E vai começar a Copa do Mundo...

| por Paulo Moraes |

No mês de junho de 2010 começará a primeira Copa do Mundo a ser realizada no continente africano – mais precisamente, na África do Sul. Então chega a hora de comprar a camisa canarinho, os fogos de artifícios, fazer as bandeirolas verde-e-amarelo e comprar a nova Televisão de LCD (pois não se pode assistir a Copa em qualquer TV). Com isso, o país todo se junta – como nunca antes na história – para torcer por nossos guerreiros nessa batalha intercontinental do Futebol.

Sabemos que tem copa do mundo de todos os esportes e não-esportes, porém “Copa do Mundo” é de futebol e chega até a ser redundante, pois hegemonia é hegemonia. Nem quando todos os esportes se reúnem conseguem o feito que é uma Copa do Mundo; por exemplo: o Brasil em 2016 precisa fazer bonito, mas já 2014 não adianta só fazer bonito, ele tem que ganhar. E ambos os eventos serão realizados no Brasil. Isso mesmo: os dois maiores eventos esportivos do mundo serão realizados aqui e em seqüência. Ainda estamos, no entanto, em 2010; deixa esses dois para um outro papo.


A Copa é um grande mercado, não só da bola, mas de quase tudo (para não dizer de tudo). Tudo está à venda, até mesmo a própria Copa. São milhões e milhões em marketing, onde já começamos a ver as propagandas falando em Copa e centralmente na poderosa Globo, que pagou uma fortuna para ter os direitos exclusivos de transmissão do evento; sendo assim, vamos ter que agüentar Galvão mais um ano de nossas vidas.

Desde de 1998 não torço mais para a Seleção (assim como a Copa, quando falamos de Seleção só tem uma, a de Futebol), pois depois do fiasco na França não tive mais emoção para torcer por ela, mas continuo um apaixonado pelo futebol e mais do que nunca pelo Esporte Clube Bahia. A emoção só pode ser constituída na relação e com a Seleção não existe mais relação. Só joga no Brasil uma vez ou outra e mesmo assim a preços que só fazem uma classe ter o direito desta relação central na paixão do futebol que é o estádio.



Só existe amor se você está perto e tão logo aviso que esse negócio de torcer só pela TV é abestalhadice. Prefiro me esgoelar no Estádio que ficar ouvindo os narradores da Globo colocarem que o Centro-sul do país tem o melhor futebol, como se isso não tivesse sido construído historicamente e de forma autoritária pelos grandes meios de comunicação. Prefiro continuar com as angústias que o Bahia me faz passar que viver de uma ilusão só comparada a de um relacionamento via internet.

Assim, este ano, mais uma vez, não torcerei pelo Brasil, como forma de protesto contra a alienação do Futebol. Colocarei as minhas preferências de quem devemos torcer nesta Copa em forma de organizar a contra hegemonia do Futebol e que assim não precisemos mais de Flamengos e Corinthians da vida para nos satisfazermos.

Nossas três seleções, que descreveremos o porquê de torcer para elas, serão a Grandiosa Argentina, a Comunista Coréia do Norte e o sempre Apaixonante Camarões.



Inté Breve...

10 comentários:

11 de fevereiro de 2010 às 09:18 Transa, revista disse...

Balela Paulão!! Respeito e até compartilho da sua posição contra hegemônica, mas o argumento de que não há como torcer para um time por televisão, pra mim, é abestalhadice.
Há ingressos dos jogos do Bahia que são caros também, e se estivesse na primeira divisão seria mais caro ainda, o que de fato afasta as classes menos abastadas dos estádios. Logo, se não tem porque torcer pela seleção, devido ao preço dos ingressos, não há porque torcer pelo Bahia também, que, além de estar incluso nessa mesma lógica escrota, tem o agravante de ser derrotado constantemente nas partidas. A seleção pelo menos ganhou a Copa América e Copa das Confederações ...
Se houvessem milhares de Paulões espalhados pelo interior do país, impedidos de assistirem, de corpo presente, os jogos do seus times do coração que atuam em outras localidades, com certeza não haveriam mais equipes, quem dirá futebol.
O ideário da racionalidade se sobrepondo ao emotivo é algo latente na nossa geração estritamente cartesiana. Embora a hegemonia intelectual nos comprima, e nos obrigue a pensar e agir mecanicamente, o futebol é uma das provas mais objetivas, que comprovam que tal ideologia é fajuta.
O amor é subjetivo,e anti-materialista-histórico-dialético. A prova disso é você torcer pro Bahia, mesmo sabendo que ele está capenga, mofando na terceira divisão.
Futebol se discute!!!!

Uyatã
P.s. Beijos para Paulão, e para Luíza ...

11 de fevereiro de 2010 às 13:57 Paulo Moraes disse...

