Transa, o nome.

Pra ser sincero, não temia um mau nome. As sugestões eram ruins, é verdade, as opções eram poucas, o tempo encurtava, mas de certo modo pairava no conselho editorial uma calma (irmã da convicção) de que o melhor nome viria na hora certa, de maneira displicente, como acabou sendo mesmo dentro da obviedade de tudo: andávamos eu, Davi Lara e Maurício Correia em direção ao Restaurante Universitário, e para amenizar nosso descontentamento em tomar aquela sopa fria de arroz que nos aguardava, brincávamos com as corruptelas de “Transeúntica”, sugestão dada pelo intrépido poeta/compositor Lima de Sá, a pedido de João Daniel, que nos convencera de que Lima era um gênio em nomear publicações – Jornal Artifício (do D.A. de Letras) viera deste.

Não me lembro exatamente quem chegou em “Transa” (creio que tenha sido mesmo Davi Lara; o próprio, bem como Maurício Correia, também crêem que sim), mas tenho a impressão de que nós três concordamos imediatamente de que se tratava do melhor nome àquela altura. Meu entusiasmo era tanto que engoli a deliciosa sopa do R.U. sem as caretas habituais. O sorriso era largo. Tínhamos achado o nome. Faltava submeter ao conselho.


No começo, o único que se mostrou reticente a ele foi João Daniel, mas sua posição era clara: “se todos optarem por Transa, não vejo problema”. Na mesma época ele havia sugerido o pirotécnico nome “Garrafal”, que, pelo inusitado, tinha ganhado a minha simpatia também.

Quando Caio Augusto apareceu com a marca, com o “a” e o “n” colados, e a mudança definitiva de Revista Transa para Transa Revista, vi que o nome já era uma realidade tão palpável quanto uma folha de papel e que o Conselho estava rendido a ele. Amigos mais próximos, a quem fomos aos poucos confidenciando o nome, acharam-no bastante adequado ao tipo de jornalismo que tencionávamos imprimir. E assim ficou.

Acho que o maior embaraço que o nome me criou foi o de revelá-lo a minhas avós. Uma, tentando burlar o constrangimento, perguntou: “Trança?”. “Não, vó. Transa”, respondi. Ela, ruborizada, deixou escapar: “isso na minha época daria problema”.

1 comentários:

4 de janeiro de 2010 às 05:20 Paulo Moraes disse...

Eder, sempre genial!

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