|por Rafael Almeida|
Começou
o confronto mais esperado do ano, a etapa de Bombonera não terminou em grande
vantagem para nenhuma das partes, e a decisão ficou mesmo para o jogo de volta
no Pacaembu.
A
partida começou como previsto, Corinthians com o velho esquema de marcação, não
dando espaço no meio campo, e o Boca tentando de todas as formas abrir o
placar. A equipe brasileira foi melhor no primeiro tempo, encontrou mais espaço
quando se propôs a atacar, enquanto os argentinos tinham somente duas opções (que
foram bem marcadas), a jogada aérea e a infiltração através dos passes do
maestro Riquelme. O Corinthians levou mais perigo, e se Paulinho não tivesse se
atrapalhado com a bola poderia ter aberto o placar ainda na primeira etapa. A
verdade é que mesmo o gelado time de Tite sentiu a pressão, chutões
desnecessários para a lateral e nervosismo ao chegar próximo da área
demonstraram claramente isso. Uma boa surpresa foi o jovem árbitro chileno
Enrique Osses, que não comeu a pilha de Riquelme, apitando de forma neutra,
algo raro no caldeirão.
O
2º tempo veio com uma mudança de postura das equipes, o Boca passou a marcar melhor o meio campo corinthiano,
dificultando a troca de passes, uma boa estratégia para jogar contra um time
sem um maestro como Riquelme. Tite no final do 1º tempo precisou fazer uma
substituição, Jorge Henrique sentiu a coxa e teve de sair. O treinador tinha
Romarinho e Liedson no banco, fez uma opção mais conservadora e colocou Liedson.
O equívoco do treinador foi não ter levado Willian para o jogo. O
luso-brasileiro teve atuação apagada na etapa final, e não marcava como Jorge
Henrique, o time sentiu e o Boca cresceu. Mas não crucificaremos somente
Liedson, o mérito do Boca existiu, e a dupla de armadores alve-negra sumiu no
jogo. Frente ao contexto, o gol do Boca acabou saindo em cobrança de escanteio
aos 28’.
Após
o gol todo mundo deve ter pensado “O bicho pegou, já era!”. Era o clima ideal
para o Boca, que “adora” se aproveitar de momentos de instabilidade do
adversário. O Corinthians sentiu o gol nos primeiros minutos, mas se recompôs
em campo e aos 40 conseguiu um empate em jogada do Sheik e finalização precisa
e calculista de Romarinho, que havia acabado de entrar. O gol desse moleque só
serve para acabar de vez com essa frescura de achar que não se pode colocar
revelações no fogo para não queimar o jogador. Pela experiência que tenho
assistindo futebol, defendo a idéia de que quem é diferenciado acabará
mostrando isso mais cedo ou mais tarde. Quem precisa de condições de
“temperatura e pressão” ideais para estrear no time principal são os medíocres,
os grandes entram na Bombonera lotada e tocam por cima do goleiro. Não estou
afirmando que Romarinho será grande jogador, mas ontem teve talento e atitude
de gigante, resta esperar e ver a evolução do garoto.
O
final da partida ainda reservou uma emoção extra, o quase-gol do Boca em mais
um chuveirinho. O Corinthians deu sorte, aliás, ela não tem faltado ao time do
Parque São Jorge nessa competição. No fim das contas Tite acabou se redimindo,
relacionou um ex jogador em detrimento de Willian, mas teve a coragem de
relacionar e colocar Romarinho em campo, e só petisca quem arrisca. Corinthians
vai para o Pacaembu com placar zerado, mas não vamos esquecer que o Boca joga
fora de casa não muito diferente do que apresenta em Bombonera. Está aberto.
Rafael Almeida, Economista pela UEFS e Mestrando em Ciências Sociais pela UFRB.
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