|por Franklin Oliveira|
O que é que tem o filme de suspense
dirigido por Brian de Palma com o Vitória? Nada e tudo ao mesmo tempo. É que a
campanha do leão está longe de ser de suspense ou drama esse ano na Segundona.
Vá lá, alguns jogos deixaram os torcedores de cabelo em pé, suando até o último
minuto, mas que o rubro negro está dando um passeio isso está!
Mas se o gênero não é igual o
filme tem muita coisa semelhante com a realidade esportiva. E olhem que já tem
14 anos que foi rodado por Hollywood onde tomaram parte os atores Nicholas
Cage, Gary Sinise, John Heard, Carla Gujino e outros menos votados. O enredo
gira em torno do assassinato de um político cometido em um estádio e assistido
por uma grande multidão. Na oportunidade, o herói nada convencional (um
policial cafona e corrupto) ajuda um velho amigo, que trabalhava como
segurança, a resolver o crime.
O estádio é o de Atlantic City
e não o Barradão, o público lá de 14 mil não deu nem pra melar pois o de ontem
esteve perto dos 40 mil, e teve um assassinado também, foi o Goiás, numa
vingança do rubro-negro que tinha tomado uma “virada” lá em Goiânia no jogo do
turno. Não é igualzinho ao filme? É por isso que eu digo que muita coisa desses
filmes de Hollywood é copiada da Bahia.
É claro que aqui não usamos os
métodos de Nicholas Cage. Esse negócio de trancar o estádio, de considerar todo
mundo ao mesmo tempo suspeito e testemunha, só lá pras bandas norte-americanas.
E, se ele quase não conseguiu achar provas nas câmaras de TV espalhadas pelo
estádio, aqui estamos muito mais organizados. Todo mundo viu o Goiás ser
triturado e ficou tudo registrado no SporTV.
E não tem filme certo. O que
aconteceu ontem no Barradão é muitas vezes melhor do que no filme de Brian de
Palma sem precisar de suspense. É que esse usa um voyeurismo obsessivo,
personagens ambíguos e paranoias, mas não precisou nada disso pra vencer o
Goiás. O primeiro gol saiu logo no primeiro minuto quando Tartá cobrou um
escanteio, e a bola passou por todo mundo sobrando, limpinha, pra Elton bater
pro fundo resvalando antes num zagueiro do Goiás.
O tiro serviu pra desarvorar o
verdão e só faltava dar mais uns pra assassinar de vez mas o rubro-negro não
aproveitou os ataques e aí Renan Oliveira (lembram-se que nada fez quando
passou pelo leão?) pegou uma bola veio puxando pro meio e bateu de forma
indefensável pro nosso goleiro Deola. Foi mesmo uma ducha de agua fria. Será
que o Vitória não sabe jogar com o estádio cheio? E o pior é que toda hora saía
gol do São Caetano e Criciúma, e, ainda por cima, o Atlético Paranaense tinha
vencido. As coisas não podiam ficar como estavam, tínhamos que achara o caminho
do gol de qualquer forma pois os outros clubes estavam, nos nossos calcanhares.
O leão atacava e tentava de
todas as formas o gol de desempate. Michel chutou forte de longe, mas a bola
foi pro cima do travessão. Willie e Pedro Ken entraram na área com a bola mas
não conseguiram dominá-la. E o segundo nem acertou uma falta na entrada na área
chutando na barreira. E ainda deram a maior brecha na defesa pra Walter que
pegou de cara com Deola e quase “vira” de novo como fizeram em Goiânia. Tava
ph... que é como se escrevia farmácia antigamente.
Demos tratos à bola no
intervalo imaginando como melhorar o time. OP Goiás marcava todo em seu campo
mas deixava por vezes quatro zagueiros contra três atacantes, mas essa vantagem
de nada adiantaria se o leão não acertasse o último passe. Sentíamos a falta de
William no ataque e de Uéliton na defesa, já que Fernando Bob errava passes. A
estreia de Carlinhos na lateral-direita até que não era mal, mas faltava
ousadia ao menino, então pensamos em botar Dinei colocando Gabriel por ali. Mas
o que ia funcionar no segundo tempo mesmo foi o olho de Carpé que demorou menos
que Nicholas Cage pra resolver a questão.
Carpé conversou muito com o
time no intervalo que demorou em entrar. Mas, logo há um minuto, novas emoções
quando Bob errou outro passe e o tal do Walter foi entrando, a defesa recuando,
e o cara deu uma tamancada na trave. Ufa..! Depois disso o verdão se animou e
tomou a iniciativa e nossa torcida vaiava o Bob. A coisa parecia ir de mal a
pior até entrar em cena o olho de Carpegiani.
Primeiro ele tirou o Bob pra
colocar Dinei recuando Pedro Ken para segundo volante. O jogo então equilibrou,
passamos a ter dois atacantes na frente e as bolas começaram a chegar de novo
no ataque. Mas não bastava, por isso Carpé retirou Willie colocando Marquinhos
pra jogar na direita, já que Carlinhos estava cansado e, quando caía por ali,
só fazia cruzar a bola. Ele, mais tarde, acabou bem substituído por Rodrigo
Costa.
Carpé fez o jogo mudar de
figura, se lá em Atlantic City só Nicholas Cage viu certas coisas, o mesmo
aconteceu no Barradão. O jogo pelos lados do campo atazanou o Goiás que não
conseguia neutralizar os avanços de Gilson e de Marquinhos, um por cada lado
levantando a bola para os dois atacantes. E olhem que Tartá vinha de trás
driblando e causava um verdadeiro inferno na defesa adversária.
A bola começou a bater lá na
frente, uma, duas, três vezes. Na primeira, antes de Marquinhos entrar, com a
chegada de Willie, e, na segunda, com cruzamentos de Marquinhos, pra Dinei e
pra Elton. Era questão de tempo e eu só olhava pro relógio. Até que Marquinhos
correu pela direita e fez novo cruzamento pra Elton que estava esperando na
pequena área e só fez cabecear pro fundo das redes desempatando a partida.
Os goianos ficaram seriamente
abalados com o gol, e o jogo passou a ser só de ligação direta das defesas pros
atacantes. E, numa dessas, enfiaram a bola pra Dinei que tabelou com Tartá,
devolvendo caído pra este fazer um golaço: 3 X 1. Dinei ainda teve uma chance
de cara com Iarley mas chutou em cima. Agora era segurar o placar. Entrou
Rodrigo Costa, ficando o leão com três zagueiros, mas o verdão atacava,
particularmente pela esquerda, onde estávamos praticamente sem lateral.
Olhem que foram umas quatro ou
cinco estocadas que, se acertassem, conseguiriam empatar a partida. Nesse
momento a defesa se saiu muito bem, particularmente Gabriel, mas o herói da
vitória mais uma vez foi Deola, que defendeu bolas milagrosas. Teve uma que o
atacante chutou e ele “bateu roupa”, mas teve coragem de tirar dos pés do
atacante que vinha chegando. Nos últimos minutos ainda tirou o perigo de uma
série de escanteios e bolas cruzadas pra área antes do juiz apitar. Essa valeu!
Mantivemos a diferença de cinco pontos pro Criciúma, estamos a onze pontos do
quinto lugar, e ainda colocamos oito pontos na frente do Goiás. Nicholas Cage
só cuidou de um assassinato mas Carpé é muito melhor pois,. Além de assassinar
um monte de gente, ainda resolve os casos dos amigos.
Franklin Oliveira Jr. É desportista, escritor, professor
universitário, e criador do blog Memórias da Fonte Nova e da WEB TV Pra que
política?
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