Eleições 2010: Um balanço mais que necessário.




Pronto, acabou e Dilma venceu José Serra com uma diferença de mais de 12 milhões de votos, ou 12% dos votos válidos. Foi uma vitória esmagadora, pois para quem nunca tinha disputa uma Eleição, vencer assim o adversário que , como ele próprio dizia, já tinha sido tudo (menos Presidente da República) e ainda contra a maior parte da Grande Imprensa, que trabalhou duro para a vitória do Demo/Tucano, mas perdeu. Porém precisamos ir além do noticiário, e fazer um bom balanço e entender o que foi e o que será o Brasil depois destes 4 meses de Campanha. Assim analisaremos o valor simbólico da Vitória de Dilma sobre os Demo/Tucano, em seguida o que esperar do Governo Dilma e por fim entender o papel da Esquerda Socialista nestas eleições e o que deve se esperar para os próximos anos.

Vencemos a Direita: mas as Elites também venceram estas Eleições

A eleição presidencial ter ido ao 2º turno foi um martírio, pois esta condição colocou a candidatura de Dilma Roussef à esquerda, pois é obvio que à direita (tradicional) estava revestida do Azul dos Demo/Tucanos. Porém diferentemente, apenas no inicio da campanha, Dilma teve que se colocar ao mesmo lado dos seus adversários, devido à guinada a direita da campanha, em relação as questões religiosas em que colocaram as questões como Aborto e Casamento Gay como coisas do Demônio. Pastores e Padres lançaram mentiras, que levou a disputa ao segundo turno, e depois continuaram e com isso venceram (a batalha e não a guerra), pois a candidata PTista assinou uma carta conservadora para que não perdesse mais eleitores e eleitoras. Daí em diante, graças a campanha de Serra, a candidatura de Dilma voltou à esquerda, porque entrou em cena outras questões, tais como Privatizações, MST, Ser Radical. Ao fim da campanha a candidatura de José Serra parecia mais com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que em 1964 apoiou o Golpe dos Militares contra o Governo de Jango, e quem viu o seu discurso de derrotado entende isto que acabo de afirmar.

Isto significa que simbolicamente a Esquerda venceu, porém na prática é outra coisa. A composição que garantiu a vitória de Dilma é composta por 10 partidos, que representa a conciliação de antigos adversários de classe e compõe hoje uma fração da Classe Dominante Brasileira, e não vamos esquecer que os Demo/Tucano não são oposição ao Projeto que venceu as eleições, mas apenas ao Governo, pois em relação ao projeto não havia qualquer diferenças entre Dilma e Serra. Assim esta vitória, é uma vitória das elites, pois ela mantém os mesmos no Poder, e isso não seria diferente num eventual Governo Serra.

Agora é Derrotar Dilma nas Ruas: Continuidade e Crescimento
Este titulo remete a chamada que o PCB (Partido Comunista Brasileiro) lançou em sua nota sobre o segundo turno destas eleições (Vencer Serra nas Urnas e Dilma nas Ruas), pois ele nos ajuda a entender o que será este "novo" Governo. Eu acredito, se nenhuma catástrofe ocorrer nestes próximos 4 anos, que o Governo Dilma será melhor do que foi o Governo Lula, porém ela não sairá maior que Lula. É claro que estamos pensando isto dentro dos marcos do Capital, Dilma não romperá com nada, apenas continuará o que esta dando certo, do contrário de ter uma Herança Maldita, como o Presidente Lula recebeu do Governo FHC. Ela continuará os principais programas do atual Governo, PAC, Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, do outra lado manterá a forma de conduzir a política econômica, o que significa manter a estabilidade da Moeda a partir da políticas de Juros, Superavit Primário e Lei de Responsabilidade Fiscal. Então não espere uma Revolução com Dilma, pois inclusive ela não prometeu isso, mas espere que com Dilma a tendência é o Capitalismo se ampliar e com isso aumentar o números de consumidores e isto será transvestido de fim da miséria, pois isto é garantido com a sintese dos Programas de Governo e a condução de sua política econômica.

A Esquerda e as Eleições: Organizar uma Oposição de verdade é Preciso

Saímos vitoriosos com as Eleições de Ivan Valente (SP), Chico Alencar e Jean Willes (RJ) (deputados federais), Carlos Gianazzi (SP), Marcelo Freixo (RJ) e Edmilson Rodrigues (PA) (deputados estaduais) e Marinor Brito eleita Senadora pelo Pará e por ser uma Ficha Limpa, derrotando os Fichas Sujas Jader Barbalho e Paulo Rocha. Do outro lado precisamos fazer um importante debate sobre a Vitória de Randolfe no Amapá, que teve uma votação fantástica, porém baseada em uma política de alianças (informal) questionável, porém precisamos fazer este debate com maturidade e sem segredos, pois não somos mais organizações clandestinas que ficam escondidas a tentar tomar o poder.

De outro lado se mostrou um enorme equívoco a Esquerda ter saído com três candidaturas, representadas por Plinio de Arruda Sampaio (PSOL), Zé Maria (PSTU) e Ivan Piheiro (PCB). Esta dispersão fez com que ao invez de nos unirmos em prol da disputa contra-hegemônica, acabamos em muitos casos fazendo apenas a disputa interna, onde sempre no final o resultado é o mesmo, pois não ampliamos nosso campo dentro da sociedade brasileira. De outro lado a esquerda conduziu suas candidaturas para dentro dos Grandes Centros Urbanos, e centrando isto no Centro-Sul do país, pois isto "levaria há uma maior visibilidade dos grandes meios de comunicação", isto pode servido muito para São Paulo, mas atrapalhou e muito o restante do país e principalmente os pequenos centros, que não conseguem ter voz para construir um Projeto que vá além das Capitais do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília).

Porém estas criticas não podem apenas ficar num denuncismo, clássico dentro da esquerda, pois precisamos construir a verdadeira oposição ao Governo Dilma, pois para nós (PSOL, PSTU e PCB) não divergimos apenas do Governo, mas do projeto que este governo Representa e é nesse sentido que nos diferencia dos Demo/Tucanos dentro da Oposição e precisamos deixar claro que eles são tudo farinha do mesmo saco. Nesse sentido precisamos daqui para a frente constituir um Programa que nos unifique e não fiquemos apenas em acordos superficiais, que pela mínima divergência se rompe.

Ou entendemos que a tarefa dos Socialista neste momento é buscar a Unidade de Ação em torno de um Programa, que se pense para além das disputas internas, que existem e são importantes, porém não podem ser maior que a disputa da Hegemonia, pois esta é marcada por nossa opção de Classe e nesse campo não existe 3ª via, ou se está lado dos Opressores ou está do lado do Oprimidos.

A Luta continua, sempre. Ousando lutar, venceremos!

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