|por Franklin Oliveira|
O vírus mortal V, desenvolvido pela Alexi
Portela Corporation, continua dizimando o planeta da Segundona e transformando
os clubes brasileiros numa legião de mortos-vivos comedores que não conseguem
nem mais comer churrasco humano. Esse é o enredo da nova máquina de horror e
ficção científica de Hollywood: a série Resident Evil que já está no número 5,
dirigida por Paul Anderson e contendo em seu elenco a manjada Milla Javovich,
mas também Michelle Rodriguez, Shawn Roberts e outros menos votados.
Desde o final da década passada a turma do
cinema norte-americano botou tudo o que se pode pensar no cinema pra fazer
dinheiro. Explorou os super heróis, atacou de vampiros, de calamidades, o
escambau, e depois reproduziu esses joguinhos de vídeo game para conseguir
atrair para a telinha os aficionados pelos jogos e efeitos especiais. E não é
que dá certo? Tem gosto pra tudo!
Mas o motivo da minha crônica é que agora a
série passou dos limites copiando a campanha do Vitória pra botar na telinha.
Todo mundo sabe que não há vírus mortais por aí a não ser o do leão. E, com
exceção do cinema norte-americano que está matando embaixadores e militares do
país com aquele filme ruinzinho contra Maomé, quem realmente está dizimando é o
meu rubro-negro.
Os adversários que falem á vontade, mas não
é verdade que os demais clubes da Segundona viraram mortos-vivos? Esta semana o
leão disparou colocando sete pontos na frente, ninguém nos segura! Até o
Criciúma, o único que parecia que ia fazer uma fezinha, entrou na dança tomando
de quatro dentro de casa do América mineiro. Agora lá vem se assanhando o Goiás
mas na semana que vem será devidamente fritado no Barradão.
O Vitória é a única e última esperança da
raça humana, e olhem que não estou falando de eleições, desses candidatos que prometem
salvar as cidades e que não votar neles é o dilúvio. No filme é a Milla quem
caça os responsáveis pelo vírus, mas isso é lá por Hollywood, na vida real quem
caça os clubes pernas-de-pau é o leão da Barra. E nem precisa ir de Tóquio à
Nova Yorque ou de Washington à Moscou, basta ir de Canabrava a Joinville e
subir até Goianinha. E ainda tem mais, no filme a heroína tem o apoio de muitos
aliados e amigos, enquanto na Segunda Divisão ninguém é amigo de ninguém e o
pau come solto.
Esta semana foi um horror. Na terça feira
passamos o maior sufoco pra detonar o Boa Esporte. A partida poria por terra
qualquer jogo de vídeo game. Os diabos dos mineiros deram a maior canseira no
leão. Abriram o placar logo no início, no maior vacilo de Gabriel (que podia ter
botado a bola pra escanteio) e quase enfiavam mais uns três gols. Disse que
ninguém ajuda o leão, minto, na verdade só o homem de lá de cima!
Os mineiros, como todo mundo que aparece
por aqui, marcavam nossa dupla de atacantes e o Pedro Ken. Mas o nosso problema
mesmo foi a falta do volante Uéliton. Sem
ele a zaga estava desprotegida não adiantando o Fernando Bob. Mas bastaram dez
minutos pra ganhar o jogo. Quando olhei pro placar o leão tinha virado pra três
a um pois quando entrou a primeira bola veio de cambulhão, sobrou até pra Pedro
Ken fazer gol de falta.
Foi nesse dia, em que o Criciúma pegava a
parada indigesta do Goiás, que o Vitória disparou botando sete pontos na
frente. Será mesmo que foi “coincidência” que apareceu por aqui um juiz
desgraçado? Rapaz, eu acho que a situação quase engrossou por causa desse cara.
Ele não marcou dois pênaltis pro leão, um deles que o cara deu uma de basquete
dentro da área, e, ainda por cima, deu um gol de presente para o Boa Esporte (o
segundo) quando haviam dois atacantes tomando banho.
Ontem foi outra pedreira, quando viajamos
pra Campinas pra pegar o Guarany que estava num crescendo há várias rodadas.
Mas o mundo hostil dos paulistas está prestes a ser destruído, só se salva esse
ano o São Caetano (na Segundona) e o São Paulo (na Primeira Divisão), o resto é
só caixa de pancada.
O campo de Campinas mas parecia o planeta
Terra completamente destruído como mostram no início do filme e Milla diz, pra
provocar, que “Esse é o meu mundo”. O time entrou debaixo do sol com os
desfalques de Uéliton e Nino, e a volta de Willie no lugar de Tartá, enquanto
Carpé ficava na cabine de ar condicionado. Mas não estou mais reclamando disso
não porque o esquema é pé quente.
Começou a partida com vontade mas logo
Milla perdeu a iniciativa pro verdão, que chegou de cabeça em escanteio aos
cinco, pra Deola pegar. Eu estava na casa do meu vizinho Carlos Bride e resolvi
não me preocupar, mesmo porque essa situação só durou cinco minutos, logo aos
seis foi a vez do Léo chutar uma bola difícil pro goleiro rival que colocou pra
escanteio. E mais um minuto Schwenck (lembram-se dele no Vitória) dá de mão
fora da área e a bola sobra pra Pedro Ken que isola batendo por cima. Enquanto
isso o Goiás já abria o placar contra o Atlético Paranaense e o Ceará enfiava
dois no Joinville.
