|por Edney Rangel Torres|
Um ano e sete meses de muito aprendizado, conhecimento, cultura,
diversão e trabalho. Tudo começou quando fui selecionado no concurso nacional
da Embaixada da França no Brasil para o posto de Assistente de Professor de
Língua Portuguesa em três escolas na França, os Liceus Evariste Galois (Sartrouville), Saint
Exupéry (Mantes-la-Jolie) e o Colégio Guy
de Maupassant (Houilles) pela Academia de Versalhes. Com uma carga horaria
de 12 horas semanais, utilizava o resto do tempo para conhecer os pormenores da
cultura francesa. Um processo de ensino/aprendizagem desenvolvido ao longo do
ano escolar com os alunos, professores, funcionários dos estabelecimentos e
também com os demais Assistentes de Línguas Estrangeiras de outros países. Uma
excelente oportunidade de divulgar a cultura brasileira, mostrar o que nós
temos de melhor e desconstruir preconceitos tais como o “Brasil é só samba,
futebol e mulher”.
Na sala de aula encontrei vários desafios: ensinar a língua
portuguesa como língua estrangeira (para alunos descendentes de portugueses,
cabo-verdianos, brasileiros e franceses), fazer o paralelo entre a norma
portuguesa e a norma brasileira, conhecer o sistema educacional francês,
interagir com os estudantes e promover aulas de interesse dos alunos. Com muito
esforço e dedicação o trabalho foi realizado com sucesso. Mas, a aventura na
França não acaba por aqui!
Três meses antes do visto expirar, fui até a prefeitura da cidade
onde eu morava e pedi informações sobre a “Carte de Séjour”, permissão para
residir legalmente no país. Para isto, era preciso comprovar residência e ter
um contrato de trabalho de duração mínima de um ano. Ao terminar o contrato de
Assistente de Professor, trabalhei como Assistente de Educação na Escola La Bussie
(Vauréal), na função de supervisor controlando o acesso e a saída dos alunos a
escola, durante os intervalos e quando necessário fazia contato com os pais dos
alunos solicitando justificativa da ausência dele(s). Neste trabalho, aprendi
mais sobre a educação e o regimento interno das escolas na França. Porém, a
duração do contrato era inferior à requerida pela prefeitura para a solicitação
da “Carte de Séjour”.
Depois de muita procura encontrei um Contrato de Duração
Indeterminada (CDI) na empresa SOREST, uma empresa especializada em produtos
naturais e pratos para bebês e pessoas idosas que têm dificuldades em mastigar.
Com este contrato pude permanecer legal no país por mais um ano. Nesta empresa,
comecei como motorista de entrega de refeições em escolas, creches, prefeituras
e casas de repouso para idosos. Duas semanas depois, foi promovido a um cargo
de responsabilidade na empresa. Desde então, passei por uma formação de
capacitação para o posto, onde controlava todos os produtos, desde a recepção,
armazenamento, produção, embalagem, preparação das encomendas e envio para os
clientes. Um posto que exigia muita atenção, responsabilidade e cuidado no
manuseio dos produtos alimentícios.
Neste mesmo período, fui aprovado em três universidades (Nouvelle
Sorbonne Paris 3, Nanterre Université e Paris Diderot) para fazer o Mestrado em
Didática de Línguas, no entanto, com este novo contrato, não pude cursar o
mestrado, pois as aulas chocavam com o horário de trabalho.
Contudo, esta viagem foi sem dúvida a maior experiência que já
vivi! Além do crescimento profissional, tive um grande crescimento pessoal,
conheci pessoas incríveis e únicas, aprendi a “me virar” sozinho, aprendi a ser
pontual e desenvolvi muitas qualidades éticas e morais. Uma experiência a
reviver!
Edney Rangel Torres é formado em Letras com Francês pela
Universidade Estadual de Feira de Santana.
1 comentários:
Parabéns pela grande experiência produtiva cujo grande mérito foi a sua persistência e de determinação.Que o fruto desse seu aprimoramento seja disponibilizado na sala de aula com os seus alunos.
Sucesso.
Eduardo Leite
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