser Humano. Isso é na verdade, um grande “boi de piranha” que a grande
mídia nos serve cotidianamente em nossos lares, no nosso trabalho e até mesmo
no lazer... para quê?
Fazer
a escolha entre produtos ambientalmente sustentáveis, nos mostrar preocupados
com as questões ambientais, tudo isso nos é colocado como a grande alternativa
para livrar a humanidade de um mal que nos assombra cada vez mais: o fim dos
recursos naturais!
Bem,
num primeiro momento, nos fazer pensar assim é fundamental nessa sociedade
pouco crítica, que toma como parâmetro de análise de quase 99% de suas
formulações, informações coletadas por grandes conglomerados midiáticos, que
detém quase que a totalidade do poder sobre a informação que chega ou deixa de
chegar nos nosso lares.
Mas,
vejamos um momento, é realmente interessante alardear tanto a população para um
problema tão sério quanto esse? A resposta é complexa, mas não deixa de passar
por um simples Sim! Principalmente
quando a raiz do problema é totalmente escamoteada, os responsáveis pelo
problema são escondidos, e fundamentalmente, quando a solução nunca é um
caminho sem fim!
Percebo
neste momento a pergunta fundamental do leitor: mas o que você está querendo
dizer com isso? Bom, quero dizer que a raiz de boa parte de nossos problemas
está naquilo que vemos todos os dias e ao mesmo tempo está escondido. Aquele de
quem não ouvimos mais o nome na mídia, aquele que não é mais questionado, não mais
subjugado, não mais... espere um momento, ele ainda existe? Sim, seres humanos,
ele existe e continua sendo a forma como nos relacionamos entre nós mesmos e
com a natureza, e o seu nome é: Capitalismo!
Não
caros amigos, os nossos maiores problemas não estão somente no aquecimento
global, ou no derretimento das calotas polares, ou ainda na escassez de
alimentos no globo. Infelizmente, esses são apenas alguns de nossos problemas,
que podem ser amenizados ou ainda solucionados, mas não se tiverem como fonte o
tal do Modo de Produção Capitalista!
Para
muitos, esse nome, essa palavra pode soar como um soco no estômago, como uma
alfinetada no ouvido, mas ela têm de ser dita, tem que ser colocada em foco,
pois é aí que reside a Raiz de
nossos maiores problemas!
Não
preciso ser vidente para vislumbrar a face assustada da maior parte dos
leitores... Muitos dirão: “ Mas ele disse o óbvio!”; outros tantos gritarão: “Não
acredito que ainda exista gente que critique o capitalismo em pleno século XXI,
depois de todas as experiências drásticas que tivemos com o socialismo!
Não
importa, ainda que óbvio ou desacreditado, o problema persiste, e ele, o
capitalismo está sendo cada vez menos discutido, questionado, criticado... e
isso não é sem intencionalidades, quanto menos lembrado, melhor! Hoje, as lutas
sociais estão cada vez mais fragmentadas: terra, etnia, gênero, salariais,
todas elas carregam em si a legitimidade e a urgência de quem cansou de esperar
a superação deste modo de se relacionar com o mundo. Assim, cada um luta por si
só, contra um adversário muitas vezes em comum!
Bem
como criticar a falta de consideração com o meio ambiente, foi se consolidando
a ideia de se criticar apenas aspectos do capitalismo, algumas de suas formas
específicas, como o Neoliberalismo! Este, assolou vários países em todo o globo
terrestre e deixou uma herança nada saudosa em nossa América Latina. Observar a
parte é importante, mas dissocia-la do todo sem correlaciona-las é um
verdadeiro suicídio intelectual.
É nesse sentido de “suicídio da crítica humanitária”, que a grande mídia e os
grandes capitalistas mundiais confiam, para que engulamos cotidianamente esta
verdadeira “estória” da carochinha de que podemos fazer algo pelo nosso
planeta, que não uma verdadeira: Revolução!
É lógico que podemos, mas não do jeito que nos é sujeitado! Não é com os três
“r”s que iremos solucionar o problema do lixo no mundo; não é com os
transgênicos que iremos acabar com a fome no planeta; muito menos com a boa
campanha do “xixi” no banho que iremos findar os problemas com a água doce
disponível para consumo em nossos lares. Tudo isso e muito mais, acaba sendo
absorvido pelo capital, gerando uma boa imagem e o mais importante, mais
lucros.
Bom,
mas se resolver não vai, pelo menos ajuda... Contos de fadas... Há aqueles que
se apegam nestes para que a sua consciência seja aliviada, porém, o que
precisamos é retornar a crítica ao nosso verdadeiro e principal adversário,
aquele que consome a água, a energia, e boa parte de nossos recursos naturais,
e ainda aquele que é um dos principais para nossa sobrevivência: os seres
humanos!
É
mais do que chegada a hora dos ambientalistas, intelectuais, e todos aqueles
que se comprometem com a causa ambiental parar de culpar individualmente
pessoas, empresas ou indústrias, pois se o problema não tem sua raiz na
individualidade, tampouco será a sua solução buscada em ações individuais!
Não
esperemos que nos encontros patrocinados pelos grandes responsáveis por essa
complexa conjuntura, que as soluções para os nossos problemas sejam postas de
bandeja! O que para nós é apresentado como adversidades, para muitos são
oportunidades! Sejamos a solução que tanto queremos!
Este
conjunto irracional, ilógico e insustentável, chamado de Capitalismo, precisa ser superado, para que o novo nasça! E como
dito, não esperem uma resposta simples, para um problema que necessita ser
enfrentado pela raiz... Complexidade,
eis o nosso desafio!
Edson
Mascarenhas é Licenciado em História pela UEFS.
3 comentários:
É,Kyoto tá aí pra nos mostrar o quão é tratado como conto de fadas as questões ambientais...É no mínimo "engraçado" o quanto se gasta com toda a infraestrutura montada para promover esses tipos de eventos,para que no final se chegue a um denominador comum,de que tudo irá permanecer de modo a favorecer os países desenvolvidos a produzirem mais,poluirem mais e lucrarem mais!
Muito bom texto. Os problemas tão ai, as "soluções" foram e são postas, mas a grande questão é: estamos dispostos a abrir mão do consumo desenfreado; dos padrões de vida estabelecidos; do capitalismo? vale, pensar, escrever, discutir, acreditar.
Boa reflexão. Bom ouvir falar de temas que "assustam" alguns, capitalismo, socialismo, revolução, etc, ... em tempos de crise, nada melhor.
Vale salientar que o discurso enfatizado pelo Brasil, juntamente com os BRICS (China, Índia e Africa do Sul), era de mais dinheiro para ações de desenvolvimento sustentável, leia-se, mais grana para as aves de rapina do capitalismo. Basta lembrar que a questão da sustentabilidade, vide exemplo do tratamento do lixo, virou um grande negócio para empresas e ONG's que tem atuado de modo a "suavizar" os efeitos dos problemas ambientais. Se continuarmos assim, a remendar o mundo a cada problema (ambiental!!!) que existe não sei onde vamos parar.
Abs,
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