Um sangue viscoso e laranja

|Por Sophia Sales*|
Soa a sirene... O turno acabou.


Ando desesperado, tremendamente apressado para chegar em casa.
Como dói a labuta do pão-nosso de cada dia.
E por falar em pão, tudo que agora quero é um pão.
Pão-cheiroso, pão-gostoso, pão-mineiro, pão-de-queijo!
A boca saliva na espera desse doce aquecimento.
Tudo em vão.
Abro a porta.
Meus olhos não querem crê no que vêem.
Meu Deus! Lá está ela, chorando lágrimas de sangue.
Como? Por que? Queria eu saber.
É tudo muito estranho ...
Um sangue viscoso e laranja desce como cachoeira viva.
Quanta angústia.
Quero logo saber o que se passa, e de maneira sem graça pergunto:
- Que aconteceu minha querida?
Nem o silêncio responde.
Posso ouvir até o barulho das lágrimas, mas tudo permanece em completo silêncio.
Entro então em completo desespero.
Onde estou afinal? Em casa? Em um bosque?
Trepida loucura!
Onde está você agora minha querida... Não a vejo mais....
Sinto, porém suas lágrimas de sangue sobre o meu corpo.
Vejo tudo imantando em mim. O sangue que corre na pele escoa veias adentro.
Mágica simbiose.
E pela primeira vez me sinto inteiro: corpo e alma.
Vou me desfazendo, espalhando pelo chão esse novo ser, vitalizado.
Despedaçando, instilando desejos e sonhos para que nasça novamente, entre um turno e outro, um novo sangue viscoso e laranja.
Ah! A cor púrpura é meu bem querer.
Até amanhã.

*Sophia Sales, ela tem 16 anos e é aluna do primeiro ano do curso técnico em edificações do CEFET MG em Curvelo/MG

5 comentários:

11 de fevereiro de 2011 às 14:16 Unknown disse...

Ai muito obrigada por ter postado minha poesia, e valeu pelo ótimo Karla.

11 de fevereiro de 2011 às 16:23 Nah disse...

Minha escritora . hahaha

12 de fevereiro de 2011 às 03:26 Transa, revista disse...

Estamos ai para isso, divulgar os que querem falar com mais que si mesmo.

Abraços
Transa Revista

3 de abril de 2011 às 12:54 Diego P. G. Silva disse...

Ah nem preciso falar mais nada neh Sophia!!! Texto ótimo! Sucesso sempre!

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