De “ordem” a “progresso”: Ricardo Teixeira e as diretrizes da Seleção

|por Ederval Fernandes|

Aqui começa um especial sobre a campanha da Seleção Canarinho na Copa América 2011. Como este escriba esteve ocupado nestes últimos dias, por força de provas e trabalhos a serem entregues na universidade, aqui vai, mesmo que atrasado, um apanho geral sobre esta suposta nova fase da Seleção Brasileira e seus desdobramentos no segundo campeonato mais importante do continente. O primeiro, é claro, é a Taça Libertadores.

Ricardo Teixeira é um sofista. Há quatro anos atrás, quando a Seleção Brasileira (em maiúsculo, claro) estreava na Copa América, o que o senhor Teixeira exigiu a seu comandado Dunga era o seguinte: “eu quero ordem na casa!”. Dunga entendeu a exigência à sua maneira: ao impor ordem e respeito ao manto canarinho, tirou quase todos os craques medalhões das convocações. Lembro-me aqui de algumas oportunidades Ronaldinho e Kaká começarem no banco de reservas. Isto porque, acreditava Dunga, era preciso que Ronaldinho, Kaká e os demais craques entendessem o quanto é sério e importante vestir a camisa da Seleção. O lema era “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Qualquer semelhança com a ditadura não é mera coincidência.

O final da era Dunga já conhecemos. Sem brilho, taticamente rígida e refém de alguns lampejos de Robinho, Luis Fabiano e Kaká, descartando Ronaldinho Gaúcho e as “novidades” Neymar e Ganso, o Brasil de Dunga freqüentou pódios e ergueu taças, mas convenceu muito pouco, e, quando foi a hora da verdade, sucumbiu nos campeonatos mais ambicionados pelo seu mandatário e pela torcida: a Copa do Mundo e as Olimpíadas (esta maldita medalha de ouro que nunca vem).

Após amargar a eliminação na Copa do Mundo, e percebendo no povo brasileiro certo ar de descontentamento mais do que de tristeza, o sofista Ricardo Texeira, num golpe de sagacidade que só os canalhas conseguem, exige com todas as letras que o nosso futebol volte a ser alegre e envolvente. O Brasil não pode perder essas características tão marcantes, que foram castradas pela postura defensiva de Dunga, e pela escolha arbitrária e medíocre dos jogadores que fizeram parte do plantel do carrancudo treinador. Ricardo Teixeira chegou em cadeia nacional e sentenciou: “chega de força, agora eu quero o futebol arte de novo”.

Ainda em 2010 o “futebol arte” da era Mano Meneses e dos meninos da Vila estreava contra os Estados Unidos lá mesmo na terra do Tio Sam e da Nike. Com um esquema tático com três atacantes e um meia-armador, com volantes que sabem que a bola é redonda, o Brasil sapecou três a zero nos yankees. O jogo brasileiro foi bonito e ofensivo, insinuante como há tempos não vinha sendo. Meu coração de torcedor se sentiu esperançoso com os rumos dessa era “da alegria”. O próprio Ricardo Teixeira dissera que iria dar tempo ao tempo e que não importasse os resultados imediatos, ele queria mesmo era o ouro nas olimpíadas e a taça de campeão do mundo, em 2014. Alguns maus resultados vieram, a canarinho perdeu pra Argentina e França, alguns torcedores, achando tais resultados o próprio fim do mundo, jogaram pedra na cruz e amaldiçoaram Mano e seus convocados.

Então veio a Copa América. A convocação, parece-me, não desagradou a muitos. Fred talvez seja o nome mais contestado da lista, mas, convenhamos, desde que Ronaldo nos deixou, qualquer centro-avante será contestado. Muita gente lamenta a ausência de Hulk, mas poucos sabem que ele não é centro-avante de ofício. A ausência do lateral esquerdo Marcelo me desagradou, mas, ao que tudo indica, ele não está muito afim de jogar pelo manto Canarinho. Azar dele. André Santos dá pro gasto, por enquanto.

Se a convocação não causou histeria e briga coletiva, o empate com a Venezuela na estréia da Copa América foi o suficiente para inúmeras pulgas saltarem atrás das orelhas do torcedor brasileiro. É certo que mesmo jogando mal, o Brasil impôs seu ritmo de jogo e a bola só não entrou porque, além de ser caprichosa, nossos atacantes não estavam num bom dia. Robinho foi substituído, Neymar esteve longe do Neymar da Libertadores e Ganso ainda precisa de ritmo de jogo, embora isto não tenha sido a causa exclusiva do seu desempenho abaixo da média.

Não pude, infelizmente, assistir o jogo. Mas li todas as resenhas e reportagens sobre, assisti todos os VTs possíveis e, a despeito do espólio que tenho para julgar a estréia da Seleção na Copa América, creio não ter sido tão desastrosa assim. Tudo bem, não ganhamos da Venezuela, o maior saco de pancada do continente, mas paciência, a anfitriã e favorita Argentina também empatou com a Bolívia e, exceto o Peru, todas as demais seleções empataram seus jogos.

Posso estar redondamente enganado, mas nutro boas expectativas para com essa Seleção Canarinho. Só o tempo nos dará a verdadeira resposta. Até lá, neste caso, o que nos resta é torcer.

Ederval é estudante de Letras pela UEFS, escritor, poeta e um grande sábio do Crônica Futebolística Nacional.

3 comentários:

6 de julho de 2011 às 09:09 Marcos Rosa disse...

Acho que 3 atacantes é demais, é melhor por mais um homem ciativo no meio. Deixar esta função apenas pra o Ganso é arriscado, pois quando ele não jogar bem, sobra para o Ramires tentar carregar - e pisar- na bola, ou então as boas tentativas do Daniel Alves.
O meio poderia ser: Ramires e Lucas Neiva, Ganso e Lucas (São Paulo), na frente Neymar e Robinho (ou Pato).

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http://algunsfilmes.blogspot.com/

6 de julho de 2011 às 11:07 Deusdete disse...

a propaganda midiática na estréia do jogo do Brasil era de uma seleção altamente ofensiva mas não acho que ter tr^s atacantes seja sinõnimo de ofensividade, até porque, pra mim, robinho não merece vaga nesse time e muito menos apresenta um futebol 'arte'. hoje a única arte que robinho apresnta é aquele cabelo(rsrsrs).
Robinho de um ótimo ciclista com suas pedaladas no brasileirão de 2002,hoje pega carona no quadro do Santos...e no cabelo do Pelé !

PS:Isso me lembra o robinho anão do pâniconaTV, PEDALAROBINHO, PEDALA!!!

6 de julho de 2011 às 12:25 Paulo Moraes disse...

Concordo com tudo acima!

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