|Por Maria Dolores|
Fotografar a nudez é uma coisa atraente. É uma espécie de desafio que quem fotografa traça consigo mesmo, naturalizar o natural ou desnaturalizá-lo. Digo isto porque quando se está diante de uma fotografia com pessoas nuas você pode sentir coisas variadas, mas o que toca o observador - falo por mim - é a relação com o pudor e a humanização daquele corpo. A nudez não é nenhuma novidade, a Bahia, eu diria o Brasil, é um exemplo de uma permanência da cultura de superexposição da nudez, sobretudo a feminina, o que acontece é que a erotização daqueles corpos é tanta que a alma daquelas pessoas com os corpos desvelados parece desaparecer, é uma mercantilização do corpo humano, é a maneira mais vulgar de se tratar com naturalidade o que nasceu pra ser natural: a nudez.
Então, diante de uma fotografia de nu, o que é bonito é a disposição desse sentimento de beleza primitiva que um corpo nu pode proporcionar, é a humanização daquele corpo que atrai, é o seu estado de genuinidade, o prazer oriundo da erotização, e um corpo nu é sempre erótico e espontaneamente belo. É provável que alguém se oponha a esta assertiva, acontece que independente da linha que separa o esteticamente belo na nossa sociedade, existe a beleza da natureza, homem e natureza não se separam, não dentro dos meus preceitos, e em muitos casos, esta beleza fora do paradigma do que é belo atrai mais. Há ainda os que fazem fotos se utilizando da nudez mas levando suas fotos para um campo antinatural, por assim dizer, onde o corpo da maneira que conhecemos é modificado através de efeitos variados pós ou pré feitura da fotografia: manipulações, alterações nas cores, e todo espécie de alterações cabíveis. Neste caso, cabe a quem vai se utilizar disto, usar de sua sensibilidade pra realizar um trabalho interessante. O interessante de ser notado é que aquilo que atrai é aquilo que escapa a obviedade das fotos do corpo-mercadoria.
(Clique nas imagens para ampliá-las) |
O fotógrafo que eu hoje apresento aqui é um japonês que trabalha com o corpo, não só, mas, sobretudo, o corpo nu.
Kishin Shinoyama nasceu no ano de 1940.
Sua obra mais conhecida, por motivos óbvios, é a capa do cd Double Fantasy – John Lennon e Yoko Ono.
Dentro das suas séries se destaca a NUDE (um estudo das formas do corpo feminino). É casado com uma famosa cantora japonesa e seu filho é um renomado ator.
As considerações acerca da obra de Shinoyama, eu faço questão de deixar pro leitor.
1 comentários:
Fantástico este espaço. Estou surpreso com a inciativa. Quero adquirir exemplares impressos. Participar e ajudar, se possível. Feira de Santana precisa disso.
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