Caro Uyatã

Creio que não entendeste, pois o que você generaliza é falso. Sou Bahia porque cresci em Salvafor e pude ir à ilustre Fonte Nova, onde os ingressos custavam 10 reais (inteira). Se hoje aumentaram está relacionado com o tempo atual, pois nada é neutro e puramente subjetivo. Se boa parte do interior da Bahia é Flamengo ou qualquer outra merda sudestina é porque para eles foram negado o direito de oprganizar suas equipes, pois a Radio Glogo só passava os jogo do campeonato Carioca, isso não é subjetivo é mais que objetivo. E Salvador quis se impor ao interior e com isso atrapalha mais que ajuda, pois não fortalece o futebol do interior. É só ver a situação do Grande Touro do Sertão.
E não seja tolo, o amor é dialetico, pois ele existe na relação de dois ou mais e não na esmera subjetividade burra da pós modernidade que prefere se abster que tomar posição no mundo real, seja ela da cultura ou do Futebol.

Se liga!

P.s. O Bahia está na segundona e pelo último ano.

11 de fevereiro de 2010 às 20:47 M. Correia disse...

A burrice, ao que me consta, não é privilégio de era ou ideologia nenhuma - é presentemente transversal a todas.

E o amor, ao que me consta, está dentro, mas para além das relações e ideologias, pois ele é pleno ainda que como palavra ou rima, som ou imagem, textura ou pele, como na manifestação mesma da arte.

E o futebol, ao que me consta, não se resume aos times profissionais ou a torcer por eles. Vim do interior, sou Vasco, mas o futebol esteve presente na minha vida como zagueiro, proto-técnico, organizador de partidas inter-bairros, e espectador dos campeonatos de 'várzea'.

12 de fevereiro de 2010 às 14:10 Paulo Moraes disse...

Caro Mauricio

Amor não está para além das relações, ele (o amor) é relação, mesmo numa situação platônica.
E o Futebol é torcer, pois quando erámos crianças jogavamos nos denominados tal jogador (provavelmente você se baseavanos nos times dos Vascos dos anos 90 (Sorato, Bebeto, Edmundo, etc) ou em craques da Seleção. Por mais que jogassesmo isto estava relacionado diretamente com que torcíamos, a favor ou contra. Como era bom os "Bavi's" no intervalo das aulas no colégio.
Concordo plenamente que a burrice não é intrisseca a nenhuma ideologia ou era, porém eu me posiciono no mundo real e não me escondo em ideologias que a constante é dizer nada ou sempre nada para não se posicionar na realidade que nos consome e nos faz.

14 de fevereiro de 2010 às 18:39 Marcos Rosa disse...

Argentina? Só se for em uma suposta final com a França e olhe lá. Camarões? Não, a onda agora é Costa do Marfim. Coréia do Norte? "Colé mermão ?" torcer para um país apenas por que se diz comunista quando na verdade é uma "ditadura escancarada"?

15 de fevereiro de 2010 às 06:51 Paulo Moraes disse...

Os hermanos Argentinos sim, comos os Chilenos, Paraguaios e Uruguaios, chega de nos opor ao irmãos da América Latina, isso é coisa do imbecil do Galvão.
A opção por Camarões vem de antes. Quem viu a copa de 90 sabe o que estou dizendo.
E no Brasil vivemos numa democracia? Se esse for o motivo para não torcer pelos Comunas, não cola!

15 de fevereiro de 2010 às 18:25 Marcos Rosa disse...

Olá Paulo, os argentinos são adversários históricos do Brasil, futebolisticamente falando, não é por que são da América Latina que vou torcer para eles, assim como o Vitória é da bahia e eu nunca torceria pra eles(já basta 1993). Ainda não vi nem Camarões nem C. Marfim jogarem, mas dizem que este último tem um futebol mais "alegre" por isso a torcida por eles.
Democracia no Brasil? Quem falou de Brasil? estamos falando da Coréia, país onde o Estado suprime direitos básicos da polpulação, assim como toda ditadura comunista ou não.
Abraço

16 de fevereiro de 2010 às 06:27 Paulo Moraes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
16 de fevereiro de 2010 às 06:32 Paulo Moraes disse...

Caro Marcos

Espere pela apresentação dessas três seleções que farei (estes textos serão lançados respesctivamente nos dias 25/02; 11/03; 25/03, na seguinte ordem Camarões, Coréia do Norte e Argentina) e então aprofundamos o debate em relação o porque torcer por elas.
Assim trarei mais argumentos para essas escolhas, sendo que está claro que não torcerei pela Seleção, mas que continua com S maiúsculo.
E suas indagações são muito importantes, pois só podemos escrever se quem ler nos indaga, com certeza meus textos trarão tentativas de respostas as suas inquietações.
Que bom que seja torcedor do Grandioso Tricolor de Aço, pois quanto mais melhor e esse ano acaba nossa angústia.

Obrigado e parabéns por estar na Transa!

21 de fevereiro de 2010 às 05:52 Marcos Rosa disse...

Estarei esperando pelos textos.
E sobre o Esqudrão: quem já viu alguém sendo engolido por areia movediça conseguir se puxar pelo cabelo? esse é o Bahia, tentando todo ano, todo iníco se puxar pelo cabelo pra sair da areia movediça, e claro, não funciona e não funcionará. Precisamos do sócio-torcedor, mas mais ainda de democracia, transparência e profissionalismo. Se os abutres da diretoria não largarem o osso temo pelo futuro.
Abraços e parabéns pela Transa

Postar um comentário