|por Levante Popular da Juventude|
A
Ditadura Militar foi responsável por milhares de desaparecimentos, torturas e
assassinatos de homens e mulheres que tentavam construir uma sociedade mais
justa e que não aceitaram silenciosamente o autoritarismo e a repressão. E
deixou marcas que se fazem presentes até hoje, manchando o passado do Brasil e
limitando o seu futuro.
A
maior parte desses crimes permanece sem investigação. Os responsáveis, hoje
senhores aposentados, dormem tranquilos com a verdade encerrada em arquivos
militares sigilosos, espalhados por todo o país, certos de que seus vizinhos
jamais saberão das atrocidades que cometeram nos porões da Ditadura Militar.
Outros já se foram, mas têm seus nomes gloriosamente espalhados pelas ruas e
praças de nossas cidades, conferindo-lhes a fama de heróis, num flagrante
desrespeito para com aqueles que perderam a vida resistindo à máquina de
violência do regime, e a memória do povo brasileiro.
Nós,
do Levante Popular da Juventude,
estamos denunciando em todos os cantos do Brasil, esses fatos que seguem
impunes e esquecidos, dos quais não mais se fala, cobrando sem medo que a
impunidade dos poderosos deixe de ser uma regra neste país, e repetindo com
veemência o nome dos companheiros e companheiras desaparecidos, mortos e
torturados.
Por
isso a partir de hoje, em Feira de Santana, a Avenida Marechal Castelo Branco,
o primeiro presidente da Ditadura, responsável, entre outros crimes, pela
dissolução de todos os partidos políticos, agora se chama Chico Pinto, ex-prefeito de Feira de Santana, deputado federal e
militante histórico de nossa cidade.
A
Rua General Costa e Silva, segundo presidente, baixou o AI-5, que
institucionalizou o terror e a violência da repressão praticada pelo Estado,
foi rebatizada de Luis Antonio Santa
Bárbara, outro feirense, militante histórico da luta contra a ditadura.
A
praça Presidente Médici, que governou o período mais violento do regime,
durante o qual Marighella foi assassinado, agora é Iara Iavelberg, brava militante que atuou nesta região e foi
cruelmente torturada.
E
a rua 31 de março, data do golpe, daqui pra frente, deverá ser conhecida como 26 de junho, dia em que, no ano de
1968, ocorreu a passeata dos cem mil, uma das mais expressivas manifestações
durante o período, reação à violência institucional que se tornava mais e mais
cruel.
A
ditadura acabou, mas deixou um ranço de arbitrariedade e terror em nossas
instituições. As atrocidades do período continuam muito vivas para aqueles que
perderam seus familiares e jamais puderam enterrar seus corpos. E continuam a
repetir-se para os jovens de hoje, especialmente os negros da periferia,
assassinados cotidianamente pela Polícia Militar, pois a impunidade de ontem é
a violência de hoje.
Os
jovens corajosos que se lançaram na luta para que recuperássemos nossa liberdade,
estão esquecidos em alguma gaveta, enquanto que os criminosos comandantes do
regime têm seus nomes eternizados em avenidas, ruas, monumentos. É preciso que nos mobilizemos para garantir
que a verdade apareça e que não mais sejamos obrigados a render homenagens a
torturadores. Continuaremos acompanhando o trabalho da Comissão Nacional da
Verdade, e não descansaremos até que a luta popular recupere a dignidade
perdida na impunidade cega em que temos vivido.
Levante Popular da Juventude é Uma organização de Juventude que está na Luta por um Outro Mundo. Para conhecer mais acesse aqui.
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