CARTA ABERTA

Aos Residentes, comunidade universitária e todos os leitores da Transa Revista 



Nós do Conselho Editorial da Transa Revista de forma alguma estamos de acordo com o posicionamento explicitado por Thiago Souza, autor do texto “Em louvor da casa”, e consideramos que este apresenta teor equivocado, generalizante e hiperbólico. Entendemos todo descontentamento dos residentes e, em boa medida, estamos de acordo com eles. Temos a plena convicção de que nenhum dos residentes são "excrementos"- nem se enquadram em nenhum outro adjetivo depreciativo apresentado naquele texto. A administração superior, o quadro docente, os estudantes e a Transa Revista tampouco são merecedores de tais injúrias - se vocês prestarem atenção, o autor do texto se dirige a TUDO que está na UEFS como excremento, inclusive "esta revista absurda".







Então, já que discordamos prioritariamente das opiniões do autor do texto, por que o publicamos? Aqui está a resposta:

Quando pensamos em construir esta edição, pretendíamos fomentar o debate sobre a relação Residência e Universidade, todavia não desejávamos que o conteúdo desse assunto fosse debatido de forma unívoca. Logo, decidimos que deveria haver o posicionamento tanto de um residente, quanto de outro estudante que expressasse uma posição divergente. Desta forma, acreditávamos que, através de uma discussão levantada a partir de dois pontos de vista antagônicos, poderíamos problematizar algumas questões concernentes à Residência – que entendemos ser um direito inequívoco dos que nela habitam, e dos que pretendam nela habitar. Desde a edição número zero, tivemos a preocupação em levantar algumas questões sobre aquela relação e não foi à toa que publicamos na entrevista “Entardecer na Nova Consciência” as opiniões de Thiago Dias e Edmundo Reis, ambos residentes, sobre o assunto.



Não houve pretensão alguma, por parte da Transa Revista, em priorizar ou enaltecer algum dos dois discursos publicados. A Transa Revista se reserva o direito de discordar não só do texto em questão, mas de algumas outras declarações publicadas, tanto na edição anterior, quanto na atual. Todavia, não faz parte da nossa política editorial deixar de publicar um texto por estarmos em desacordo com as idéias nele presentes.




Até o momento, a Transa Revista é desprovida de interesses comerciais e está inserida numa Universidade que se caracteriza por ser um espaço que abriga os posicionamentos mais díspares e, portanto, um lugar propício ao diálogo. Não somos ingênuos ao ponto de almejar agraciar todas as pessoas, contudo não deixaremos de considerar respeitosamente as críticas que nos sejam dirigidas. Dessa forma, nosso blog está aberto, caso queiram expor qualquer insatisfação ou elogio referente às matérias, ou até mesmo à própria revista. É só entrar em contato conosco através do e-mail: transarevista@gmail.com.


Esperamos que vocês possam ler o restante das 23 páginas da edição número um, pois ela tem muito mais a oferecer do que um sem números de ofensas.

Atenciosamente, 



Transa Revista

8 comentários:

15 de maio de 2010 às 09:58 Unknown disse...

Só uma pergunta: o conselho editorial teria deixado passar um artigo de natureza homofóbica? De cunho racista? Penso que não. Por que, então, publicar um texto injurioso a respeito dos colegas de UEFS que vivem na Resi?
Tanto a opinião do estudante de Letras quanto a sua publicação foram, do meu ponto de vista, equivocadas, infelizes. Liberdade de expressão? Uhum, certo. Mas será que vir a ser uma revista que publica todo e qualquer tipo de opinião, por mais desacertadas e onfensivas que elas possam ser, é o que a Transa planeja para si? Não é tudo que o conselho vai deixar passar, não...

Essa Transa não foi boa, para mim - nem para um monte de gente.

15 de maio de 2010 às 10:20 Paulo Moraes disse...

Cara Llu

Você leu o restante da Revista, ou melhor o outro texto que trata da Resi?

