40 anos

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1970 é recheado de acontecimentos importantes. Foi por exemplo o ano do tri, quando a mais imbatível de todas as equipes canarinho ergueu a taça da copa do México. Nele também os Beatles acabaram e Jimi Hendrix afogou-se em seu próprio vômito.  Durante o ano a Apollo 13 subiu aos céus (e quase não volta) tentando chegar à Lua, sem sucesso. Outras milongas aconteceram, mas busquei aqui dedicar atenção especial ao mês de fevereiro de 1970, quando é lançado Black Sabbath, disco importantíssimo para a história da música popular contemporânea, que nos apresenta ao lendário grupo britânico e à sonoridade que se convencionou chamar posteriormente de Heavy Metal. Alguns atribuem ao Zeppelin, aos Yardbirds ou a outras bandas da época a paternidade do Metal, mas este subgênero da música só vai ser encontrado em todos os seus meandros no disco de estréia do Black Sabbath. Temas ocultistas, vocais angustiantes e um peso desconhecido até então definem as seis faixas do álbum. 


O disco foi confeccionado como outros daqueles anos: pouco dinheiro e algumas horas de estúdio, ao vivo. O resultado final de doze horas de gravações é impressionante, sobretudo quanto às guitarras de Iommi. O mentor da banda é responsável pela afinação do disco, muito mais grave do que o habitual, mesmo para o Rock. As razões para tanto são bastante inusitadas: Iommi possui mutilações nas pontas dos dedos que o obrigam a deixar as cordas da guitarra mais frouxas.  O que seria um entrave acaba inaugurando o estilo utilizado por toda uma linhagem posterior de músicos. 

Os densos riffs de Iommi formam um ótimo par ao lado da estranha voz de Ozzy. Faixas como Black Sabbath e N.I.B são exemplos de como o conjunto funciona bem, como consegue harmonizar as inovações de voz e guitarra com a excelente “cozinha” de Butler e Ward, mesmo num momento de franco experimentalismo como o que viviam. Prestem atenção em quão sombria é a faixa de abertura e o seu insistente sino a badalar, por exemplo. A tônica da faixa é espantosa, talvez única.


Hoje a sonoridade engenhada pelos veteranos do Metal encontra-se repartida em mil pedaços. Todos os que se aventuraram dentro das vertentes mais pesadas do Rock, de uma maneira ou de outra, foram e continuam sendo influenciados pelo Black Sabbath, que, aliás, continua ativo. Tony Iommi, genial riffmaker, depois de dezenas de álbuns e centenas de linhas de guitarra, ainda consegue resultados maravilhosos, como o recente The devil you know, disco do Heaven and Hell (Black Sabbath com Dio nos vocais), lançado em 2009.

A história do grupo, depois dos lançamentos de 1970, Black Sabbath e Paranoid, é repleta de altos e baixos, brigas e reconciliações. Discos geniais foram gravados esporadicamente, ladeados por realizações medianas e outras sofríveis.  Mas nos ateremos ao essencial: o fato, caros leitores de Transa, é que o álbum da estréia em 1970 continua um referencial, onde os quatro cabeludos de Birmingham conseguiram mesclar Blues e Rock a elementos inovadores que fundaram um veio musical muito extenso e que não se esgotará tão cedo. Recomendo, quarenta anos depois do disco, que o escutem com urgência! 



Luciano Penelu é graduado em Letras com Inglês pela UEFS.

1 comentários:

19 de fevereiro de 2010 às 12:55 Unknown disse...

Viva o Sabbath! Grande texto Lucci, continue a romper os desafios, alinhe em tudo usando tempo e abusando da disciplina. Como disse, gosto mais deste texto que a descrição da Wikipedia!

Força à todos da Equipe da Transa!

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