Aos 11 minutos Léo desce bem mas o zagueiro
bota a bola lá em Hollywood. O time chega mais duas vezes na área, mas perde o
último passe. O domínio do leão é significativo e o Guarany tem que optar pelo
contra ataque. Mas os verdes voltam a equilibrar as ações e chegam forte aos
21, quando, graças ao nosso aliado extra terrestre, Schwenck perde de cara com
Deola.
O Joinville diminui, começam a aparecer
gols lá em Maceió, mas em Campinas necas de pitibiribas. O leão responde a
estocada dos adversários e o jogo esquenta aos 22, quando Michel chuta, mas a
bola bate no beque, e aos 25, quando Léo faz nova arrancada mas passa mal na
entrada da área. Mas ficou nisso pois os paulistas não deixam nosso meio de
campo armar as jogadas, e atacam aos 28(chutando a gol sem direção) e aos
31(com um chute forte do ponta que Deola coloca pra escanteio).
O rubro-negro só retoma a iniciativa mais á
frente, quando outra subida de Léo é barrada à base da falta que Pedro Ken bota
na trave. Droga, essa tinha que entrar! Nessa hora o leão faz o maior rush da
paróquia, consegue três escanteios e outra falta, a bola bate e rebate mas
acaba nas mãos do goleiro. Nos últimos cinco minutos William, Elton, Willie,
perdem a última bola na área e a bola vai pra fora, Elton desce bem mas a bola
vai de novo pela linha de fundo, e de William tabelar mas chutar fraco no gol.
Lá na casa do meu vizinho no intervalo
reinava a tranquilidade no meio a guerra do planeta. Tínhamos gordura e
poderíamos cair dois pontinhos na tabela e a coisa quase melhora quando o
Atlético Paranaense empatou, após estar perdendo de dois a zero pro Goiás. No
início do segundo tempo as coisas pareciam do mesmo jeito. No entanto parece
que o Guarany se retou. Chegou três vezes em quatro minutos. Foram três
estocadas perigosas, na primeira nossa zaga botou pra escanteio, na segunda
Deola fez uma defesa sensacional, e, na terceira, o zagueiro deles cabeceou pra
fora. Parece que o time entra desconcentrado pra só pegar as manhas depois que
passam alguns minutos.
O Vitória só chega aos cinco quando William
pega bem um cruzamento, mas além de perder a chance está impedido. Três minutos
depois, Elton, ao invés de chutar, cruza para o meio da grande área e perde boa
oportunidade. Mas o jogo está lá e cá, e, aos onze, o atacante bate uma falta
cruzada do lado direito e a bola, caprichosamente, não pega em ninguém e vai se
chocar na nossa trave. Ufa! No próximo lance Léo sofre estiramento na coxa
obrigando a Carpé colocar em campo o Rodrigo Costa e a Gabriel ir para a
lateral direita.
Acho que as coisas até melhoraram para a
defesa por caso do aliado que chegou pra ajudar Milla. O ataque, porém, ficou
prejudicado sem as arrancada de Léo. Demorou uns dez minutos pra descobrirem o
Gabriel adiantado e enfiarem uma bola com açúcar pra ele que na frente do
goleiro Emerson se atrapalhou todo e chutou em cima. Era a bola do jogo mas o
zagueiro não tem pinta de goleador. Foi
só até aí que Carpé aguentou a inoperância ofensiva tirando Willie pra colocar
Marco Aurélio enquanto o Guarany muda dois tentando melhorar seu ataque.
A partir daí os paulistas chegaram duas
vezes, aos 23(cabeceando por ci8ma um cruzamento) e aos 27(com outra cabeçada,
agora de Junior Negão). Mas logo a seguir Fernando faz uma falta desclassificante
no Marco Aurélio e é expulso. Ponto pra gente, é agora que as coisas vão
ferver! Pelo menos era o que agente pensava, que com dez jogadores a coisa ia
dar. O Guarany tirou um atacante pra colocar mais um zagueiro enquanto Carpé
tirou o volante Bob pra colocar o goleador Dinei.
O que eu pensei que era um 4-2-4 acabei
vendo que não era, pois Marco Aurélio começou a marcar lá atrás e vir com a
bola dominada, virando então uma espécie de 4-3-3. O leão passou lentamente a
ter o controle da bola, chegou aos 33, com Dinei batendo mal pra fora. Mas os
verdes buscavam os contra ataques, como o cruzamento perigoso que fizeram aos
37. Os últimos minutos do filme-jogo foram emocionantes.
O leão chegou aos 39(numa roubada de bola),
aos 40(quando Elton girou por cima da meta), e aos 42, quando Elton (mais uma
vez) rouba a bola de um zagueiro na área e tenta, egoisticamente, chutar sem
ângulo não vendo Willie que chega sozinho na área, e o goleiro Emerson pega. Foi a segunda grande bola do
jogo perdida. O time ainda chegaria com Willie e com Dinei mas o preparo físico
já tinha ido pro beleléu, e teve que aguentar umas descidas dos paulistas nos
últimos instantes.
E foi só, não deu nem pra chorar o
resultado. Foi tão curto como mas gravações do filme. Chegamos aos 54 pontos. O
Goiás está mais perto mas, com a derrota dos paranaenses, o leão continua a
onze pontos do quinto colocado. Todos
os caminhos apontam pro Barradão, onde, no próximo sábado, o rubro-negro recebe
o Goiás, no tão esperado confronto entre Alice (Milla Jovovich) e Jill (Siena
Guillory). Sai de baixo que é final antecipada e o planeta vem abaixo!
Franklin Oliveira Jr. É desportista, professor universitário,
escritor, e criador do blog Memórias da Fonte Nova e da WEB TV Pra que
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