ULTIMATO: o essencial para ser de Fêra!

|por Camillo Alvarenga|

"Eu sou de feira,
quem não é,
passa,
até uva passa"


Falando sobre ser, a Transa Revista é, e sendo assim sobrevive as intempéries virtuais; nossos intelectuais ainda resistem. Um órgão de imprensa como tal vale-se mais de sua  periodicidade, que de seu risco de gerar opiniões contraditórias. Na peleja entre os homens de pensamento e os de ação, a realização cultural operada em feira por jovens artistas vem sendo de total relevância para a construção do universo cultural da Bahia. E o nosso portal é uma testemunha, ainda viva e pondo em revista a nossa realidade social contemporânea.

A figura central da UEFS parece ser inalienante, por razões óbvias, mas a vida intelectual em Feira não se restringe, ou circunscreve-se, a ela. Agora o que, mais do nunca, impressiona, é o dissipar de ações e os processos de ocupação e empoderamento de espaços como o do MAC, do Jeca Total, do Amélio Amorim, do Antiquarius Pub, entre outros universos que servem para capilarizar as expressões culturais desta terra sertânica.

A Sociedade dos Poetas Anônimos composta por Agostinho Neto, o maldito da encruzilhada, Léw Gomes, em horas de insanidade, Danilo Gomes e sua voz metálica, Edson de Paula e seus versos desestando, André Azas instrumentista de raro talento e Uyatã Rayra, de quem falaremos mais um pouco adiante, foi um dos movimentos literários que despontou com  a coletânea Visões Anônimas, Verbos no Infinito, nos ido de 2000. A Sociedade foi antes um movimento que chamou atenção para a natureza criativa desta terra. Além dela, Ricardo Pacheco, professor, capoeirista e compositor com suas canções são um bálsamo de poesia para os ouvidos do seu violão muito bem executado surgindo também como pontos de destaque para entender Feira de Santana, do ponto de vista estético.

A figura até então primacial de Ederval Fernandes, enquanto agitador cultural, poeta, músico entre outras atribuições que por certo desconhecemos, vem a tempos despertando o interesse da comunidade local, para suas atividades. Desde a fundação da Transa (ao lado da fotografa Dolores Rodrigues, do cinéfilo e escritor João Daniel G. de Oliveira, do historiador Paulo Moraes, e do músico e poeta Uyatã Rayra entre outros colaboradores),  e a posteriori com a criação da Coleção Nova Letra com apoio do MAC e de Edson Machado, antigo editor de novos escritores na cidade  (que tem no seu conselho editorial, além de Ederval o coordenador, o crítico literário Rodrigo Lobo Damasceno, Clarisse Lira estudiosa da Literatura Hispano-Americana e o compositor Davi Lara)  a sua figura se revela de rara atenção. Ainda no campo literário é sintomática a produção de uma literatura feminina sólida, em especial na poesia, nas figuras de Clarissa Macedo e Lidi Nunes que integram a coletânea do Concurso Feirense de Poesia Godofrefo Filho e a Antologia Sangue Novo, coordenada por José Inácio Vieira de Melo.

É notável a nova geração feirense de intelectuais que, desde o surgimento  do grupo de declamação OSBOCASDOINFERNO com Nívia Maria Vasconcelos, Silvério Duque, poeta, músico e professor, desde o Grupo Arranjos com Gabriel Ferreira(percussionista, artista plástico e atual gestor do Centro de Cultura Amélio Amorim), Paulo Akenaton ( último vencedor do Vozes da Terra) e o já citado Silvério, faz-nos perceber que revela-se nesta cidade um constante poder de atualização da potência cultural com nomes como Maths Carmo e sua discotecagem e ativismo cultural, Uyatã Rayra reconhecido compositor feirense,com destaque para seu novo projeto acústico intitulado, Mórula, ao lado da banda A Ira de Rá.  

Iniciativas como o Feira Coletivo Cultural é um instante cultural ascendente.  Bem como as bandas Clube de Patifes, Calafrio, Presente de Grego,  que compõem um cenário do rock. Na MPB tem-se Ramom Lima, Bruno Bezerra como artistas que investem tempo em uma carreira de músicos solo. Os meninos de seu Zeh são ainda o forró universitário mais popular. No reggae desde nomes como Gilsan, Dionorina e outros hoje, a Banda da Senzala vem a ser uma grata aparição da música negra de qualidade na atualidade. É preciso também lembrar de Asa Filho  e o seu Cidade da Cultura enquanto espaço de dinamismo e representação na vida cultural dos feirenses.

Ao lado de Elomar e Xangai a figura de Jatobá, poeta, vem também compor a paisagem artística e cultural da região em que Feira se encontra, bem como a figura emblemática de Franklin Machado e seus cordéis, xilogravuras etc. O Cuca e mais atualmente a Tv Olhos D'Água apontam para novas formas de organizar a cultura em Feira. Que desde o movimento do Grupo Hera onde poetas com Antônio Brasileiro, Roberval Pereyr, Trazíbulo Casas e entre eles o artista plástico Juraci Dórea povoam a cidade com seus traços e versos, cores e sons que ecoam no imaginário local. Jovens artistas visuais como Marcio Junqueira, Don Guto realizadores na coletânea Rabiscos, e Caio Augusto também aparecem como uma nova expressão da identidade estética de Feira.

E nesses dois anos e meio de militância pela cultura o projeto editorial, crítico e social da Transa Revista sobrevive ao inusitado e ao improvável. Que venham mais alguns anos para Transa! Por que a Transa é de Feira!

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Literatura:
Artes Visuais:
Arte-Educação.
Poesia:
Espaço cultural

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