Long live rock and roll!

|por João Guerra|
Na década de 50, saltava à evidência um ritmo musical que mudaria definitivamente os caminhos que a musica popular traçaria por todo o mundo. Todos já ouviram falar dele, o bom e velho - porém sempre atual - Rock and Roll. Como esse texto vai circular por meios internéticos, vou pontuá-lo com links para cada uma das bandas citadas no mesmo; o acesso a estes é opcional; mas contribuirão para uma melhor ilustração do panorama que se traça aqui da história do rock and roll.

Fruto da fusão musical das culturas brancas e negras do sul dos Estados Unidos, facilitada pela popularização das vitrolas e dos discos de vinil. As cidades do sul dos EUA viviam essa mistura cultural de maneira mais rica, por contarem com maior miscigenação na sua composição demográfica: o sul dos EUA foi o principal foco da escravidão negra naquele país, o que pode explicar o desenvolvimento de muitos ritmos negros americanos naquela área, como o jazz e o blues (que seria, junto ao country - de origem branca - parte da raiz bipartida do rock and roll). Dizem as boas línguas que o Bo Diddley, lenda do blues (e do rock) ensinou o caminho das pedras a Elvis Presley... Vamos ver o caminho das pedras do rock, em especial no Brasil.


Rock and Roll
O nascimento do rock, como o de qualquer outro estilo musical, não tem uma data ou música específica como ponto de partida; foi fruto desse processo de choque e interação sócio-cultural do qual já falamos anteriormente. Se quiser um marco do início do rock and roll, sugerimos que dê uma olhada/escutada a Bill Halley e seus Cometas - Rock around the Clock, de 1954. É um marco em termos de alcance e sucesso na história do início do rock. Outro exemplo desse início do rock and roll, e um dos meus preferidos, é Chuck Barry - sua atitude e ousadia no palco, somadas ao ritmo frenético de suas canções marcariam e mudariam para sempre o caminho que tomaria o estilo. Go, Johnny, Go!


O que faz do rock ser algo mais que um estilo musical qualquer passa justamente pelo fato de que ele deixou de ser apenas um estilo e afetou parcela imensa da música mundial; ele não é apenas um estilo de sucesso na música. Ele tem formas tão dispares como o folk-rock de Crosby, Stills, Nash & Young e o glam-rock andrógino de ficção científica existêncial de David Bowie, passando pelo hard-rock animal do Deep Purple - tudo isso só para não sair da primeira metade da década de 70. Os respectivos links seguem e basta clicar para ver:


Rock no Brasil
Como já foi dito, o impacto do rock não se restringiu ao seu país de origem. Aqui nas nossas bandas brasileiras, ele deixou também marcas indeléveis, participando de fusões rítmicas e musicais com o samba, a MPB, o forró, o sertanejo e a nossa música carnavalesca. Vamos dar uma olhada no que o rock aprontou por aqui.

O rock teve um ponto importante no Brasil no período da Jovem Guarda, quando Roberto, Erasmo e sua turma embalavam as festas do país com o Iê-iê-iê. Esse período começou na metade dos anos 60 e durou até o final da mesma década. Costuma ser bastante criticado por não ter tido posturas de engajamento político, especialmente numa época em que o pais foi marcado pela arbitrariedade política do regime militar de 64. Mas demos um desconto; o rock era da pesada.


Depois disso, vieram aqueles que representaram para a música brasileira o que talvez os Beatles ou Jimi Hendrix tenham representado para a música pop mundial: Puseram em prática a ideia de que não há fronteiras obrigatórias no mundo da música. Os tropicalistas. Além disso, na minha opinião, eles foram ainda mais longe do que os Beatles em termos de experimentalismo: Por fazerem parte de um país periférico na difusão de cultura internacional, não falante de língua inglesa, nossos queridos tropicalistas e outros experimentos subsequentes tiveram possibilidade de gerar sínteses da musica brasileira com a mundial com uma profundidade que não se encontra facilmente por aí. Nós tínhamos o que nascia do nosso país e ainda recebíamos o que a cultura estrangeira nos exportava; isso nos possibilitou construir musicas mais ricas e miscigenadas musical e culturalmente. Se não contavam com os aportes técnicos com os quais contam as maiores bandas do mundo, os nossos me parecem mais agraciados em criatividade.


O tropicalismo coincidiu temporalmente com o final dos Beatles, a morte de Jimi Hendrix e o auge do movimento hippie, que acontecia no bojo de turbulências sociais nos EUA relacionadas à luta pelos direitos sociais e a oposição à Guerra do Vietnã. O Festival de Woodstock é o símbolo máximo do rock-hippie; eles queriam mudanças; só não sabiam por onde começar. Começaram por si mesmos, mas infelizmente, isso quase nunca se reflete na sociedade como um todo. Segue exemplo de Woodstock e o combate à guerra do Vietnã;


Voltando ao Brasil, na década de 70, as próximas paradas são Raulzito, que começou na década de 60 fazendo bailes de Rock and Roll nas festas da sociedade baiana e terminou como sabemos; e Os Novos Baianos, na minha opinião, uma das melhores bandas que já passaram por cima dessa terra e de todas. Se o primeiro faz questão de ressaltar que não tem nada a ver com a linha evolutiva da música popular brasileira (uma meia verdade; uma frase de efeito mais que uma realidade), os segundos podem ser considerados uma evolução natural do tropicalismo e certa experiência abrasileirada do hippismo; um auge da música brasileira, com o pé fincado na nossa cultura e usando o rock and roll como um baita de um acessório em suas músicas.


O Rock continuou sua caminhada aos trancos e barrancos no Brasil e teve um novo impulso na década de 80 com o chamado BRock, ou Rock Brasileiro, exemplificado em grandes bandas como Legião Urbana, Barão Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso, entre muitas outras.


Na década de 90, o rock and roll continua vivo, seja em formas mais específicas de seus sub-grupos, seja entremeado nos mais diversos musicais:


Nos anos 2000, o rock recebeu um forte embalo advindo de bandas feitas para públicos adolescentes, com musicas românticas, falando as atribulações dos jovens amores, numa adaptação de uma tendência comercial norte-americana. A gente pode gostar ou não, mas eles estão aí:


Para além do mainstream, o rock continua muito vivo, e aqui na nossa Bahia temos um cenário bastante ativo e que vem passando por certa consolidação, acompanhada duma interessante renovação:


Mais além do maistream ainda, sempre existiu e sempre vai existir o bom e velho undeground:


- Certo, João, tudo bem, você falou pra caralho, mas e o dia do rock?!
- Bem, eu podia explicar a vocês que o dia do rock acontece no dia 13 de julho, pois foi o dia em que as maiores estrelas do rock mundial se reuniram em dois grandes shows concomitantes, em Londres e na Filadélfia, para arrecadar fundos para a fome que assolava a Etiópia no momento, o que por sinal é uma causa das mais nobres. Mas foda-se o dia do rock. Todo dia é dia de rock, caralho!

Para curiosidades, mais indicações, sugestões, elogios e comentários, podem mandar um email para jombax@hotmail.com. Para críticas, escrevam-nas em papel timbrado do ministério de relações exteriores e as enviem, junto com tradução juramentada ao latim para "Joseph Ratzinger, Bento XVI, o Pai do Rock - Santa Sé, Cidade do Vaticano. Roma, Itália. CEP 666.66666". Muito Obrigado.

João Guerra é professor de história, blogueiro quando da na telha e gaiato em tempo integral.

2 comentários:

14 de julho de 2011 às 07:07 Paloma Gavazza disse...

Ótimo artigo! Adorei!

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