Por sinal descordo de ambos os textos, o de Thiago pelo exagero de adjetivos e equivocos e o de Fábio por ser um texto sem qualquer problematização da relação Universidade/Residência.

15 de maio de 2010 às 13:04 DSL disse...

É o seguinte: está no direito da Transa discordar de um texto por ela publicado. Porém, os termos de tal discordância devem ser melhor explicitados. Eis algumas dúvidas pessoais:

É impressão minha ou a Transa afirmou no último parágrafo que o artigo de Thiago não passa de "um sem número de ofensas"? Concordo que as ofensas ocupam um papel central no texto e, consequentemente, devam ocupar um papel importante na crítica ao texto. Mas será que é só isso? Jogando as ofensas fora, espremendo o texto, não resta nada a ser discutido?

Bem, qualquer que seja a resposta da revista, essa Carta Aberta soa estranha.

Se há algum argumento, alguma idéia que não seja PURAMENTE ofensiva, porque ela não foi considerada pela Transa? Percebam que não estou partindo da idéia de que o conselho editorial deve se posicionar a favor de idéias que, realmente, não compartilham. O que estou questionando é o valor que "um sem número de ofensas", no mais vazio de argumentos, teria para o diálogo. O mesmo diálogo que, segundo a Transa, é (ou seria) a única justificativa a para a publicação desse "sem número de ofensas".

16 de maio de 2010 às 11:09 Colégio Jorge de Lima disse...

Não concordo com a forma que Tiago Boludo escreveu o texto, porém admito que foi necessário para levantar a discussão e gerar essa polêmica. O texto de Fábio não serviu nem para refutar os argumentos de Boludo.
O fato de o conselho editorial admitir que ele generalizou, confirma que existe, sim, uma pequena porcentagem de “excrementos”, "sanguessugas" e "criaturas interessantes" na Residência. Se realmente o objetivo da revista, ao publicar o texto, seria “fomentar o debate sobre a relação Residência e Universidade”, eu acho que conseguiu com a publicação do texto “Em louvor da casa”.

PS: Essa opnião é de Elâine e não da Companhia Girassol.

16 de maio de 2010 às 11:44 Ederval Fernandes disse...

Davi, a sua leitura do último trecho da carta é possível, porque, ademais, essa passagem dá margem a isso (aqui de forma heráldica admito o equívoco da sentença não ter sido produzida com a clareza que é necessária).

Porém a maneira "que gostaríamos" que a última parte fosse entendida é bem diferente da sua leitura. Entramos aí naquele seu estratagema da “incomunicabilidade fundamental”.

Com alguma paciência tentarei esclarecer essa passagem (perceba o verbo “tentar”) pela última vez. Isto porque esse assunto me cansa e a sua gratuidade me choca.

A Transa não gostaria que a edição n1 ficasse estigmatizada por esse texto de Thiago (que eu, Ederval Fernandes, julgo de mau gosto) nem mesmo pelo texto de Fábio Deraldo (outro mau texto que não vai além do chavão “temos o direito legítimo” e sequer diz o que diabo legitima esses “diretos”). É isto. Só isto. Não queríamos o estigma do mau texto porque há melhores textos lá sobre assuntos muito melhores do que a relação Residência x Reitoria.

Agora, que todos os textos “enxugando” suas ofensas, suas gralhas, a péssima escrita, a falta de talento, acabem sobrando “as idéias” e que estas “idéias” sejam até certo ponto pertinentes, isto é um fato. Não há texto sem idéia. Pode haver texto sem talento, mas sem idéia, isto realmente desconheço. Desse modo, eu percebo algumas boas idéias no texto de Thiago, e no texto de Fábio Deraldo também. Mas isso não os salva. Não basta. Pra mim não basta.

E se não basta pra mim por que é que eles foram publicados? Pois é, isto eu não sei te responder. Deve ser o ônus de fazer as coisas de forma coletiva.

16 de maio de 2010 às 12:22 Anônimo disse...

