|por Franklin Oliveira|
Ontem foi mais um jogo do Vitória pela Segundona. O
leão enfrentava um alfabeto inteiro lá no estádio do Frasqueirão em Natal e
nada como a musica que Moraes Moreira gravou em 1980 pela Ariola para
demonstrar meu estado de espírito durante o jogo.
No forró do A nos vamos amar. Pelo menos a minha
esperança era chegar ao terceiro lugar na tabela, mas o jogo começou meio sem
graça, o Carpé nem estava no banco, e o meu rubro negro, apesar de estar
melhor, nem chegava perto do gol.
No forró do B nós vamos beber e no forró do C nós
vamos comer. Cadê esta parte Moraes? Aos 14 minutos Marco Aurélio até chegou
chutando e o goleiro do ABC deu rebote mas a zaga cortou. Dois minutos depois
foi a vez de Pedro Quem (?) mas chutou fraco e o goleiro defendeu. E, aos 19 minutos
Tarte faz boa jogada pela esquerda e passa pra Neto Baiano que chutou em cima
do goleiro. Que droga!
Me D pois E no forró do F nós vamos ferver. E quase
ferve mesmo. O ABC levou um tempo com a iniciativa das ações e logo aos 21
minutos o cara recebeu um lançamento e colocou no fundo das redes. Falei mal
até a décima geração de Gabriel mas graças ao bom Deus o bandeirinha levantou o
bastão anulando corretamente o gol do ABC.
No forró do G vamos agarrar, no forró do I que
jogou pra J, nesse lêlêlê mas cadê você? Diga aí Carpegiani, porque o time é
tão inconstante e vive de altos e baixos durante o jogo? Agora retomou sua
presença no campo, digo tem mais controle da bola e fica passando um pro outro
em jogo improdutivo, mas é o ABC que tem as melhores estocadas.
Aos 33 o lateral cruza perigosamente pra Douglas
tirar de soco. E, dois minutos depois,
Washington é protagonista do melhor lance da partida. É que percebendo que
Douglas estava fora do gol chutou do meio de campo para Douglas fazer bela
defesa colocando pra escanteio.
A esta altura eu e meu vizinho já estávamos putos
da vida. No forró do M nós vamos mexer, no forró do N vamos namorar, ora isso é
uma piada. Tá certo que não há lugar pra namoro na Segundona onde só quatro
sobem mas pelo menos que Carpegiani mexesse no time! E, aos 45 minutos vem o
verdadeiro milagre do bom Deus. O atacante passa como quer pela Avenida Mansur
e aí a bola é cruzada no primeiro pau chegando um cara pra bater da pequena
área e Douglas fazer uma defesa sensacional. Foi um desespero só! A bola voltou
pra outro atacante que chutou e Nino salvou e voltou de novo pra bater em Pedro
Quem. Arre, pra salvação o juiz terminou o primeiro tempo!
Vocês imaginem que a essa altura agente estava
xingando até o Moraes Moreira. As coisas não estavam nada bem, só não estava
pior do que o Goiás que tomava de dois a zero do Bragantino. Que bom que o
América de Natal perdia pro CRB, é que esta Segundona está cheia de times de
letrinhas e ainda tem o ASA. Pensamos em mil soluções durante o intervalo.
Esperávamos mais de Marco Aurélio mas ninguém estava bem, nem Tartá, Pedro Quem
e Neto Baiano que costumam ser os melhores jogadores do time. A gente olhava a
cara do filho de Carpé e era uma preocupação só!
Tô aqui pra ver o seu X xi xi. O Vitória começou o
segundo tempo com Michel em lugar do Mancha com o técnico fazendo justiça a
melhor dupla de volantes que possuímos. O time começou mais disposto outra vez,
embora mais encorpado. Aos dois minutos já Marco Aurélio começa chutando a gol
e aos cinco, a zaga do ABC sai errado e o rubro negro perde o gol de cara.
Aos 14 o egoísmo de Nino não permitiu que passasse
a bola prum jogador mais bem colocado e perdemos outro gol. Um minuto depois
Uéliton dá uma bicicleta na área mas a bola vai pra fora. Na volta um
cruzamento do ABC quase pega na cabeça de Washington. O suspense continua!
Aos 19 minutos Mansur faz a sua melhor jogada dando
um pique de cinquenta metros e chegando á linha de fundo onde cruza na cabeça
de Marco Aurélio que deu uma bela cabeçada mas o goleiro botou pra escanteio. E
se o lateral está aprendendo a subir o mesmo não se pode dizer em relação á
marcação. É que boa parte dos ataques do ABC vinham pelo seu lado e aos 22
quase eles chegam outra vez.
Quando chegou os trinta meu vizinho já tinha
entregado os três pontos mas eu não embora exigisse mudanças no time. Só nos
quinze minutos finais é que elas vieram. Primeiro com Eduardo Ramos no lugar de
Tartá melhorando o passe ali na meiuca. Douglas,
no entanto, era o grande nome do jogo fazendo outra grande defesa aos 33
minutos. Pensei comigo temos que ir pra frente pois esse negócio de viver de um
pontinho é coisa do esquadrão de lata.
O Vitória continua com mais posse de bola e é
beneficiado aos 43 quando o juiz expulsa um dos volantes do ABC. Meu vizinho,
porém, lembrou que era apenas por dois minutos, enquanto eu achava que era por
cinco. Carpa sentiu o momento e colocou William no lugar de Marco Aurélio e aí
o leão ficou dono do meio de campo.
Tô aqui pra ver o Seu Z zê zê e o bom juizinho deu
cinco minutos de desconto, valeu cara! Aos 47 Neto dá de cabeça, a única coisa
que fez no jogo, mas nas mãos do goleiro. Aí a mulher do vizinho entra na sala
e não acredita no que vê.
- Zero a zero
com o ABC?
O que eu disse a ela foi um estalo, não sei se
desejo ou um presságio:
- O Vitória
vai marcar no finalzinho, aos 49 e meio!
Ah um escanteio. Sobe todo mundo. Douglas vai lá
pra frente! Não sei nem quem bateu, só queria que acertasse o pé! E não é que
acertou? A bola veio exatamente na cabeça de Vitor Ramos que, assim como fez
com o Guarany, cabeceou não muito forte no canto direito, mas como o goleiro
estava do lado esquerdo não deu pra chegar.
Discordo de Moraes o jogo foi um sufoco, não
pareceu nada com o forró do ABC, mas o que interessa é que levamos mais três
pontos pra casa. Agora era ligar a TV
pra azarar o tricolor.
Franklin Oliveira Jr. é desportista,
escritor, professor universitário, e criador do blog Memórias da Fonte Nova e
da WEB TV Pra que política?
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