Bahia e Vitória: vivendo no limite

|por Franklin Oliveira Jr|

A última semana foi do “arco da velha” no futebol. As estranhas derrotas do então invicto Corinthians, que equilibraram o certame da rede Globo; os micos no sorteio das chaves da Copa de 2014; o tricolor ensaiar uma reação; e o rubro negro afundar-se ainda mais no Brasileirão.

A semana começou cedo para o Vitória continuar o seu ridículo desempenho fora de casa onde ajudou o Náutico a entrar no G-4. No outro dia Renê conseguiu tirar leite de pedra com o desfalcado Bahia fazendo valer o esquema de três volantes e São Marcelo junto à mídia carioca, mesmo que tenha cedido o empate no último lance.

Alex Portela passou a semana preocupado... com a sua empresa, enquanto Marcelo Guimarães, prevendo que iriam minguar as rendas de Pituaçu, apostou na pressão contra o treinador. É que tudo levava a crer que o week end seria melhor pois enfrentariam times de médio porte. O figueira não tinha conseguido um simples ponto fora de casa e o rubro-negro jogaria contra o tal do Boa Esporte que ninguém sabia se era da Bulgária ou do Azerbaidjão.

Tendo que vencer Renê armou uma equipe que criou o maior número de jogadas de ataque até agora. Os que julgam pelo escore podem até pensar que as coisas foram fáceis. Não foi. Os catarinenses jogaram atrás durante todo o primeiro tempo e o gol só saiu num chute errado de Ávine que pegou Reinaldo bem colocado. No intervalo entrou o sobrenatural de Almeida. Não sei o que andam fazendo os nutricionistas dos jogadores. A semana passada foi Gabriel que teve dor de barriga (no jogo contra a Portuguesa) e desta vez foi Carlos Alberto.

Mas vamos dar a Renê o que é de Renê. Apesar dos cuidados defensivos, como armar uma barreira de zagueiros e volantes na entrada da área, o treinador não se descuidou do ataque, o que foi decisivo nas pressões desassombradas do figueira, o que permitiu premiar o esforçado Jones com um belo gol. O técnico, além disto, contou com belas atuações de Ávine, Titi, Paulo Miranda e Fahel, e com o “efeito Ricardinho”, que cresce em campo quando Carlos Alberto não está presente. Foi na base da ameaça mas saiu a primeira vitória do esquadrão em casa!

Do jogo do leão há pouca coisa pra comentar. Um técnico burocrático e jogadores desmotivados. Ricardo Silva desaprendeu de vez as artes do treinador.  Continua escalando Geraldo lá atrás, dispensou Lúcio Flávio da marcação e entrou no jogo sem centro avante de ofício, e isso contra a melhor defesa do certame que atuou com três volantes. Levou meia hora pra perceber que tinha um cara atrás de Rildo onde quer que ele fosse, autorizando-o a cair pelas beiradas, que foi quando o time melhorou.

Mas não foi só nisso que o técnico prestigiado pela diretoria meteu os pés pelas mãos. Quando Alisson se contundiu (pisando num buraco do gramado que havia sido "recuperado”), o deixou em campo até que o Boa (sic!) fez o gol que o bandeirinha nos fez o favor de anular! Quando conversou com os jogadores no intervalo o time conseguiu piorar e tomou um gol ridículo, quando até o bom Fernando falhou, rebatendo a bola para dentro da área, enquanto os zagueiros colaboravam saindo da frente do atacante para que ele pudesse cabecear. Entre os jogadores é justo mencionar o esforço de Gabriel e Neto Coruja, a tentativa de Lúcio Flávio de conduzir o time, e a luta de Giovanni e Geraldo fora de suas posições. O descontrole emocional de Rildo foi a cara de um time sem comando. 

Fiz questão de registrar nesta coluna que a diretoria rubro negra parecia ter acordado trazendo reforços para o meio de campo. Ledo engano, ela viajou na maionese pensando que tinha uma equipe de “Primeira Divisão” e que poderia atuar sem técnico. A morosidade em contratar fez com que o time jogasse até sem centro avante neste fim de semana. Quem disse que a história não se repete? Greta Garbo acabou no Irajá e Alex Portela, que soergueu o clube entre 2006 e 2010, ao caminhar a passos céleres para a Terceirona, parece que vai acabar da mesma forma que Paulo Carneiro.

Há alguma coisa de podre no Reino da Dinamarca dos Srs. Portela e Silveira. A apatia que começou no jogo contra o Barueri é coisa muito estranha! Enquanto eles patinam a caravana passa. Duas vagas do acesso parecem já de posse dos paulistas. Sobram somente duas. Mas o que antes estava sendo disputado por seis clubes merece esforço dobrado pois os que estão na briga se reforçaram e todo mundo agora é japonês. Graças ao homem lá de cima não aumentou nesta rodada a diferença que separa o leão da quarta vaga num certame que acaba em novembro mas que para o rubro negro vai ser resolvido mesmo é no mês de agosto das tragédias. Se não dobrar o turno com pelo menos 28 pontos só vai brigar pra não descer!

O Bahia tem duas pedreiras esta semana, o resultado do julgamento de Jobson e o tricolor paulista. Vamos ver se a reação se confirmará. Vai brigar, pelo menos, pela Copa América até o final. Quanto ao Vitória tem que começar tudo de novo e, espero, que com um treinador com experiência na Segundona. Mas, há uma luz no fim do túnel, nesta semana o time de Portela jogará contra outra escola de samba, a do Salgueiro.

Franklin Oliveira Jr. é desportista, escritor, professor universitário e criador do blog memoriasdafontenova.

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