Minhas comunidades no orkut


Autor(a): Dolores Rodriguez

É claro que acredito que utilizamos as nossas comunidades do Orkut como um utensílio para a auto-afirmação. Não fujo a esse paradigma, mas me propus a procurar outras alternativas: entro em comunidade de artistas com os quais possuo afinidades mas que não são considerados tão óbvios como, por exemplo, Chico Buarque de Hollanda, Caetano Veloso, Novos Baianos, etc. Não me pergunte por que há obviedade nisso embora ela exista e seja inegável, não concordo com a mesma.  É besteira, eu sei, apenas um capricho, outros diriam que estou forçando uma personalidade cult ou intelectualóide mas ignoro esses parâmetros e possíveis estereótipos. 


Como somos tolos, nos apegamos a muitas coisas sem nenhuma necessidade. Até pouco tempo atrás estava numa comunidade intitulada “MAC-Niterói”, mas não era pra dizer que eu já estive no Rio de Janeiro e que tinha conhecido esse museu maravilhoso. Isso pra mim é irrelevante - contar sobre coisas a meu respeito. Não sou muito de revelar-me com tanta explicitação. Estava nessa comunidade porque o Orkut é como um diário ou um memorial, ou indo mais além, outra identidade que a gente assume aqui nesse nível de vivência, a vida virtual. Não há como negar: aqui é um outro planeta, tem uma linguagem própria e a gente vai encontrando nossas formas de sobrevivência como no mundo supostamente real, o de carne e osso. Mas o intuito aqui não é falar de minhas comunidade no âmbito geral mas no âmbito específico. Ei-las: 

1) Comunidade “Vila do Ventura”


Descrição: "Garimpeiros foragidos do município de Lençóis, por volta de 1840 se abrigam nas grotas da fazenda do Cel. Porfírio Pereira próximo a uma cachoeira (hoje faz. Várzea da Cobra) um dos garimpeiros chamava-se Ventura, logo descobriram diamante e carbonato, instalaram um pequeno corte de garimpo sob proteção do Cel. Porfírio e passaram a vender as pedras na cidade de Lençóis, tendo sido o Ventura (garimpeiro) responsável pela venda dos primeiros diamantes, o nome "VENTURA" ficou sendo a referência do local de onde procedia os diamantes, logo em toda a região das lavras este Ventura ficou sendo comentado e assim muitos outros garimpeiros começam a povoar as novas terras promissoras. Sabe-se também que antes do garimpo ser instalado no Ventura, ali já existia algumas casas de enchimento. Entre 1840 - 1864 acontece boa fase de crescimento, edificações e comércio emergente. Entretanto por ocasião da Guerra do Paraguai e o conseqüente recrutamento de boa parte dos homens a pequena vila entra em decadência.”


Passei alguns dias no Ventura, como costumam chamar, foram indescritíveis e memoráveis. Por ter sido uma região muito marcada pela luta pelo diamante, é um lugar envolvido por uma energia meio carregada, energia que é amenizada por haver muita água, rios, cachoeira. Um dos fatos que mais me marcaram foi a indignação dos moradores por ter saído em algumas matérias e ser uma coisa muito veiculada pela mídia, da Vila ser uma cidade-fantasma. Cerca de três ou quatro famílias moram lá e algumas poucas pessoas visitam o lugar por ser de difícil acesso à 34 km, mais ou menos, da cidade de Morro do Chapéu. Uma lenda ronda as pedras do Ventura, os moradores mais antigos dizem que os antepassados que ali também viviam dão avisos através de sonhos para seus familiares a respeito de onde esconderam diamantes na época de ouro do garimpo, ouvi muitas histórias de homens que ao dormirem tiveram um aviso enquanto sonhavam, e depois pela manhã conseguiram encontrar pedras preciosas e hoje vivem ricos em algum lugar da Chapada Diamantina. Alguns grupos religiosos também visitam o Ventura em busca de respostas para questões que nem eles sabem quais são. Uma coisa é certa: ainda voltarei a este lugar e de alguma forma comprarei um terreno lá e passarei muito tempo da minha vida bebendo água da fonte e tomando banho no rio que corre atrás do meu quintal. Muito menor do que a Kalilândia, a Vila do Ventura possui apenas um casarão inteiro de propriedade de Seu Zé de Glória - um senhor inesquecível por muitos motivos mas principalmente por conseguir lidar tão bem com a solidão- , um bar, uma igreja que só abre de tempos em tempos e duas ruas. 

