Estou do outro lado da linha


Chegar por último é uma barreira dos nossos tempos. Eu, no entanto, sinto – neste caso – uma espécie de orgulho por ter “chegado por último”. Fui a última a adentrar o conselho editorial da Transa Revista e isso me possibilitou uma visão diferente, talvez mais ampla. Daí o sentimento de brio.

Da minha janela eu vejo Feira de Santana.

E por ter aceitado estar na Transa, pensando e fazendo em equipe - o que já é particularmente penoso pra mim (nada mais natural para quem é virginiano e assumiu, além de outros, o papel de fotógrafa na vida) - é que estou aqui dizendo como eu encontrei esses cinco moços que tinham uma idéia na cabeça e como cada um entrou ao seu modo e à sua hora.


Mesmo de fora da revista eu já sabia que ela era de alguma forma minha, como hoje é sua e de quem mais esteja disposto a transar para gerar rebentos que, como diriam os Novos Baianos, nos coloque no mundo.

Tudo isso pode soar contrário à minha fala no dia do lançamento onde, sem muita intimidade com o microfone, eu disse que era muito fácil pra mim o fato de estar na revista como diretora de fotografia, pois eu fotografava o meu universo. Isso pode até ser verdade; porém, como membro da Transa, afirmo que não pretendo propor verdade nenhuma, e no fundo não tenho muita certeza disso.

O impulso de falar sobre o fato de eu ser a única mulher no conselho também me acometeu, afinal as minorias também são uma barreira dos nossos tempos. Até apostaria na relevância desse fato, mas resolvi deixar pra lá.

Hoje, além de muitos, somos seis – e aqui estamos.

3 comentários:

19 de janeiro de 2010 às 20:02 Anônimo disse...

Maria, a tua presença, esse relato aqui, o teu olhar e, com ele, os seus registros provocaram sentidos, sim. Fico à vontade para dizer isso. Diante de um universo em que, infelizmente, "toda nudez é castigada", acredito que a edição número zero abriu uma janela importante para que muitas pessoas falem, ouçam, vejam, desnudam-se e...concebam, enfim. Fica aí esse exemplo pra nós todos (ops! e todas) de que podemos pensar e criar "novas formas de ser e de viver", partindo de iniciativas despojadas, sem reprimir o outro em sua inquietação e indagação sobre o mundo. E o aspecto visual da Revista está em sintonia com essa proposta - que há muito já não era de poucos, tanto na UEFS, como fora dela. Que transa bonita aquela que vimos, "de cara", na capa! Fiquei enternecida, desarmada. E, cada vez mais em liberdade, acredito que não há razão para ser contrário o sentimento, desde que nos leve a olhar mais fundo (olhar mais aguçado) para dentro de si e para o universo à nossa volta. Bem...são esses os meus sentimentos sobre as imagens, e que se estendem para todos os diálogos que a Revista proporciona... Eu me enxerguei na Feira, na Revista, quando pude conferir o fim-começo desse bonito trabalho.

19 de janeiro de 2010 às 20:04 Anônimo disse...

ah...seguindo a dupla personalidade de João Daniel, sinto-me na condição de dizer: Osvaldo há um bom tempo se tornou Lorena, rs.

21 de janeiro de 2010 às 12:05 M. Correia disse...

'Da minha janela eu vejo Feira de Santana'

Ah, essa janela...

Postar um comentário