Quando o Trágico se torna Épico

|por Paulo Moraes|
Há uma semana atrás a História se fazia no Presente, o maior desastre natural do Brasil, na verdade não tão natural, pois de Natural ali só a chuva. Nos últimos 16 anos, apenas fatos como desastres, queda de aviões e mortes de personalidades tornam-se fatos para que saibamos de tudo um pouco e algo de comoção Nacional que unifica o país de Norte à Sul e de Leste à Oeste. E nesse cenário o principal responsável por estas escolhas é a Grande Mídia, que adora faturar com a Miséria alheia, pois faz de tragédias um espetáculo para milhões assistirem 24 horas.

É claro que este espetáculo não sai de graça, aos que pensam que é apenas solidariedade da Mídia com os que perderam tudo, pergunte se a Rede Globo, ou qualquer outra, fez alguma doação, ou apenas estão pedindo que os outros façam isto. Vivemos em uma época morta, e a prova disto é que apenas este tipo de noticia faz nos emocionar e ver que o mundo é tão pequeno. Pois quando se discutes questões de relevância Nacional, Regional ou Municipal não nos emocionamos, apenas dizemos que política, religião e Futebol não se discute, como se estas três coisas fossem iguais, talvez apenas na paixão de quem as adora.


Isto deve explicar esse novo tempo, um novo século, uma nova década, um ano novo. Novamente começamos o ano com Tragédias e mais doações, e no fim a culpa é do pobre do aquecimento global, que fez o Haiti tremer e a Região Serrana do Rio de Janeiro afundar. Porém, algumas semanas depois esquecemos, porque virá alguma outra Tragédia para substituir a anterior e teremos que mandar os donativos para outro lugar. Começamos 2010 no Haiti e terminamos em Alagoas e agora será que vamos enviar para aonde? Pro Twitter, Facebook ou Orkut...

Vivemos em um tempo em que a reflexão foi esquecida e vivemos um dia após o outro, como se o mundo fosse terminar amanhã. Perdemos a esperança e a vontade de sonhar com dias melhores. A Utopia virou uma palavra sem sentido e Revolução algo do Passado. Quando apenas o Trágico se torna Épico, significa que vivemos em um mundo sem História e isso não pode continuar...

7 comentários:

19 de janeiro de 2011 às 18:52 À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse...

Preguiça de pensar, preguiça de revolução...É muito mais fácil aceitar o que já vem pronto, enlatado pela mídia, do que pensar, reclamar e agir. Mas a própria História está aí para mostrar que há sempre quem se levanta, os mártires e os heróis, sempre esquecidos. As redes sociais são legais, mas, não são tudo, aliás, não são nada. E eu apenas choro palavras diante dessa catástrofe e preparo meu coração humano para as próximas que virão, já que o prazo para a criação de um sistema nacional de alerta de desastres é de 4 anos. Sem mais.

21 de janeiro de 2011 às 14:40 Unknown disse...

Pensemos...
Se a Rede Globo de Televisão fizer as contas, e se, possivelmente, o resultado for satisfatório, quem garante que ela defenderá as mudanças necessárias para a proteção das pobres famílias do Rio(do Brasil nem questiono, pois é certeceza sua indiferença), já que a mais de 10 dias não ha esforço algum para produzir matérias, no entanto conseguem altos indices de audiencia pongando nas aguas que caem na região serrana.

O jornalismo resume-se a contar e recontar o número de mortos, enquanto o setor financeiro conta em reais cada hora de chuva...

22 de janeiro de 2011 às 09:46 Marcos Rosa disse...