Casarão de Seu Zé de Glória


2) Comunidade “Fazendinha”


Descrição: "Fazendinha -A melhor cachaça da Chapada Diamantina”

Trata-se de um bar e restaurante localizado na cidade de Lençóis. De fato, têm dezenas de sabores de cachaça divididas no cardápio pelo gosto: doce, ácida, amarga... Coco, banana, jatobá, menta, café, chocolate, goiaba, são alguns dos sabores. Como podem ver, têm pra todos os paladares e são divinas. Ao passar por Lençóis não se esqueçam de ir até a Rua das Pedras e procurarem a Fazendinha. Além de se embriagar experimentando todas as cachaças – recomendo também o licor de pimenta- vai se sentir muito a vontade com o ambiente em tom intimista e uma decoração adorável. Bem, quanto à comida nada sei. Sempre ocupo meu tempo por lá tomando as “melhores cachaças da Chapada Diamantina”, além de conversar com os amigos sobre o gato preto que passou na porta e outras coisas importantes.

Parte da decoração da Fazendinha & Tal


3) Comunidade: Muchachito Bombo Infierno 


Descrição: "pa' los q sienten la musica del muchachito bombo infierno!!

esta es la comudidad de este grande de la musica callejera!” 

É uma banda espanhola que me encantou pela sonoridade e pelo sotaque e voz do vocalista que, além de ser muito envolvente, é interessante pra mim, estudante de letras com língua espanhola, perceber algumas variações e outras alternativas de uso da língua que não são ensinadas dentro da academia. 

Abaixo um vídeo da banda: 

2 comentários:

12 de março de 2010 às 06:44 Marvin disse...

hahaha
Vila do ventura:
Deu até saudades de minha terra natal, que larguei pra vir morar nesse inferno de Feira de Santana, me perdoem os feirenses, mas nunca vou me acostumar com essa cidade insensivel e individualista.
Lembro dos dias que passava no Ventura, seu Zé de Glória ainda não morava lá, se mudou tem pouco tempo, mas sem duvida é uma figuraça, lembro das simpatias que ele me contava, seja pra q fosse, sempre envolvia a peça intima de uma meretriz, como o mesmo dizia. hahaha
O legal era q eu nem levava barraca nem nada, sabia q quando chegasse lá alguem me acolhia, e era dito e certo, havia no tempo Shaya, uma das moradoras de lá, hj tá em SSA, sabe deus pq.
=/ mas sempre ia pra casa dela, há uma parede na enrada da casa dela, com os nomes dos visitantes, e fala sério, já viu água mais gelada que aquela da cachoeira do Ventura??
Morro do Chapéu tem muito mais!! \o/

Qnt a (in)utilidade das comunidades do orkut, só se deve aos usuarios, e sobretudo moderadores, odeio entrar em alguma onde vejo de cara um monte de joguinho idiota, acredite, muitas ainda servem para manter discussões bacanas, mas concordo com a autora quando diz q são utilizadasmais para auto-afirmação. =p

Bom texto, obrigado pela sessão nostalgia.

12 de março de 2010 às 07:00 Maria Dolores S. Rodriguez disse...

Shaya!!!!
Esqueci de falar dessa mulher adorável e incrível! Quando fui ao Ventura a conheci e conheci sua casa , seus livros, seu filho e sua excêntrica culinária - se é que você sabe do que estou falando - brigadeiros e farofas no mínimo alucinantes! Rs

A água da cahcoeira do Ventura é inesquecível, a mais gelada da Chapada, com certeza!

Muito bacana, Marvin! Morro do Chapéu é uma maravilha, ainda bem que é um pouco esquecido pela indústria do turismo na Chapada Diamantina e infelizmente desvalorizado por muita gente por isso.

Cem anos do Morro, cidade-mãe!

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