Tenho a convicção de que a lista de convocados para a Copa do Mundo é um assunto de ordem Nacional e, como tal, deveria ser escolhida diante de uma comoção popular, um plebiscito, algo assim democrático e gigantesco que arrebatasse toda nação e fosse assunto imperioso no mais modesto boteco, na mais esquemática mesa de jantar brasileira.
Apenas caberia ao treinador da Seleção a tarefa de ordenar esse panteão de craques de modo a torná-lo um time entrosado, escolher os que eventualmente começariam jogando e os que esquentariam o banco, ensaiar umas jogadas, instruir alguns posicionamentos, e outras coisas de praxe. Nada mais.
Mas acontece que a figura do treinador foi alçada a uma condição central no futebol, onde até os craques não passam de co-protagonistas. À massa torcedora é reservado o dever de torcer para um time que não é o seu, não possui lá muitas afinidades. É o time do treinador, não é o de milhões de brasileiros. É a seleção de um homem só. Não é por acaso que nos últimos mundiais denominamos a caravana brasileira de “A era Parreira”, “A família Scolari” e via de regra toda lista de convocados provocou discordâncias enormes.
Na última terça-feira, dia 11, foi a vez de Dunga torcer o nariz para a população brasileira e sentenciar mais uma vez que o seu comprometimento está com o seu séquito de comandados, e não com a história desta camisa amarela e muito menos ainda com as predileções deste torcedor fanático que é o brasileiro.
E Dunga, ciente que o seu selecionado está longe da unanimidade, pediu encarecidamente à população brasileira que não pessoalizasse o quadro canarinho na sua figura mal quista, mas pensasse que ali vestidos de amarelo estão 23 bravos brasileiros em uma missão de ordem cívica, merecedores de inquestionável apoio.
O torcedor brasileiro é fanático, mas não costuma ser burro. Não há como apoiar esse selecionado de maneira inconteste, porque toda hora que se perceber que Josué, Kléberson e Julio Baptista estão ocupando as vagas de Ganso, Ronaldinho e Neymar, cairá sobre o brasileiro a iluminação de que o estado nacional é uma abstração completa e que, na realidade, a única bandeira legítima que existia (o manto canarinho) foi roubada pelos canalhas há pelo menos uma década.
3 comentários:
Por isso torço pela Argentina!
e eu torço para o CIMED! Tetracampeão!!!!!
Dunga, coitado, só tem a perder nesta copa. Se levantar o caneca não passará de sua obrigação por estar a frente da seleção brasileira. E se não levantar dirão/emos que foi pela falta dos "craques". Pelo menos é corajoso!
PS: A ausência de Neymar, Ganso, R. Gaucho e Adriano é até compreensivo, mas a presença de Grafite é difícil de engolir, dificilimo...
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