Duas rodas pela cidade

| por Caio Augusto |



Quantas vezes você, em sua caminhada diária para o trabalho, faculdade, escola, cursinho ou em um simples passeio por Feira de Santana, nunca ouviu uma buzina de moto? Mulheres ficam na dúvida se é um daqueles caras que utilizam o seu transporte para dar em cima delas, homens olham pensando ser o “broder”. Mas, na maioria dos casos, é simplesmente um motoboy na ânsia de conseguir uma corrida pelo caminho de volta ao seu ponto.

Para aqueles que não possuem uma bicicleta, uma moto ou um carro, o motoboy é o transporte mais eficaz em caso de atraso. Me utilizo muito desse recurso, pois várias vezes acordo a beira da hora de estar no trabalho e só quem salva meu cartão de ponto é um deles. Pela facilidade como são encontrados por ai, me fazem nem querer passar pelo transtorno de ir ao transbordo, então troco o forçado passeio turístico pela agilidade do caminho direto para casa.


O engraçado é que quando mais se precisa deles, mais difícil se torna encontrar um. Você liga para aquele conhecido e descobre que ele está numa corrida rumo ao Fraternidade, te forçando a andar metros e metros até um ponto de motoboy, sendo a maioria deles perto de uma barraca de acarajé, de um trailler de esquina, de um bar ou de uma farmácia.


Seres bastante prestativos com as mulheres, adoram colocar o capacete nelas e fechar a trava. Mas o mais incrível é o tipo de barganha que se pode conseguir com eles:

Passageiro (Nesse momento localizado no Tomba):
– Vou lá pro Xop’Iguatemi, quanto fica?

Motoboy:
– Fica 8 real.

Passageiro:
– Só tenho 3.

Motoboy:
– Sobe aí!

Já ouvi muitos casos estranhos envolvendo motoboys e passageiros, pessoas sendo chamadas de traficantes, meninas sendo expostas às suas genitálias e outras bizarrices. Acho que cada um deve ter a sua história, estranha ou não. São pessoas bem peculiares, adoram puxar conversa, falar de acidentes com outros motoqueiros, reclamar do carro que deu uma fechada há pouco, como se já fossem velhos amigos. Falam até de suas “relações amorosas”! E se você tem o costume de ligar para algum sempre, aí que a relação passa a ser familiar. Não é mais necessário dizer o caminho, ele já sabe de cor. Pergunta da sua família, da sua namorada, quer saber até por que não o procurou há cinco dias, enfim, se torna membro da sua rotina.

Particularmente, acredito que a cidade é beneficiada por tais sujeitos, pois ajudam a tornar tudo muito mais ágil e dinâmico. É um dos fatores que levam Feira a ser uma boa cidade para morar. Em Salvador raramente se encontra algum e isso me deixa completamente perdido com todos aqueles ônibus e as taxas de taxi da capital. Aqui não! Todo lugar é fácil de ir, basta ter uma informação do caminho, andar um pouco, ouvir uma buzina e barganhar uns trocados.

2 comentários:

13 de fevereiro de 2010 às 15:46 Unknown disse...

Entusiasmado e satisfeito, após vê-la, digo que tenho em minhas mãos um exemplar da Transa, zero
Ainda em busca de símbolos próprios seus, instintivamente procurando habitar casas - que sejam mais generosas, maternais, anômicas: a Senzala, a Nova Consciência.; belo e sintético na anticonchinha que Dolores produziu para a capa.
E principia por uma entrevista giratória, fantástica, imagino que só crianças poderiam algo mais profícuo ou diverso.
Como Eder propõe da posição que lhe cabe tão bem, acertada no gesto iniciático abertamente livre, saiu para aprender, foi pra vida.
Seria selvagem, mas a Revisa tinha um plano na cabeça. Quer trazer à tona o que ela é e sabe dentro, fundo. E sai dizendo sim e dizendo não. Sou; não sou. Enquanto faz às vezes de revista, veículo de comunicação terrestre.
Sua cabeça e desejos juvenis vêm a lume definir-se-nos, l i t e r a l m e n t e.

Saudações amigos,
Heraldo.

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