Portões de Feira de Santana

Obra de Juraci Dórea


Em 2003 uma argentina veio para Feira de Santana. Seu nome? Nora Dobarro. O que ela veio fazer aqui? Fotografar portões. Portões de ferro. E com isso ela produziu uma mostra que levou cinco anos para ficar pronta, logo, findou-se em 2008. Intitulada “Arte Concreta na Rua: Nora Dobarro”  é composta por 18 fotografias. Ela chama essas peças - já tão invisíveis para nós - de “manifestações de arte concreta”, de fato muitas das residências feirenses não são tão imperiosas, luxuosas e bonitas quanto as suas fachadas, que sem dúvida configuram-se em expressão e trabalho de pessoas que são uma coisa que talvez esteja para além de artistas, são artesãos. Daqueles que fazem tudo com afinco, com suas próprias mãos, e sabem o valor que isso tem. 



Sobre este trabalho encontrei um release da mostra - que estaria na USP na época -  que dizia “A exposição tem o objetivo de provocar uma mudança na valorização cultural do espaço urbano, colaborando com a construção de sua identidade e com a conscientização por parte de seus cidadãos, além de legitimar um fenômeno estético popular. As salas expositivas se encontram repletas de desenhos em painéis baseados nas formas dos portões de Feira de Santana. Segundo a artista, a arte concreta “tem origem nas culturas africanas. Não é por acaso que ressurja no Brasil como um fenômeno popular”. Os visitantes podem conhecer ainda um livro com trabalhos de Nora e um vídeo sobre os serralheiros que constroem esses portões.”  Fonte: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp837/exposicoes.htm

Salvo o engano, existe na Biblioteca Julieta Carteado (UEFS) um exemplar de um livro no qual podemos encontrar todas as fotos realizas por Dobarro na cidade. Abaixo, fotos de uma exposição.







Encontramos ainda  : 
"Arte concreta da rua: Nora Dobarro.
As fotos apresentadas na mostra foram feitas durante as diversas viagens da artista à cidade de Feira de Santana (BA) em 2003, onde ela registra a singularidade de alguns dos portões das casas dos moradores daquela cidade. O olhar de Nora, atento às questões artísticas, logo percebeu a forte noção geométrica presente nos portões e a proximidade que essas formas criadas mantinham com algumas pesquisas realizadas por artistas do movimento concreto. “Com este trabalho desejo promover um debate sobre a estética da arte concreta que se manifesta na Europa, a partir dp início do século XX, e que na minha concepção tem origem nas culturas africanas. Não é por acaso que ressurja no Brasil como um fenômeno popular”, explica Nora Dobarro.

Além das fotografias, nas salas expositivas serão feitos desenhos em painéis baseados nas formas dos portões de Feira de Santana. Os visitantes também poderão conhecer um livro com trabalhos da artista, e um vídeo com reportagens sobre os serralheiros que constroem os portões."  Fonte: http://feaznar.multiply.com/calendar/item/10463


Nora Dobarro é artista plástica, atualmente mora e trabalha em Buenos Aires. Com estudos na Escuela de Bellas Artes Manuel Belgrano – Flores/Argentina. Já expôs em galerias e outros espaços institucionais na Argentina, Colômbia, Chile, Costa Rica, USA, Finlândia, Brasil, França e México. Seu trabalho é o conjunto da plasticidade e ideologia, os quais, para a artista, são elementos inseparáveis do ato criativo.

Uma argentina já andou fazendo o que  nós, feirenses, deveríamos ter feito movidos pelo espírito de valorização do que é nosso, do povo dessa terra formosa e bendita. O que, mais do que qualquer outra coisa, é capaz de nos significar e resignificar e resignificar e resignificar...

3 comentários:

4 de março de 2010 às 04:24 Caio Augusto disse...

Segunda estava conversando sobre Nora, tive muita vontade de conhece-la, uma pessoa de fora vindo e reconhecendo algo daqui, fantástico.
"Foi lá de fora que vi, a importância de ser daqui"

9 de março de 2010 às 07:29 André do Carmo disse...

perfeito
de uma visão extraordinária

13 de março de 2010 às 19:24 Anônimo disse...

Eu assisti a apresentação do trabalho de Nora, fiquei fascinada. Assim que saí do CUCA, comecei a prestar mais atenção em todos os portões. Tentei ver a cidade com um olhar estrangeiro.

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