Parece que estamos apontando para a direção errada. Acredito que a globo, e a Mídia em geral, não fazem errado em mostrar em seus noticiários, ás vezes exaustivamente, as notícias sobre estas tragédias. O que deveríamos esperar? que noticiassem o Globo de Ouro? o Big Brother? Claro que ás vezes há uma dose exagerada de sensacionalismo, principalmente a record recheada de aproveitamento da dor alheia. Entretanto, fazer camapnha de arrecadação de alimentos é o problema menor disso tudo, aliás não é nem um problema, para alguns é até a solução, mesmo que imediata. Acreditar que a globo faz isso por benevolência também é ingenuidade, ou que a emissora espera apenas obter vantagens já é maniqueísmo exagerado.
A Globo precisa de audiência e vai explorar aquilo que ela acreditar prender atenção do telespectador, foi assim com a guerra do Iraque, o Tsunami, o Haiti e por aí vai, nenhuma novidade nisso.
O nosso foco deve ser a inércia do Estado, a incapacidade gerencial dos políticos ávidos por melhores salários, gananciosos e corruptos. Devemos estar atento é as estratégias adotadas para que tragédias como essas não aconteçam novamente, e não é a Globo que deverá/ria iniciar esta discussão, mas sim quem recebe por isso, ou seja, os Governos. Ou será que estão preocupados apenas com A Copa, Olimpíadas e reeleição?
Prefiro o Brasil com a Mídia forte do que com ela fraca, mesmo que para isso tenhamos que aturar a Veja, a Globo, o Estado de São paulo, ou até mesmo outros jornais esquerdistas. Aliás, a Veja por muitas vezes fez muito bem a política brasileira.
Por fim, não nos esqueçamos que o controle remoto está em suas mãos, quem decide desligar, mudar de canal é você!

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http://algunsfilmes.blogspot.com/

24 de janeiro de 2011 às 09:36 Cléo Emidio disse...

Marcio e demais,

a) No meu entender o texto de Paulo traz uma questão vital, qual seja, o como a "grande midia" brasileira vem pautando os principais debates na sociedade. Creio que seja consenso entre nós (os que comentaram) que o texto aponta de certo que eles pautam aquilo que interessa a seus intentos econômico-financeiro (que irremediavelmente se associa a busca pela audiência), o que em última instância contribui para a manutenção da dominação (de modo geral) nesse país. Obvio que diante de uma tragedia como essa eles (a mídia) não poderiam ficar apenas nisso, e na minha opinião isso também não pode ser encarado como simples maniqueismo, blz. Acho que o texto tem relevância por isto, ataca um ponto central: a mídia enquanto um dos principais canais de educação da sociedade, e nesse jogo estamos perdendo;

b) Creio também que o texto seja de fato lacunar em não discutir mais aprofundadamente a idéia que liga tais fatos, que se somam a forma e os meios como eles são noticiados, com a política propriamente dita. Não podemos perder de vista a centralidade que o Estado (na figura de seus governos de plantão) tem na omissão "intencional" ao não priorizar o debate sobre o planejamento urbano e a ocupação do solo, o que diz respeito a uma caracteristica elementar do capitalismo, que é o fato de ele ser predatório. Discordo, no entando, do diagnóstico final em que chega nosso amigo Marcio, de que estamos com o controle remoto nas mãos e basta apenas querer que desligamos a TV. Acredito que essa relação entre nós sociedade (cidadão, telespectador, etc) e a mídia (entendida enquanto mecanismo de educabilidade política, social e cultural) não é uma equação simples assim. Não basta apenas a minha vontade "política" para que as coisas sejam como elas devem ser (pode ser até que a minha vontade pessoalmente baste para mim mesmo, mas concerteza não é assim na sociedade brasileira em geral);

c) Por fim gostaria de deixar uma questão a partir dos comentários do nosso amigo Marcio, quando fala da importância de ter uma "mídia forte": "mídia, ruim com ela, pior sem ela?". Acho que da um bom debate.

27 de janeiro de 2011 às 11:07 Marcos Rosa disse...

