|por Paulo Moraes e Gabriel Barbosa*|
Nos últimos meses a Grande Mídia ressuscitou um velho monstro que adormecia desde julho de 1994, a Inflação. Antes desta data o país viveu, aproximadamente, 15 anos num ambiente inflacionário, chegando a períodos de Hiper-Inflação, o que significa termos tido, algumas vezes, mais de 50% ao mês de aumento dos preços. Agora nos assustam com números de 5,91% no IPCA/IBGE e de 11,23% IGPM/FGV ao ano, o que está por trás disso e o que isso tem haver com nossas vidas.
Não podemos pensar estas questões sem entender antes que fenômeno é este, então o que é a Inflação? De bate pronto, inflação significa o aumento dos preços, por outro lado pode significar a perca de valor de nossa moeda, porém com Dólar em Baixa e o Real em alta essa desculpa não pode ser, até porque a questão da emissão de novas moedas está bem controlada pelo Banco Central, que mantém a política de juros altos e arrocho monetário. Existe outra possibilidade de análise deste incômodo fenômeno, que é a relação entre Salários X Lucro, que coloca, como sempre, Trabalhadores e Patrões em conflito, pois ambos querem que o “seu” sempre aumente. No entanto, a Grande Mídia só comemora os aumentos dos lucros dos empresários e nos coloca em alerta com os aumentos salariais que os trabalhadores ganharam neste último ano.
Em 2010 o país teve um crescimento de 7,5% do PIB, o que significa que toda a riqueza produzida no Brasil em 2010 foi 7,5% maior que em 2009, e a previsão para 2011 é crescer entre 4,5 e 5,5% a mais que 2010, no fim das contas isto significa que “ficaremos” mais ricos, porém esta riqueza é distribuída de forma (des)proporcional em relação aos Brasileiros. No discurso do Governo parece que os mais pobres ficaram mais ricos do que os próprios ricos, mas isto não é bem a verdade, é apenas uma ilusão que o Capitalismo faz transparecer. Percentualmente isto pode ser até verdade, pois os mais pobres enriqueceram mais de 10% de sua renda, enquanto os mais ricos enriqueceram menos de 10%. Mas se fomos olhar o valor bruto, veremos que os mais ricos enriqueceram como nunca antes na História do Brasil e os mais Pobres ampliaram sua renda e se transformaram em consumidores, fortalecendo o mercado interno.
É importante também verificar os dados da distribuição funcional da renda. Isso significa ver quanto da renda gerada está em forma de lucros, juros, salários e outros rendimentos. Percebe-se que essa distribuição apresentou piora pros salários durante a maior parte do governo FHC, e que com Lula isso não se alterou.
O Governo Lula e agora sua sucessora, o Governo Dilma, tem uma obrigação com os mais pobres, e isto foi deixado bem claro em suas propostas, que é tirá-los da miséria e colocá-los na Classe Média. Por muitos anos a Classe Média representou uma pequena parcela do povo brasileiro, que pagava caro para ter alguns serviços e utensílios. Agora a Classe C é a maior classe e continua em plena expansão no Brasil, o que significa que a Antiga Classe Média desapareceu no mar e hoje todo mundo pode ter uma LCD, enquanto antes desta lógica, poucos tinham Videocassete e só trocavam suas TVs quando esta não tinha mais jeito a ser dado. Porém existe a Classe B, que podemos pensá-la como a Antiga Classe Média, que para se diferenciar dos demais encarece os serviços, pois só acha o que é bom é o que seja caro.
É satisfatório ver essa Nova Classe Média surgindo, mas cuidado com os otimismos, o consumo da classe C cresceu muito em cima do avanço do crédito, que alcançou essa camada da população. Com o aumento do emprego e da renda, a Classe C esteve “livre e solta” pra se endividar, como a “Antiga” classe média fazia. Mas quem são a classe C? Trabalhadores de setores ainda muito sujeitos a ciclos, como construção civil, e de contratos cada vez mais precários, ainda que formais. Numa conjuntura de menor crescimento, tudo pode se esvair e aí vai ser um deus nos acuda pra pagar essas dívidas que no Brasil aumentam com uma rapidez incrível por conta dos juros altos que se acumulam. Evitar essa bomba relógio só é possível com menos juros e com crescimento da renda dos assalariados.
Tudo isso e mais algumas coisas criam pressões inflacionárias, porém a Grande Mídia só fala das que lhe convém; Ajuste Fiscal por parte do Governo, Consumir com responsabilidade por parte da Classe C. Mas ela esquece que os preços não sobem sozinhos e que os principais vilões desta Inflação Gigantesca de 5,91% ao ano foram alimentos e serviços. Vale dizer que muitos dos alimentos são cotados como commodities internacionais, ou que quer dizer que o preço é fixado pelo mercado lá fora e não há como fazer muita coisa. Os preços começaram 2011 subindo, mas ela se cala novamente, porque o que aumentou neste inicio de ano foi o Ônibus e a Escola Privada, neste sentido a culpa é de quem?
* Gabriel Barbosa é Economista pela UFBA, com Mestrado em Economia na UFPR.
1 comentários:
AHHHH !!! \o/\o/\o/ MÃOS PRO ALTO, CONSUMIDOR AHHHH |o||o| |o| |o| AHHHHHH !!!!
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