|Por Ederval Fernandes|
Já ouvi inúmeras vezes que o cão é o melhor amigo do homem. Não estou certo sobre a veracidade dessa sentença, e, no mais, como tenho alergia a pêlos variados, incluindo aí, obviamente, o do cão, estou inclinado a achar que o melhor amigo do homem é mesmo o livro, e, sobretudo, os livros de Hemingway, o melhor escritor jamais nascido em qualquer via láctea.
Mas como é preciso embasar meu texto sob algum mote, então, por enquanto, é preferível que esqueçamos Hemingway por um segundo (é difícil, eu sei). Convido os leitores a se concentrarem neste pequeno brilhante da obviedade que a seguir nos servirá de bússola: o Tempo é que é o melhor amigo do homem.
No dia 22 de setembro meu companheiro de Transa Revista, Paulo Moraes, escreveu no calor dos acontecimentos um texto interrogativo a respeito do menino Neymar. O título foi um achado: “E agora, Ederval?”. Gostei muito dele porque me lembrou de súbito a canônica indagação existencial drummoniana (porque canônica, não a citarei aqui), muito apropriada a temas futebolísticos, pois sabemos todos que não há metáfora melhor no mundo que nos explique a vida do que o futebol.
No texto Paulão pediu abertamente para que eu tecesse algumas linhas sobre os lamentáveis acontecimentos recentes envolvendo o jogador, a direção do Santos e o ex-técnico alvinegro Dorival Jr. Por uma obra do acaso, calhou d’eu publicar a minha versão dos fatos antes mesmo de Paulão formular seu argumento e de me chamar à publico para me posicionar sobre.
Escrevi: o menino falhou, claro, mas não é preciso fazer disso um factóide dos diabos. Eles (o Santos, Neymar e Dorival Jr.) que se resolvam lá na Vila. E ponto. Vida que segue.
E a vida seguiu de fato. Seguiu lado a lado com tempo, seu tutor. 23 dias se passaram desde que “Fama e anonimato” e “E agora, Ederval?” foram publicados aqui no site da revista. Nesse meio tempo Dorival Jr. assumiu o Atlético Mg (ainda é cedo para fazer qualquer prognóstico sobre, mas o fato é que o time ainda continua na zona de rebaixamento) e o Santos, sob a batuta de um técnico interino e bonachão, venceu jogos importantes (como, por exemplo, o Fluminense, no Rio) e está com toda pinta de que pode ser campeão, apesar da diferença de pontos para o líder Cruzeiro não ser irrelevante (6 pontos, convenhamos, é muito, nessa altura do campeonato).
Ontem, 14, quarta-feira, o Santos ganhou do Inter, na Vila Famosa. Gol de quem? Gol de Neymar, que, aliás, aparenta ter aprendido alguma coisa com tudo que passou, e está visivelmente menos possesso e menos desequilibrado. Mas, quanto a isso, também, só o tempo nos dirá se mudou pra valer ou não. E o que fazer até lá? Pronto. Finalmente. Agora volto ao Hemingway: lê-lo.
1 comentários:
Esperamos por ele dia 19 de novembro contra a Argentina, em Dubai.
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