E aí Cleo e demais, do fim para o início...

c)Como propaga a mídia cinematográfica naquilo que já virou clichê: "a mídia é o poder moderador" Desde as pequenas coisas cotidianas como a dona de casa que liga pra rádio reclamando do caminhão do lixo, e os secretários logo tratam de responder(nem sempre resolver, é verdade)ou até mesmo uma revista "chata" que sempre está no pé do partido que comanda o Governo (leia-se Veja), ou mesmo a Rede Globo que pousa de independente, mas na hora H, já sabe. Enfim, os governantes sabem que existe alguns veículos midiáticos que estão na cola deles esperando uma derrapada pra jogar no ventilador, ou na pior das hipóteses chantageá-los, não seremos ingênuos e descartar este jogo de chantagens e poder.Logo, prefiro sim, uma Mídia, que não será minha defensora, minha guardiã, ou qualquer coisa do tipo, mas que estará por aí esperando um vacilo qualquer daqueles que deveriam agir de forma ética mas não o fazem.

b)Quando apontei para o Controle Eemoto é para mostrar que está com o próprio telespectador a decisão de assistir a mídia que faz sensacionalismo ou aquela mais séria. Mas quando vc traz a tona a "educação" é para ressaltar um papel mais radical deste mesmo telespectador, agora como um cidadão. E a Educação que falta a este cidadão não é necessariamente responsabilidade da Mídia, mas sim do governo, e dos sanguessugas (políticos corruptos) então voltamos ao papel essencial do nosso protagonista, agora telespectador/cidadão, ao invés do Controle Remoto, que se utilize de outros meios para exigir que seus impostos sejam usados em benefício do seu país, e não necessariamente em Copa do Mundo ou Olimpíadas. Em fim, a ação sempre está conosco.

c)O texto é interessante sim, ele provoca o leitor, seja para discordar ou concordar. Eu discordo quando aponta para a mídia uma responsabilidade que não é dela. Educar o brasileiro não é tarefa da Globo, mas sim da família e da escola. A globo está ali para oferecer entretenimento, óbvio que deve obedecer os limites éticos e morais estabelecidos pela lei. o que devemos exigir da globo é isto: respeitar a ética e amoral(a questão agora é de que moral estamos falando). Por exemplo, exibir BBB antes de meia noite eu acho inadequado.


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27 de janeiro de 2011 às 11:08 Marcos Rosa disse...

ops, a sequ~encia correta é c), b) e a)

31 de janeiro de 2011 às 11:57 Cléo Emidio disse...

Caro Marcos,

A mídia enquanto instrumento de educação

Quanto a esse tema creio que precisemos considerar que boa parte da formação "cidadã" que nos é necessário está hoje concentrada como um papel das midias. Falo aqui de educação de modo generalista, uma educação que se da nas relações, portanto, na sociedade. A mídia como parte desta mesma sociedade ocupa mais espaço na "formação política" das pessoas do que a escola e de certo modo a família. Mas isso não se relaciona estritamente com a idéia de consumir ou acessar a mídia (ver TV, ter acesso a internet, ...), mas sim na capacidade que a própria tem em pautar os principais temas de nossa sociedade, dai é que vem as programações de TV de cunho massificador e questionável (reality shows, exposição da figura da mulher como mercadoria, valorização de uma cultura de passividade, e por ai vai).
Dai vem a questão que vc diz ser preferível uma mídia forte, que cumpra função mais fiscalizadora e de pressionar (acho que como porta voz da sociedade civil?!) as próprias esferas da política (referentes aos governos e ao Estado). Não discordo da funçõe que a mídia pode ter para conclusão de uma sociedade mais justa, mas ainda não estou certo se é melhor ter uma mídia forte mesmo que ela não paute os interesses mais próximos da população. Será que se a mídia, que vivi um momento de expansão em se tratando de novas tecnologias de informação e comunicação que cada vez mais podem atingir mais e mais pessoas, não ocupasse um papel tão central na formação das pessoas não poderia existir outros instrumetnos capazes disso? E se eles existirem, será que cumpririam um papel diferente do que a grande mídia vem cuprindo hoje, o de ser portavoz de uma posição política de ideologicamente de direita e com viez conservador? Bem, são ainda algumas questões.

Abraço,

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