Os pontos que DSL levantou são irretocáveis e contemplam as questões levantadas por Paulo e Elaine. pois é. Cadê o debate? Será que estamos todos e todas com medo de pensar fora da caixa? Até quando os nossos discursos vão girar em torno do "aniquilemos o outro" ou "lavo as minhas mãos"?
Antes - na UEFS, em Feira - éramos como aquele trio do "ninguém fala, ninguém ouve, ninguém vê".
Abriu-se então um canal para a comunicação, no sentido de agregar idéias dissonantes, tornar mais amplo o debate, potencializando assim um olhar mais qualificado, sensível sobre a nossa realidade. É a partir desse "se esfregar" no outro, no diferente, naquele feio que não é nosso espelho que somos impulsionados a criar novas formas de viver.
Isso é um ato político, que define toda a nossa existência. E é por conta disso que acho que a Transa e nós também, diante desse potencial, devemos assumir o compromisso com os debates que a sua publicação tem provocado.
“Mesmo quando não estamos muito seguros, somos obrigados a tomar partido: isso não acontece sem hesitações e sem erros” (Simone de Beauvoir)
Não gostei do teor ofensivo de "em louvor da casa". Mas daí a cortar o texto? Não apresentar às pessoas para que elas emitam opinião? Não proporcionar outros espaços para que esse tema assuma enfim um caráter de maturidade?
O texto assumiu uma posição retórica, muito comum no meio estudantil, aliás. Mas, com dificuldade, consegui finalmente dialogar com o texto de Thiago.
E essa leitura fez com que antigas inquietações reacendessem em minha mente. Várias.
Qual tem sido o nosso papel na universidade? Como a gente tem compreendido o sentido de fazer uso da coisa pública? Ora, a universidade é mantida por uma população que até hoje pergunta com receio ao guarda do pórtico se é permitido atravessá-lo, seja do Novo Horizonte ou do Feira VI, em direção ao campus. Que dirá usufruir dos estudos, recursos, espaços que ela oferece.
Como os estudantes têm se posicionado para transformar essa realidade?
É também sobre isso que devem girar os nossos argumentos.
É chegado o momento da Transa parar de se desculpar e assumir o compromisso de fazer o debate continuar.
Vida longa à Transa Revista. Que seja essa uma das alternativas para que a UEFS não se mantenha só viva, mas que também cresça e caminhe.

17 de maio de 2010 às 06:47 DSL disse...

Ederval,

Entendo o cansaço, entendo perfeitamente. Mas preciso me recolocar uma vez mais, para me fazer entender. O que critiquei na Carta Aberta, embora de um modo diferente, se extende às suas considerações. Pois não basta só e tão-somente, neste momento, dizer se o texto é ou não válido, seja pelo viés ético ou estético. Sentenças, por justas que sejam, não estimulam a troca, a transa de idéias.

E se o conselho realmente não vê no texto estímulo senão para, de um lado, revolta e, de outro, vergonha, estigmatização, não há muito mais o que dizer. O diálogo, pelo menos por essa ponta, cessa.

18 de maio de 2010 às 14:16 Daniel Pondé disse...

O texto desse tal de Thiago foi de péssimo gosto. Fui ao lançamento da Revista e ainda lá fiquei assustado ao ler tamanha bobagem.
Acho que a Comissão editorial teria, sim, o papel de "cortar" uma babaquice desta.
Sempre gostei da pluralidade da Transa, mas estou fora se tal pluralidade abranger pensamentos preconceituosos como este, que confunde Direitos com privilégios.
Além do mais é um texto pessimamente escrito, com pseudo trocadilhos e tentativas frustradas de realização de piadinhas que não convencem nem a mãe do autor. A pior coisa é quando o autor de um texto tenta ser original sem ser criativo.
Este discurso de neutralidade da Comissão Editorial é perigosíssimo. Pluralidade e abertura ao diálogo não se confundem com neutralidade nem - o que é pior ainda- com niilismo.

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