Resident Evil 54

|por Franklin Oliveira|

O vírus mortal V, desenvolvido pela Alexi Portela Corporation, continua dizimando o planeta da Segundona e transformando os clubes brasileiros numa legião de mortos-vivos comedores que não conseguem nem mais comer churrasco humano. Esse é o enredo da nova máquina de horror e ficção científica de Hollywood: a série Resident Evil que já está no número 5, dirigida por Paul Anderson e contendo em seu elenco a manjada Milla Javovich, mas também Michelle Rodriguez, Shawn Roberts e outros menos votados.

Desde o final da década passada a turma do cinema norte-americano botou tudo o que se pode pensar no cinema pra fazer dinheiro. Explorou os super heróis, atacou de vampiros, de calamidades, o escambau, e depois reproduziu esses joguinhos de vídeo game para conseguir atrair para a telinha os aficionados pelos jogos e efeitos especiais. E não é que dá certo? Tem gosto pra tudo!

Mas o motivo da minha crônica é que agora a série passou dos limites copiando a campanha do Vitória pra botar na telinha. Todo mundo sabe que não há vírus mortais por aí a não ser o do leão. E, com exceção do cinema norte-americano que está matando embaixadores e militares do país com aquele filme ruinzinho contra Maomé, quem realmente está dizimando é o meu rubro-negro.

Os adversários que falem á vontade, mas não é verdade que os demais clubes da Segundona viraram mortos-vivos? Esta semana o leão disparou colocando sete pontos na frente, ninguém nos segura! Até o Criciúma, o único que parecia que ia fazer uma fezinha, entrou na dança tomando de quatro dentro de casa do América mineiro. Agora lá vem se assanhando o Goiás mas na semana que vem será devidamente fritado no Barradão.

O Vitória é a única e última esperança da raça humana, e olhem que não estou falando de eleições, desses candidatos que prometem salvar as cidades e que não votar neles é o dilúvio. No filme é a Milla quem caça os responsáveis pelo vírus, mas isso é lá por Hollywood, na vida real quem caça os clubes pernas-de-pau é o leão da Barra. E nem precisa ir de Tóquio à Nova Yorque ou de Washington à Moscou, basta ir de Canabrava a Joinville e subir até Goianinha. E ainda tem mais, no filme a heroína tem o apoio de muitos aliados e amigos, enquanto na Segunda Divisão ninguém é amigo de ninguém e o pau come solto.

Esta semana foi um horror. Na terça feira passamos o maior sufoco pra detonar o Boa Esporte. A partida poria por terra qualquer jogo de vídeo game. Os diabos dos mineiros deram a maior canseira no leão. Abriram o placar logo no início, no maior vacilo de Gabriel (que podia ter botado a bola pra escanteio) e quase enfiavam mais uns três gols. Disse que ninguém ajuda o leão, minto, na verdade só o homem de lá de cima!

Os mineiros, como todo mundo que aparece por aqui, marcavam nossa dupla de atacantes e o Pedro Ken. Mas o nosso problema mesmo foi a falta do volante Uéliton.  Sem ele a zaga estava desprotegida não adiantando o Fernando Bob. Mas bastaram dez minutos pra ganhar o jogo. Quando olhei pro placar o leão tinha virado pra três a um pois quando entrou a primeira bola veio de cambulhão, sobrou até pra Pedro Ken fazer gol de falta.

Foi nesse dia, em que o Criciúma pegava a parada indigesta do Goiás, que o Vitória disparou botando sete pontos na frente. Será mesmo que foi “coincidência” que apareceu por aqui um juiz desgraçado? Rapaz, eu acho que a situação quase engrossou por causa desse cara. Ele não marcou dois pênaltis pro leão, um deles que o cara deu uma de basquete dentro da área, e, ainda por cima, deu um gol de presente para o Boa Esporte (o segundo) quando haviam dois atacantes tomando banho.

Ontem foi outra pedreira, quando viajamos pra Campinas pra pegar o Guarany que estava num crescendo há várias rodadas. Mas o mundo hostil dos paulistas está prestes a ser destruído, só se salva esse ano o São Caetano (na Segundona) e o São Paulo (na Primeira Divisão), o resto é só caixa de pancada.

O campo de Campinas mas parecia o planeta Terra completamente destruído como mostram no início do filme e Milla diz, pra provocar, que “Esse é o meu mundo”. O time entrou debaixo do sol com os desfalques de Uéliton e Nino, e a volta de Willie no lugar de Tartá, enquanto Carpé ficava na cabine de ar condicionado. Mas não estou mais reclamando disso não porque o esquema é pé quente.

Começou a partida com vontade mas logo Milla perdeu a iniciativa pro verdão, que chegou de cabeça em escanteio aos cinco, pra Deola pegar. Eu estava na casa do meu vizinho Carlos Bride e resolvi não me preocupar, mesmo porque essa situação só durou cinco minutos, logo aos seis foi a vez do Léo chutar uma bola difícil pro goleiro rival que colocou pra escanteio. E mais um minuto Schwenck (lembram-se dele no Vitória) dá de mão fora da área e a bola sobra pra Pedro Ken que isola batendo por cima. Enquanto isso o Goiás já abria o placar contra o Atlético Paranaense e o Ceará enfiava dois no Joinville.

Aos 11 minutos Léo desce bem mas o zagueiro bota a bola lá em Hollywood. O time chega mais duas vezes na área, mas perde o último passe. O domínio do leão é significativo e o Guarany tem que optar pelo contra ataque. Mas os verdes voltam a equilibrar as ações e chegam forte aos 21, quando, graças ao nosso aliado extra terrestre, Schwenck perde de cara com Deola.

O Joinville diminui, começam a aparecer gols lá em Maceió, mas em Campinas necas de pitibiribas. O leão responde a estocada dos adversários e o jogo esquenta aos 22, quando Michel chuta, mas a bola bate no beque, e aos 25, quando Léo faz nova arrancada mas passa mal na entrada da área. Mas ficou nisso pois os paulistas não deixam nosso meio de campo armar as jogadas, e atacam aos 28(chutando a gol sem direção) e aos 31(com um chute forte do ponta que Deola coloca pra escanteio).

O rubro-negro só retoma a iniciativa mais á frente, quando outra subida de Léo é barrada à base da falta que Pedro Ken bota na trave. Droga, essa tinha que entrar! Nessa hora o leão faz o maior rush da paróquia, consegue três escanteios e outra falta, a bola bate e rebate mas acaba nas mãos do goleiro. Nos últimos cinco minutos William, Elton, Willie, perdem a última bola na área e a bola vai pra fora, Elton desce bem mas a bola vai de novo pela linha de fundo, e de William tabelar mas chutar fraco no gol.

Lá na casa do meu vizinho no intervalo reinava a tranquilidade no meio a guerra do planeta. Tínhamos gordura e poderíamos cair dois pontinhos na tabela e a coisa quase melhora quando o Atlético Paranaense empatou, após estar perdendo de dois a zero pro Goiás. No início do segundo tempo as coisas pareciam do mesmo jeito. No entanto parece que o Guarany se retou. Chegou três vezes em quatro minutos. Foram três estocadas perigosas, na primeira nossa zaga botou pra escanteio, na segunda Deola fez uma defesa sensacional, e, na terceira, o zagueiro deles cabeceou pra fora. Parece que o time entra desconcentrado pra só pegar as manhas depois que passam alguns minutos.

O Vitória só chega aos cinco quando William pega bem um cruzamento, mas além de perder a chance está impedido. Três minutos depois, Elton, ao invés de chutar, cruza para o meio da grande área e perde boa oportunidade. Mas o jogo está lá e cá, e, aos onze, o atacante bate uma falta cruzada do lado direito e a bola, caprichosamente, não pega em ninguém e vai se chocar na nossa trave. Ufa! No próximo lance Léo sofre estiramento na coxa obrigando a Carpé colocar em campo o Rodrigo Costa e a Gabriel ir para a lateral direita.

Acho que as coisas até melhoraram para a defesa por caso do aliado que chegou pra ajudar Milla. O ataque, porém, ficou prejudicado sem as arrancada de Léo. Demorou uns dez minutos pra descobrirem o Gabriel adiantado e enfiarem uma bola com açúcar pra ele que na frente do goleiro Emerson se atrapalhou todo e chutou em cima. Era a bola do jogo mas o zagueiro não tem pinta de goleador.  Foi só até aí que Carpé aguentou a inoperância ofensiva tirando Willie pra colocar Marco Aurélio enquanto o Guarany muda dois tentando melhorar seu ataque.

A partir daí os paulistas chegaram duas vezes, aos 23(cabeceando por ci8ma um cruzamento) e aos 27(com outra cabeçada, agora de Junior Negão). Mas logo a seguir Fernando faz uma falta desclassificante no Marco Aurélio e é expulso. Ponto pra gente, é agora que as coisas vão ferver! Pelo menos era o que agente pensava, que com dez jogadores a coisa ia dar. O Guarany tirou um atacante pra colocar mais um zagueiro enquanto Carpé tirou o volante Bob pra colocar o goleador Dinei.

O que eu pensei que era um 4-2-4 acabei vendo que não era, pois Marco Aurélio começou a marcar lá atrás e vir com a bola dominada, virando então uma espécie de 4-3-3. O leão passou lentamente a ter o controle da bola, chegou aos 33, com Dinei batendo mal pra fora. Mas os verdes buscavam os contra ataques, como o cruzamento perigoso que fizeram aos 37. Os últimos minutos do filme-jogo foram emocionantes.

O leão chegou aos 39(numa roubada de bola), aos 40(quando Elton girou por cima da meta), e aos 42, quando Elton (mais uma vez) rouba a bola de um zagueiro na área e tenta, egoisticamente, chutar sem ângulo não vendo Willie que chega sozinho na área, e o goleiro Emerson pega.  Foi a segunda grande bola do jogo perdida. O time ainda chegaria com Willie e com Dinei mas o preparo físico já tinha ido pro beleléu, e teve que aguentar umas descidas dos paulistas nos últimos instantes.

E foi só, não deu nem pra chorar o resultado. Foi tão curto como mas gravações do filme. Chegamos aos 54 pontos. O Goiás está mais perto mas, com a derrota dos paranaenses, o leão continua a onze pontos do quinto colocado.  Todos os caminhos apontam pro Barradão, onde, no próximo sábado, o rubro-negro recebe o Goiás, no tão esperado confronto entre Alice (Milla Jovovich) e Jill (Siena Guillory). Sai de baixo que é final antecipada e o planeta vem abaixo!

Franklin Oliveira Jr. É desportista, professor universitário, escritor, e criador do blog Memórias da Fonte Nova e da WEB TV Pra que política:

0 comentários:

Postar um comentário